18 de dezembro de 2017

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Um Homem Chamado Ove

Pôster


O cinema sueco geralmente é associado ao nome de Ingmar Bergman (O Sétimo Selo; Morangos Silvestres; Persona...), influente cineasta conhecido mundialmente e o principal nome do país vinculado ao âmbito cinematográfico. No entanto, muitos se esquecem que a respectiva nação também é frutífera em seu cinema contemporâneo, como Um Homem Chamado Ove comprova.
Delicado para com suas mensagens e tocante em sua confecção, o filme tem como protagonista um idoso amargurado com a vida que não tem mais lugar no mundo, como é ressaltado durante vários momentos alegóricos que contrapõem perspectivas de épocas distintas. Considerando que a partir deste gancho o longa toma rumo e a comicidade se caracteriza como um de seus marcos, a película faz uma brilhante representação da melancolia nas inúmeras tentativas de suicídio de Ove, mas atenua as situações com os esforços sendo sempre hilariantemente falhos, mesclando drama ao lúdico. Ademais, a melancolia é realçada com o forte sentimento de luto intrínseco ao Ove, este ratificado pelas constantes visitas ao túmulo de sua mulher e as frequentes menções a mesma.
Qualificado igualmente pelo desenvolvimento de relacionamentos, Um Homem Chamado Ove, mediante funcionais flashbacks e uma narração em voice over do protagonista que esclarece muitas coisas, se aprofunda nas relações de Ove para com seu pai, sua esposa (que, conforme a forte presença dela nas lembranças é atribuído um peso maior a sua ausência no presente) e, no agora, para com os recém-chegados vizinhos. Todas relações que colaboram para modelar a personalidade de Ove e o influenciam diretamente, visto que este é um filme sobre um homem turrão e ranzinza consequente de seu histórico de martírios, o qual muitos dos espectadores irão se identificar, investida que faz com que o assistente se contagie com o personagem mesmo ele sendo ruvinhoso. Todavia, também é uma estória de bondade, que acentua conceitos como amizade e afeição e ratifica que todos merecem uma segunda chance e ser amados.
Ainda referente ao caráter rabugento de Ove, tais atitudes ranhetas concebem os momentos mais jocosos do longa, estas desempenhadas com contundência por Rolf Lassgård no presente, enquanto nos flashbacks Filip Berg se responsabiliza pela interpretação de um Ove mais tímido e introspectivo. Focando em aspectos técnicos, a maquiagem fez por merecer sua indicação ao Oscar e as cores vívidas em sintonia com uma trilha sonora alegre e divertida dialogam com a sensação de esperança mesmo nas passagens mais trágicas. Por falar em esperança, a transformação de Ove consoante os novos vizinhos é simplesmente espetacular, a forma como os mesmos trazem sorrisos de volta a face carrancuda do velho, o deixam ponderar novamente sobre a felicidade e o fazem encontrar a si mesmo, a película também é, acima de tudo, sobre um homem e seus demônios, uma jornada de rendição para consigo mesmo, aceitação e enfrentamento, sutilezas meticulosas do roteiro que levam o público a refletir sobre a vida e se encarregam de segmentos enternecedores.
Ao correr do turbilhão de eventos, o enredo ainda arruma tempo para fazer certa crítica a companhias e empresas privadas, o que pouco corrobora ao entrecho, se resolve de forma demasiado positiva e não causa impacto, visto que a alfinetada destoa do tom carismático e intimamente conflituoso que a produção havia imposto. No mais, a trama porta alguns clichês que, corrente a perspectiva de determinados espectadores, podem ser frustrantes e diferir duma verossimilhança exigida. Porém, deve-se enfatizar que, apesar de se apropriar de certos fatores que evocam autenticidade para com a realidade, o filme não possui como intuito se compromissar a tais elementos, o que fica a critério do público julgar bom ou ruim.
Um Homem Chamado Ove é visualmente e conceitualmente bonito, um filme sensível, emotivo, comovente e cativante, de caminhada agridoce de seu protagonista e que trabalha importantes questões sociais e individuais.
Matheus J. S.  9

Muito semelhante em sua composição e contexto com Minha Vida de Abobrinha (leia aqui), este longa demonstra que trabalhos espetacularmente simples conseguem explorar temas complexos com genialidade e profundidade.
Comumente estamos habituados a apreciar e a consumir entretenimentos que margeiam e ultrapassam a linha do impossível, do insano, do improvável entre outros adjetivos de mesmo gênero e grau (veja isto como uma constatação e não uma crítica, afinal, sou um simpatizante da ficção e fantasia em geral). Quantas vezes viajamos para mundos diversos para poder fugir da nossa realidade, dos problemas que nos rodeiam e de situações que não queremos vivenciar. Explorando cada vez mais fundo estes universos que levam os conceitos e teorias aos seus limites e acabamos por esquecer que o ser humano e sua humanidade ainda é um dos mistérios mais intrigantes de todos os tempos, sendo ao mesmo tempo admirável e desprezível. Quantas vezes tentamos e lutamos para ampliar a nossa visão sobres assuntos de alto teor erudito em questões de pura filosofia ou de alta tecnologia, que por fim acabam por embaçar o que está a um passo de distância.
Um Homem Chamado Ove é um filme que trata do relacionamento de um homem consigo e com os que lhe rodeiam, tendo uma atmosfera antissocial e suicida, o filme envolve a quem assiste de uma forma singela e contundente. Com atuações condizentes e convincentes, cada personagem é uma representação de personalidades que encontramos no mundo real, geralmente tendo muito mais profundidade e importância do que aparentam. O cenário comum e cotidiano exalta a mensagem que é transmitida, a trilha sonora instrumental principal lembra muito as trilhas de cinema mudo em que uma mesma música carrega o ritmo dramático e cômico.
Cativante e reflexivo, esse é um daqueles filmes onde o simples é perfeito e qualquer alteração de sua composição final seria um crime imperdoável.
leonejs  9

Ove é um senhor de idade e um pouco temperamental, mora em um condomínio com diversas regras a serem seguidas, e faz de tudo para que estas não sejam desrespeitadas. Este perdeu sua mulher e está decidido a se suicidar, mas por certos motivos é interrompido, fazendo com que ele conheça algumas pessoas que vão modificando sua vida diária.
O filme gira em torno deste arco, mostrando também alguns flashbacks de sua infância e outros momentos de sua vida. O longa possui como gênero o drama e a comédia, mas a comicidade é abrandada perante a maior presença dramática.
Um Chamado Ove é muito bom, mas é uma pena que não seja tão conhecido quanto merece. 
Murillo J. S.  10

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 16 de fevereiro de 2017 (1h 56min)
Direção: Hannes Holm
Elenco: Rolf Lassgård, Bahar Pars, Ida Engvoll…
Gênero: Comédia dramática
Nacionalidade: Suécia

Avaliação:
IMDb: 7,7
Rotten: 90%
Metacritic: 70%
Filmow (média geral): 4,2
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,1/2,0
Kontaminantes (média): 9,5
Avaliação

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