Destaque de 2017, The Sinner chegou ao catálogo da Netflix mansinha, como minissérie e sem estardalhaço. Um ano depois, conforme o sucesso da série e sua renovação, a pergunta que se faz é se a nova temporada conseguirá repetir o acachapante sucesso alcançado doze meses antes.

Com a apresentação de uma estória diferente e figuras desconhecidas do público, logo de cara o que se sobressai é a imagem do detetive Harry Ambrose, personagem remanescente do ano passado que, desta vez, já não ocupa mais o cargo de coadjuvante. O roteiro faz uma escolha acertada ao impor tal figura como protagonista, visto que um semblante familiar serve como diretriz para o espectador e concebe uma ponte, mesmo que sutil, entre ambas as temporadas, ou seja, o assistente não fica com a impressão que está adentrando uma jornada completamente avulsa e desvinculada. Ademais, considerando que o desenvolvimento pessoal do detetive anteriormente foi bastante subjetivo e responsável por pendências interpretativas, a atual temporada se compromete a abranger, de modo mais profundo, a idiossincrasia do respectivo, o que se acentua com a construção do palco narrativo em um município no interior de Nova York que também é a cidade natal de Ambrose.

Apesar do retorno de Harry aos holofotes da série e as menções ao caso da Cora Tannetti, a temporada anda com suas próprias pernas, mas isto não quer dizer que a mesma abandonou completamente os padrões anteriormente estabelecidos, principalmente no que se refere a aspectos estruturais. A abertura, sucinta e abstrata, quase não sofre mudanças, cada personagem possui um plot individual que se funde em um grande e motriz núcleo, a introdução de mistérios é gradativa, os empecilhos para solução do caso se intensificam ao passar dos episódios e os flashbacks continuam sendo um predominante impulsor narrativo, ou seja, a fórmula para se destrinchar o enredo é praticamente a mesma. Entretanto, elementos negativos não existentes durante o ano estrelado por Jessica Biel infelizmente se realçam, como a ausência de empolgação diegética e envolvimento do espectador, previsibilidade de alguns arcos, saturação de subtramas, reviravoltas novelescas e pontas sem os devidos espairecimentos.

Em contraparte, a utilização de sequências oníricas e o teor sexual acanhado identificam e diferem esta temporada da que a antecede. Todavia, pautas como a culpa e a superação de traumas permanecem priorizadas, enquanto debates relativos à maioridade penal, métodos terapêuticos e a abordagem do núcleo familiar, especialmente da relação mãe/pai e filho (a), são ingredientes adicionais deste segundo ano. Outra preocupação que se mantém prezada é com o elenco, este que ganha peso com o enxerto de rostos femininos possivelmente reconhecíveis por parte do público, tais como Carrie Coon (The Leftovers), Hannah Gross (Mindhunter) e Jamie Neumann (The Deuce). Contudo, é uma figura masculina, sobretudo pueril, que ganha maior notoriedade: Elisha Henig. Interpretando um garoto que acabou de assassinar os responsáveis, o ator mirim transita muito bem pelas emoções e expressividades da persona, as quais vão de confusão, medo e desamparo até a raiva, curiosidade e inocência. Vale ressaltar que a atuação não é perfeita, visto que o intérprete, por vezes, exagera na transmissão de seus sentimentos, o que cria um breve senso de artificialidade. Falando em imperfeição, Bill Pullman continua com uma performance passável, no entanto suficiente para convencer que seu personagem é um homem íntegro e idôneo (claro que o texto coopera bastante com isso).

A 2ª temporada de The Sinner tece importantes reflexões e prossegue imbuindo textura a temas antes discutidos, porém é problemática, inconsistente e pouco entusiasmante, em suma, inferior à primeira.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Leia Também:

The Sinner (1ª Temporada)

Ficha Técnica:

Primeiro episódio: 2 de agosto de 2017

Criado por: Bradford Winters e Liz W. Garcia

Com: Bill Pullman, Elisha Henig, Carrie Coon…

País: EUA

Gênero: Drama; Policial

Status: Em Andamento

Duração (aproximadamente): 45 minutos

Sinopse (Filmow):

Após o polêmico caso de Cora Tannetti, o Detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) é chamado de volta à sua cidade natal, na zona rural de Nova York, para investigar um novo e perturbador crime: um duplo-homicídio onde um garoto de 11 anos mata seus pais, cujos motivos são inexplicáveis. A investigação de Ambrose o leva a segredos sombrios de sua cidade, colocando-o contra pessoas que não pararão para proteger seus segredos - e a misteriosa Vera (Carrie Coon), que se mostra ser uma peça enigmática e complicada desse quebra-cabeça.

