17 de dezembro de 2017

Kontaminantes ☣ , Sam Was Here , Filmes , Suspense-filme ,

Sam Was Here

Pôster


O clichê com certeza é um vício que acaba por estragar muitas produções, seja pela preguiça do roteiro, por ser a única escapatória visível ou, muito provavelmente, por ser algo que algum outro filme já fez sem o próprio diretor saber, afinal, este mundo é gigantesco. No entanto, é simplesmente admirável quando um longa consegue fugir do previsível e apresentar uma proposta empolgante que surpreende e incita reflexões ao espectador, e Sam Was Here o faz com maestria.
Arrojada e peculiar, a película não se limita a explicações e se caracteriza, principalmente, por sua magistral execução de mistérios. Para se compreender, o magnífico trabalho na construção de ambientações e cenários deve ser ressaltado, ou seja, Sam Was Here é brilhantemente imersivo na confecção de suas desérticas paisagens ariscas e calorosas reiteradas com tons amarronzados e o enfoque mediante planos gerais que ratificam a percepção da vastidão de isolamento e inospitalidade, o que é acentuado com a ênfase em casas abandonadas e dispersas, mas refutado com a atenção voltada a locais de aparente ocupação que se mostram, no momento, curiosamente devolutos, todos fatores que convergem para confecção de seu instigante suspense, arrebatadora tensão e estimulantes questionamentos sobre o público.
Visto que a trama é inteiramente interpretativa e subjetiva, destacam-se determinados objetos que corroboram a estranheza do enredo, mas é de indiferente percepção de Sam, como o urso que o mesmo mantém como passageiro e leva sempre consigo ou o fato dos personagens que gradativamente aparecem estarem sempre mascarados e o protagonista não demonstrar interesse pela identidade das respectivas figuras ou diligência com o porquê das faces ocultas. Tais incógnitas atribuem certo caráter onírico ao entrecho que se vê corroborada com uma surreal e constante luz vermelha fluorescente no céu e a música-tema que eleva a atmosfera psicodélica.
A opção de não dar rosto e falas a maioria dos personagens cria um envolvente clima enervante que se perde com a aparição de uma senhora tagarela e de rosto nu que também quebra grande parte da apreensão que havia se criado, ademais de seu contínuo lamurio ser um tanto quanto caricato e forçado. Felizmente os 10 minutos finais retomam a crescente sensação de inquietação e enigmas que começava a se diluir, sendo estes os detentores dos momentos mais bizarros, aterradores e intrigantes do filme.
Minimalista, de baixo orçamento, curta duração (75min) e elenco reduzido, o longa usufrui com exemplar sabedoria dos recursos disponíveis, dentre estes e o mais importante, Rusty Joiner, o Sam da estória. Único ator a ter sua face descoberta (claro, além da velha sacal), o longa se sustenta em grande parcela de seu talento e expressividades, conseguindo a simpatia do público e sendo versátil nas facetas receptivas, confusas, assustadas, atônitas e inflexíveis de seu personagem. Aliás, as lutas físicas que o mesmo tem de enfrentar para sobreviver merecem realce, já que o ator mais uma vez é bastante consentâneo em sua performance e o roteiro se mostra eficaz ao deslanchar toda sua agressividade nas horas devidas, provando que esta é sim é uma película violenta de assuntos densos e, acima de tudo, um sangrento labirinto que pode ser interpretado como uma jornada de justiça e autodescobertas.
Sam Was Here é inventivo, complexo, provocativo e inteligente, uma boa pedida para o fim de semana e que te fará pensar.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (mundial): 9 de setembro de 2016 (75min)
Direção: Christophe Deroo
Elenco: Rusty Joiner, Sigrid La Chapelle, Rhoda Pell…    
Gêneros: Mistério; Terror; Thriller
Nacionalidades: EUA e França

Avaliação:
IMDb: 4,5
Rotten (audience score): 15%
Filmow (média geral): 2,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
Avaliação

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