13 de janeiro de 2019

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Domando o Destino

Pôster



O cinema independente é muitas vezes o principal responsável pela concepção de algumas das melhores obras do ano. Apesar da forte concorrência financiada pelos milhões de dólares dos grandes estúdios, os filmes underground geralmente se realçam por conta do caráter ímpar e a liberdade criativa, prezando primordialmente o contar de uma boa estória a exacerbados efeitos e CGI. Domando o Destino, segundo longa da diretora Chloé Zhao, apresenta todas estas características, fazendo jus às produções autônomas no melhor estilo.
Nomeado pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos como o Melhor Filme de 2018, Domando o Destino possui uma trama minimalista que se sobressai pela simplicidade de sua narrativa e uma atuação central calcada no externar das ínfimas expressividades. Ou seja, a película opta pelo uso dos mais singelos recursos, como a câmera na mão, cortes secos e uma trilha sonora quase toda diegética e cantada pelos próprios personagens. No entanto, o filme também denota invejável esmero na confecção de determinados atributos, como ao conceber uma linda fotografia que sublinha, aliada a precisos enquadramentos, as paisagens naturais da comunidade do Sioux na Dakota do Sul, sendo que esta serve como palco para o desenrolar do enredo. Ademais, a sequência inicial imprime bastante estilo ao mesclar, de forma subjetiva, planos-detalhe a slow motion. Isto é, a modéstia predominante do entrecho faz com que os eventuais momentos de primor técnico e visual ganhem realce.
Domando o Destino, acima de tudo, é sobre a autoaceitação de um homem a respeito de suas limitações, sobre seguir em frente e se desvencilhar do passado, mesmo que isso possa causar extrema dor. Para contar esta estória, o longa utiliza um ritmo paulatino que permite o espectador vivenciar a angústia da rotina de Brady moldada pelos inúmeros malogros, tentativas falhas e o martírio consequente. Para tal, são comuns as situações em que Brady é incitado a fazer o que ama mesmo impossibilitado, ou a presença de fatores que recordem seu passado triunfante, o que salienta sua atual impotência, infelicidade e a agonia do público, visto que é muito difícil não se sensibilizar ou ter empatia pelo drama do personagem.
Sobretudo, muito da eficácia do roteiro se deve a Brady Jandreau, ator que incorpora majestosamente o protagonista da obra. Considerando-se que a película é baseada na vida do próprio cineasta que realmente sofreu um acidente durante um rodeio e teve de passar pelo mesmo processo cirúrgico na cabeça retratado na produção, Jandreau interpreta a si mesmo, e, embora isso comumentemente seja visto como algo preguiçoso, no caso intensifica a verossimilhança da performance, já que o ator praticamente teve de encenar alguns dos piores momentos de sua vida. Em outras palavras, Brady vive um cowboy melancólico, frustrado, de caráter austero e solene que reprime e internaliza suas emoções; é nas pequeninas feições que o ator exprime toda sua aflição e desalento. No que se refere ao restante do elenco, todos estão bem, com destaque para Lilly Jandreau, que é autista. Como adendo, vale ressaltar que o elenco é composto por atores não profissionais, o que torna as performances ainda mais impressionantes.
No mais, Domando o Destino é um filme simples, honesto, forte, de potente carga dramática e excelentes atuações.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (EUA): 13 de abril de 2018
Direção: Chloé Zhao
Elenco: Brady Jandreau, Tim Jandreau, Lilly Jandreau…
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse:
Brady Jandreau, uma estrela em ascensão do circuito de rodeio, vê seus dias de competição acabarem depois de sofrer um trágico acidente de equitação e tenta se adaptar a sua nova vida.

Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 97%
Metacritic: 92%
Filmow (média geral): 3,9
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5
Avaliação

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