Confrontos armados e presentes sob uma árvore
são circunstâncias que contrastam de forma bastante antagônica e peculiar,
agora os imagine em conjunto tendo como palco ambientações fúnebres e a
Primeira Guerra Mundial como cenário. Certamente é uma visão exótica, todavia
Feliz Natal não é um filme convencional como pedida para o fim de ano.
Tendo como principal destaque as reflexões
impostas acerca da humanidade, armistício, paz, amor ao próximo, proliferação
do bem-estar e a priorização do coletivo em prol de uma trégua que vai contra
os instintos básicos de uma guerra, Feliz Natal, mais que tudo, é um otimista e
esperançoso retrato das façanhas positivas que o ser humano pode alcançar,
mesmo sob uma situação tão mortal e impiedosa quanto a de 1914, que ganha ainda
maior sublinho visto que a produção é baseada em fatos. Para tal, não utiliza
de diálogos expositivos, mas sim imagens de harmonia que corroboram sobre o que
foi dito acima, além do longa usufruir da comicidade como meio para confecção
da atmosfera descontraída e despretensiosa, comicidade que brinca com o embate entre
as nações e as desconfianças de se confraternizar com o inimigo. No entanto,
considerando que tal desenrolar se dá a partir do segundo ato, o primeiro, ao
abordar as contendas na “terra de ninguém”, poderia ter sido ainda mais
visceral e sangrento, o que iria aderir um maior peso a união posterior, embora
a opção da violência mais acanhada possa ser justificada perante os intuitos de
clemência da película.
Outros pontos de notoriedade, diz respeito à
forma com a qual escoceses, franceses e alemães são apresentados, todos como
humanos conflituosos onde nenhum lado é antagonizado, há não ser seus
superiores políticos que, apesar de nunca tomarem forma, são os causadores da
gigantesca batalha e estão sempre subtendidos, levando o espectador a ponderar
acerca daqueles soldados inocentes que lutam uma guerra pela qual não são
responsáveis. Ademais, as melodias tocadas pelos combatentes realça o senso de
solidariedade e compaixão e possui maior delicadeza e evidência que a própria
trilha sonora, enquanto, em contraparte, há uma apreensão incessante corrente
uma disputa iminente, apreensão que se exalta consoante determinadas figuras de
estado oscilante e a obvia adversidade de interesses e mentalidades
(provavelmente nem todos concordaram com a união para com o oponente).
Feliz Natal, entretanto, também é muito
inconsistente. O filme não é tão emotivo quanto poderia ser, o público
compreende a sensibilidade do que se passa em tela, porém não se comove. Embora
comece muito bem, apresentando perspectivas e reações distintas sobre o estopim
da peleja, o longa se perde, principalmente, na ênfase dos arcos individuais
destes personagens. Isto é, a dosagem com a qual os mesmos recebem atenção não
é equilibrada, além deles não possuírem o mesmo volume enternecedor e dramático
e a mesma capacidade de fisgar o assistente, se o longa priorizasse
constantemente o conjunto, certamente o resultado seria melhor e mais compacto,
já que o ritmo da película não se estabiliza conforme o maçante enaltecer de um
romance frívolo que ocupa grande parte do espaço narrativo e rende saturados
segmentos que poderiam facilmente ser enxugados. No mais, um sutil plot que tem
como alicerce o luto, é brilhantemente desenvolvido e quase que compensa a
trama do casal fútil há pouco ressaltada, este que investe mais no silêncio e na
magnífica performance de Steven Robertson na pele de um soldado que se torna
gélido e amargurado como consequência da perda de um ente querido.
Feliz Natal é instável e não se encarrega do
impacto que poderia, mas é divertido, avulta o espírito natalino e possui uma importante mensagem.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Alemanha): 24
de novembro de 2005 (1h 55min)
Direção: Christian Carion
Elenco: Diane Kruger, Benno
Fürmann, Guillaume Canet…
Gêneros: Drama; Guerra; Histórico
Nacionalidades: França; Reino
Unido; Bélgica; Romênia; Alemanha
Avaliação:
IMDb:
7,8
Rotten:
74%
Metacritic:
70%
Filmow
(média geral): 4,2
Adoro
Cinema (usuários): 3,7
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
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