15 de dezembro de 2017

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Dunkirk

Pôster


Filmes de guerra preenchem um gênero cinematográfico que já abordou os mais variados conflitos, seja a icônica Guerra do Vietnã, a sangrenta Grande Guerra, A Guerra da Coreia, os campos diplomáticos da Guerra Fria e, possivelmente a mais explorada como também a mais fatal, a Segunda Guerra Mundial. Tendo sido destrinchada de cabo a rabo, confronto a confronto, por documentários a séries milionárias, mais um longa em tal cenário certamente tem algo novo a oferecer, certo? Talvez, mas definitivamente este não é o caso de Dunkirk.
Dirigido e roteirizado por Christopher Nolan, três dos principais equívocos da película se encontram no próprio script, isto é, a ausência de uma diretriz, a falta de sensibilidade ao estabelecer vínculos entre o espectador e os personagens e a ausência de fatores genuínos ao que se passa em tela. Ou seja, Dunkirk, em sua pretensão de ser mais do que é, divide sua trama sob três perspectivas, as quais nenhuma consegue engajar o público. Quando no ar, se torna maçante consoante seguidas tomadas muito similares, quando em terra, desinteressante conforme o personagem em foco que não incita o espectador a sua luta inverossímil pela sobrevivência e, quando no mar, monótono e pouco convincente às tentativas de atribuir um arco individualmente dramático seja às quaisquer das figuras. Seria Dunkirk uma estória de resistência ou sobre os horrores da guerra? Poderia ser, não fossem os aspectos de tão pouca autenticidade: os ambientes são límpidos, não há caos, sangue, vísceras ou sofrimento, nem degradação física, martírio com os acontecimentos acerca, assíduas batalhas pela vida ou reticência para com um possível futuro negativo, bem como as investidas alemães são demasiado atenuadas e simplificadas a exíguos ataques aéreos. Então seria um filme sobre a coletividade e esperança? Também não, já que, quando trabalhando em conjunto, os personagens são artificiais, não demonstram espontaneidade ou veemência em suas ações, enquanto igualmente o são letárgicos para com possibilidades esperançosas, mas não como consequência da contenda, mas sim uma letargia que reflete o enredo ineloquente.
Dentre suas muitas tentativas de emplumar o frágil entrecho, Dunkirk aposta numa narrativa não-linear que pretende ser mais inteligente e instigante do que é, acarretando apenas em frustrante confusão. Outro fator que ratifica a presunção do longa é visível em sua concepção de tela que constantemente se alterna entre dois formatos distintos, sem nenhum propósito de maior relevância. Também se deve ressaltar que os nazistas não tomam forma, o que procura estimular a imaginação do público, porém falha, pois, mediante os arcos pouco envolventes, o espectador se porta indiferente às jogadas do roteiro que buscam, com insucesso, tornar a película mais empolgante. De similar modo, poucos são os diálogos, recurso de menor uso que tem como objetivo trazer à tona emoções evocadas pelas imagens, o que também é errôneo, já que as imagens não impactam e qualquer mensagem que o filme possa querer passar se perde em sua vaga confecção. Ademais, corrente a trama segmentada e alheia para com seus protagonistas, os atores não têm muito espaço para atuar, como é o caso de Tom Hardy, um magnífico artista que, além do tempo reduzido, tem seu talento desperdiçado num papel que não dá liberdade a expressividades.
Apesar de seu início tenso, agressivo e promissor, Dunkirk logo se perde, todavia, também acerta, mesmo que minimamente. Em outras palavras, o longa se encarrega de uma trilha sonora forte e contagiante, de determinadas sequências angustiantes e bem concebidas geralmente relacionadas à água, de passagens ágeis inteligíveis e de um visual bonito e contundente às paisagens que deseja ilustrar, fazendo-o de tal maneira a abranger as mais diversas locações por meio de planos gerais, como o mar, a praia e até mesmo a cidade e as colinas ao longe.
Em suma, Dunkirk é inconsistente para com suas propostas, disperso para com seus personagens, apático para com a delicadeza de suas situações e que nada acrescenta ao gênero ou valoriza o quê o mesmo tem de melhor a oferecer.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 27 de julho de 2017 (1h 47min)
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Fionn Whitehead, Mark Rylance, Tom Hardy…
Gêneros: Guerra; Histórico; Drama
Nacionalidades: EUA, França, Reino Unido e Holanda

Avaliação:
IMDb: 8,2
Rotten: 92%
Metacritic: 94%
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,1/3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 2
Avaliação

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