Avaliação (2ª Temporada):

IMDb (2017- ): 8,0

Rotten: 96%

Metacritic: 75%

Filmow (média geral): 3,6

Adoro Cinema (usuários): 3,6

Kontaminantes (Matheus J. S.): 6,5

The Sinner (2ª Temporada)

Destaque de 2017, The Sinner chegou ao catálogo da Netflix mansinha, como minissérie e sem estardalhaço. Um ano depois, conforme o sucesso da série e sua renovação, a pergunta que se faz é se a nova temporada conseguirá repetir o acachapante sucesso alcançado doze meses antes.

Com a apresentação de uma estória diferente e figuras desconhecidas do público, logo de cara o que se sobressai é a imagem do detetive Harry Ambrose, personagem remanescente do ano passado que, desta vez, já não ocupa mais o cargo de coadjuvante. O roteiro faz uma escolha acertada ao impor tal figura como protagonista, visto que um semblante familiar serve como diretriz para o espectador e concebe uma ponte, mesmo que sutil, entre ambas as temporadas, ou seja, o assistente não fica com a impressão que está adentrando uma jornada completamente avulsa e desvinculada. Ademais, considerando que o desenvolvimento pessoal do detetive anteriormente foi bastante subjetivo e responsável por pendências interpretativas, a atual temporada se compromete a abranger, de modo mais profundo, a idiossincrasia do respectivo, o que se acentua com a construção do palco narrativo em um município no interior de Nova York que também é a cidade natal de Ambrose.

Apesar do retorno de Harry aos holofotes da série e as menções ao caso da Cora Tannetti, a temporada anda com suas próprias pernas, mas isto não quer dizer que a mesma abandonou completamente os padrões anteriormente estabelecidos, principalmente no que se refere a aspectos estruturais. A abertura, sucinta e abstrata, quase não sofre mudanças, cada personagem possui um plot individual que se funde em um grande e motriz núcleo, a introdução de mistérios é gradativa, os empecilhos para solução do caso se intensificam ao passar dos episódios e os flashbacks continuam sendo um predominante impulsor narrativo, ou seja, a fórmula para se destrinchar o enredo é praticamente a mesma. Entretanto, elementos negativos não existentes durante o ano estrelado por Jessica Biel infelizmente se realçam, como a ausência de empolgação diegética e envolvimento do espectador, previsibilidade de alguns arcos, saturação de subtramas, reviravoltas novelescas e pontas sem os devidos espairecimentos.

Em contraparte, a utilização de sequências oníricas e o teor sexual acanhado identificam e diferem esta temporada da que a antecede. Todavia, pautas como a culpa e a superação de traumas permanecem priorizadas, enquanto debates relativos à maioridade penal, métodos terapêuticos e a abordagem do núcleo familiar, especialmente da relação mãe/pai e filho (a), são ingredientes adicionais deste segundo ano. Outra preocupação que se mantém prezada é com o elenco, este que ganha peso com o enxerto de rostos femininos possivelmente reconhecíveis por parte do público, tais como Carrie Coon (The Leftovers), Hannah Gross (Mindhunter) e Jamie Neumann (The Deuce). Contudo, é uma figura masculina, sobretudo pueril, que ganha maior notoriedade: Elisha Henig. Interpretando um garoto que acabou de assassinar os responsáveis, o ator mirim transita muito bem pelas emoções e expressividades da persona, as quais vão de confusão, medo e desamparo até a raiva, curiosidade e inocência. Vale ressaltar que a atuação não é perfeita, visto que o intérprete, por vezes, exagera na transmissão de seus sentimentos, o que cria um breve senso de artificialidade. Falando em imperfeição, Bill Pullman continua com uma performance passável, no entanto suficiente para convencer que seu personagem é um homem íntegro e idôneo (claro que o texto coopera bastante com isso).

A 2ª temporada de The Sinner tece importantes reflexões e prossegue imbuindo textura a temas antes discutidos, porém é problemática, inconsistente e pouco entusiasmante, em suma, inferior à primeira.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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The Sinner (1ª Temporada)

Ficha Técnica:

Primeiro episódio: 2 de agosto de 2017

Criado por: Bradford Winters e Liz W. Garcia

Com: Bill Pullman, Elisha Henig, Carrie Coon…

País: EUA

Gênero: Drama; Policial

Status: Em Andamento

Duração (aproximadamente): 45 minutos

Sinopse (Filmow):

Após o polêmico caso de Cora Tannetti, o Detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) é chamado de volta à sua cidade natal, na zona rural de Nova York, para investigar um novo e perturbador crime: um duplo-homicídio onde um garoto de 11 anos mata seus pais, cujos motivos são inexplicáveis. A investigação de Ambrose o leva a segredos sombrios de sua cidade, colocando-o contra pessoas que não pararão para proteger seus segredos - e a misteriosa Vera (Carrie Coon), que se mostra ser uma peça enigmática e complicada desse quebra-cabeça.

Avaliação (2ª Temporada):

IMDb (2017- ): 8,0

Rotten: 96%

Metacritic: 75%

Filmow (média geral): 3,6

Adoro Cinema (usuários): 3,6

Kontaminantes (Matheus J. S.): 6,5