31 de março de 2017

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O Regresso

Pôster


Responsável pelo tão aguardado e icônico primeiro Oscar da carreira de Leonardo DiCaprio, O Regresso, mais do que um atribuinte do prêmio mais cobiçado do universo cinematográfico a um dos mais brilhantes e formidáveis atores da atualidade (e da história, por que não?), provavelmente está entre os melhores filmes de 2015 e com certeza não será esquecido tão cedo.
Adentrando em seus primeiros minutos um terreno impiedoso, brutal e cruel que será predominante ao seu correr, o longa, marcado por sua violência e sanguinolência, se sobressai, já em seus princípios, por características que o acompanharão durante toda sua trajetória. Sequências extensas sem cortes, fotografia exuberante e uma ambientação gélida e inóspita são alguns dos diversos aspectos que constituem os primórdios da película e já demonstram a magistral direção sob a qual foi concebida. Conduzido pelas cuidadosas, hábeis e pontuais mãos de Alejandro González Iñárritu, primeiro diretor mexicano a ganhar dois Oscars consecutivos (Birdman e O Regresso), seu impecável e excepcional trabalho é ainda mais realçado consoante a sua obstinação e determinação ao procurar o melhor resultado possível para o filme, quesito notável ao se observar os inclementes  locais de gravação e as provações pelas quais os atores tiveram de passar para poderem desempenhar as suas melhores performances. Tendo de enfrentar temperaturas extremas e outros dos mais variados empecilhos para se conseguir naturais, belas, reais e marcantes paisagens para seu longa (o que justamente concedeu o Oscar respectivo a Emmanuel Lubezki de Melhor Fotografia) que são, muitas vezes, conciliadas a esplêndidos e fantásticos planos abertos enaltecidos por uma natural e mágica iluminação, González tem sua genialidade mais uma vez destacada perante as passagens contínuas que carregam um grau de maior dificuldade de regência e necessitam de um empenho mais acentuado dos atores. Ao já ter registrado sua marca em obras-primas como Babel, 21 Gramas, Amores Brutos e Biutiful, além do já citado Birdman, Iñárritu tem sua destreza novamente ratificada em O Regresso e prova que não é só mais uma promessa, mas sim uma das maiores preciosidades do cinema atual que se encontra atrás das câmeras. Vale ressaltar todos os outros e relevantes membros da equipe técnica que, sem o apoio dos mesmos, esta admirável produção nunca poderia ser o que é.
Baseado em fatos, o longa explora o absurdo e a mais pura realidade simultaneamente, deixando o espectador na dúvida, durante variados momentos, se o que se passa na tela é realmente verídico. Sangrento, violento e nada misericordioso, O Regresso, salientando os aspectos citados, presenteia o público com uma insana, acirrada e angustiante luta entre um humano e um urso, apenas algumas das muitas passagens de semelhante teor e que se destacam com maior notoriedade. Com certeza um dos pontos altos do filme é nos fazer sentir pelo personagem, nos apiedarmos de seu sofrimento e angústia, principalmente, além dos fatores enaltecidos, por conta do relacionamento protetor e bastante próximo deste para com seu filho que ocasiona muita dor e revolta. Ainda referente ao protagonista em si, vale ressaltar seus conflitos pessoais e seu passado que não nos são apresentados à toa. Corroborando à agonia da tela, a maquiagem e os efeitos visuais não fazem feio, pelo contrário, enfatizam ainda mais a belíssima plástica do trabalho cinematográfico e extremamente bem característico. Abordando com sutilidade questões acerca de preconceito, confrontos entre distintas etnias e disputas por determinados objetos que também servem como meio de sobrevivência, um pouco a respeito dos indígenas (que, sob certas perspectivas, podem saturar o texto, mas nada que chegue a pesar de forma demasiado negativa) e a exploração que estes sofreram ao longa da história, este entrecho, mais que uma jornada de vingança, é uma luta pela sobrevivência onde o limite e o íntimo do ser humano é posto à prova, tudo alavancado por uma implacável perseverança e um intuito de aço que lhe serve como forte motivação para viver. Falando em motivações, estas são todas bem consentâneas e convincentes, até mesmo as dos ditos "vilões".
Sustentado pelas versáteis, grandiosas e estupendas atuações dos atores, a película exige bastante de seu elenco, principalmente de DiCaprio que teve de passar por duros sacrifícios (como todos) para sua consagração, esta mais que justa conforme sua volúvel, inigualável e extraordinária performance. O nome de Tom Hardy, indicado a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante e igualmente presente em outro premiado e concorrente filme do ano (Mad Max: Estrada da Fúria), não pode ser esquecido, similarmente por seu belo desempenho e sua carisma de sempre (mesmo sendo um antagonista um tanto quanto chato e incrivelmente odiado). Ademais, considerando o vencedor da respectiva categoria que o desbancou (Mark Rylance [Ponte dos Espiões]), a vitória de Hardy seria merecida. Englobando não somente estes dois personagens, o longa realça a importância de todos os coadjuvantes e opositores do protagonista, sempre impulsionado por um ritmo incansável e frenético. Apesar da extensa duração, a película, ao mesclar harmonicamente diversos gêneros, consegue se inovar, não se tornar repetitiva e nem enjoar o espectador. Embora muitos considerem o terceiro ato arrastado demais, o considero perfeitamente equilibrado e dosado em todos os sentidos.
Em suma, O Regresso é uma película que se aventura por um mundo selvagem e hostil, essencialmente confeccionado e primoroso em todas suas pontuais tentativas, sem dúvidas as 12 indicações ao Oscar são devidas e a estatueta de Melhor Filme teria sido mais que justificável.
Matheus J. S.

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 4 de fevereiro de 2016 (2h 36min)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson…
Gêneros: Faroeste; Aventura
Nacionalidade: EUA

Avaliação:
IMDb: 8,0
Rotten: 81%
Filmow (média geral): 4,1
Adoro Cinema (usuários): 4,4
Kontaminantes (Matheus J. S.): 10

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