É inegável, Capitão América: Guerra Civil, por
muitos considerado o Vingadores 2.5, tem uma introdução bastante similar a de
Era de Ultron, no entanto, apenas em contexto narrativo, o que não é surpresa.
Porém, é também onde já começam as distinções. Tais sequências iniciais,
bastante enérgicas, se acentuam principalmente pela brilhante sonoplastia, esta
que atribui ênfase a toda cena de combate, seja num chute, murro, pancada de
escudo... é intenso e marcante. A aparição precoce de Ossos Cruzados igualmente
se realça, aparição frustrante, de pouco aproveitamento e que foi concebida
visando apenas à campanha publicitária do filme. Ademais, toda a construção do primeiro
ato espairece bem suas propostas, tanto referente à estória quanto a estrutura.
Embora o início seja muito bom, os segmentos
mais ágeis - durante algumas cenas - acabam por se tornar confusos, demasiado
entrecortados, trêmulos, antinaturais e responsáveis por um CGI imperfeito que
chega a incomodar (graças, durante o grande embate, tais nequices foram
consertadas). Já em contraparte, focando mais no lado teórico da coisa, o longa
caminha muito bem. Finalmente todas aquelas destruições de cidades e mortes
censuradas recebem algum peso, afinal, quem nunca se questionou a respeito das
consequências que os civis sofrem em meio aquelas mirabolantes batalhas entre
super-heróis e vilões? Pois bem, a película toma esta pauta como seu tema
central, tecendo sutis reflexões que abrangem conceitos éticos e morais acerca
da vingança, a definição do quê é certo e o senso de dever em contraste com a
ciência de seus próprios atos potencialmente destrutivos, conceitos que se
entrelaçam a idiossincrasia do antagonista impulsionado por motivações
plausíveis e arquiteto dum plano muito bem-elaborado, convincente e que
surpreende. Todavia e infelizmente, o personagem em si é apático e não tem
carisma algum.
Aproveitando o gancho, Guerra Civil é um filme
de novidades e catalisador de aventuras futuras, especialmente em seu elenco. Os
novos semblantes têm suas personalidades muito bem impostas, seja Peter Parker
com seu humor juvenil e despretensioso, seja T'Challa em seu caráter sisudo,
íntegro, escrupuloso e convicto. Falando em Homem-Aranha, sua presença é
comicamente escrachada, o que aqui funciona, muito por conta da certeira
escolha de ator que, em seu primeiro take, imediatamente cativa. (SPOILERS A SEGUIR) Além, apesar do lado jocoso
jamais matar de rir, há um segmento específico, próximo ao desfecho com a participação especial de Stan Lee, que é impagável, essencialmente por sua dublagem
adaptada que cai como uma luva, esta que faz piadas ao correr do longa que só
funcionam em solo tupiniquim (os dubladores mais uma vez provando seu valor). (FIM DOS SPOILERS)
Por ser uma película do Capitão América, é
esperado que o mesmo seja o centro das atenções, certo? Em parte, já que temos
aqui um evento que acontece em escala universal, mas nas telonas se torna
minimalista comparado às HQs, embora o realce que Tony Stark tenha na estória
permaneça. O Homem de Ferro é bastante destacado e se entende sua posição,
enquanto a luta física que opõe ambos os lados, a famosa passagem no aeroporto,
apesar de boa compreensiva, recreativa e visualmente falando, não possui o
senso de tensão esperada, há muitas piadinhas inoportunas e um apiedamento
mútuo que não condiz com o cenário retratado. Considerando que este é o apogeu
do filme, um tom mais sério teria sido benéfico, a sensação que fica é a de que
são amigos (na verdade são, mas a situação lhes incumbiu a posições
antagônicas) tirando 5min de porrada sem perder a amizade, e todo mundo sabe
que nestes 5min ninguém enche a mão pra valer. (SPOILERS
A SEGUIR) O gostinho que fica é de que o longa poderia ter ousado mais,
ninguém morre nessa "guerra". (FIM DOS
SPOILERS) A tensão ressaltada fica mesmo só pro desfecho, um desfecho
muito bom com surpresas inesperadas, deve-se sublinhar.
No mais, por ser um filme do Capitão, como já
mencionado, Bucky, um personagem de extremo realce até então em seu histórico,
mais uma vez é bastante salientado e tem um papel fundamental no enredo, mas
como já vimos o suficiente dele nos longas anteriores, creio que um pouquinho
menos de Bucky e mais de Guerra Civil teria sido bem-vindo.
Capitão América: Guerra Civil não é o melhor
filme da Marvel e nem o pior, tem um ritmo incansável, entrecho imprevisível,
mas poderia ter sido mais audacioso.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Leia Também:
Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 28
de abril de 2016 (2h 28min)
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett
Johansson…
Gêneros: Ação; Fantasia
Nacionalidade: EUA
Sinopse (Google):
O
ataque de Ultron faz com que os políticos decidam controlar os Vingadores, já
que seus atos afetam toda a humanidade. Tal decisão coloca o Capitão América em
rota de colisão com o Homem de Ferro.
Avaliação:
IMDb:
7,8
Rotten:
91%
Metacritic:
75%
Filmow
(média geral): 4,0
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 4,5/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.):
7,5
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