Me Chame Pelo Seu Nome, um dos mais aclamados filmes de 2017, foi o responsável por alavancar a carreira de um dos mais talentosos e prodígios atores juvenis de Hollywood: Timothée Chalamet. Indicado ao Oscar e elogiadíssimo por seu trabalho, o cineasta passou a fazer parte da mira de muitos diretores, como é o caso de Felix Van Groeningen. Aproximadamente um ano depois, Timothée apresenta mais uma performance de encher os olhos, provando ao mundo que ele, mesmo tão jovem, faz por merecer todo o realce e ovação.

Nos cinemas, as drogas sempre se mostraram recorrentes protagonistas do mundo adolescente. Querido Menino, longa da vez a abordar o respectivo universo, possui uma trama tocante que tem como cerne a relação entre um pai e seu filho. Logo na primeira cena, o espectador é apresentado à figura paternal da película, David, que se encontra tentando descobrir mais sobre a droga que está matando seu primogênito. A cena serve para introduzir a personalidade aflita do personagem, sua preocupação e atenciosidade com o filho. Enquanto muitos pais, em situação similar, simplesmente abandonariam a cria, a passagem deixa perspícuo que David jamais faria isso.

A dinâmica entre os protagonistas, que sustenta grande parcela do entrecho, é muito boa, seja nas discussões e imposição de perspectivas distintas, como nos momentos de carinho e ternura. Apesar de o roteiro apontar um direcionamento, os atores são os principais agentes na confecção da química entre suas personas. Steve Carell, embora tenha um rosto reconhecido muito mais por seus papeis cômicos, não é de hoje que decide desbravar as terras tempestuosas do drama, e com êxito, deve-se enfatizar. O mesmo interpreta um pai amoroso e diligente, empata com o sofrimento do filho e que, gradativamente, passa a encarar uma letargia emocional proveniente das recaídas de Nic. Timothée Chalamet, por sua vez, brilha na pele de um jovem problemático, instável, que oscila entre as facetas de um adolescente radiante e afetuoso quando "limpo", porém eufórico, estressado, arrependido, angustiado e desamparado quando sob o efeito de entorpecentes. A performance também é marcada por uma presença física macérrima em tela que transmite com genuinidade os efeitos visíveis a olho nu da metanfetamina.

Querido Menino é um filme cíclico, e isso é agonizante. Em meio aos altos e baixos de Nic, o script imprime com verossimilhança a vida de um viciado, sua luta diária, as falsas promessas, as mentiras, a abstinência, a culpa e o abismo em que a droga o coloca. Apesar de certa previsibilidade narrativa, a película se renova a cada reincidência de Nic, visto que estas possibilitam o destrinchar de uma nuance após a outra da personalidade do mesmo. Já para David, as recaídas concebem um lancinante exercício de autoaceitação a respeito de sua impotência no processo de cura do filho - em determinados segmentos, é impossível não ficar com um gosto ruim na boca. Ademais, a forma com que o dissabor de David pela vida se desenvolve, adere bastante textura a um dado subnúcleo familiar do longa, sendo este mais um retrato fiel que expõe as vítimas de segunda e terceiras vias de um vício; não é só o usuário quem sofre.

Aliada a comoção do enredo, destaca-se a suave trilha sonora em consonância aos eventos em tela. Os flashbacks, recurso assaz utilizado, embora proporcione um amargo e proposital contraste entre boas lembranças e um triste presente, por vezes tem sua eficiência ofuscada pela montagem bagunçada que não permite o público identificar o exato período em que a estória está acontecendo. Como adendo, Vickie e Karen, personagens até agora não citadas e com pouco tempo em cena, têm boas participações e cada qual um arco relevante e compreensível.

Em suma, apesar de não tecer comentários inusitados, Querido Menino reitera com eficácia o discurso de muitas outras produções que abordam o tema.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:

Data de lançamento (Brasil): 14 de fevereiro de 2019

Direção: Felix Van Groeningen

Elenco: Steve Carell, Timothée Chalamet, Jack Dylan Grazer…

Gênero: Drama

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):

David Sheff (Steve Carell) é um conceituado jornalista e escritor que vive com a segunda esposa e os filhos. O filho mais velho, Nic Sheff (Timothée Chalamet), é viciado em metanfetamina e abala completamente a rotina da família e daquele lar. David tenta entender o que acontece com o filho, que teve uma infância de carinho e suporte, ao mesmo tempo em que estuda a droga e sua dependência. Nic, por sua vez, passa por diversos ciclos da vida de um dependente químico, lutando para se recuperar, mas volta e meia se entregando ao vício.

Avaliação:

IMDb: 7,3

Rotten: 67%

Metacritic: 63%

Filmow (média geral): 3,8

Adoro Cinema (adorocinema): 4,0

Kontaminantes (Matheus J. S.): 9

Querido Menino

Me Chame Pelo Seu Nome, um dos mais aclamados filmes de 2017, foi o responsável por alavancar a carreira de um dos mais talentosos e prodígios atores juvenis de Hollywood: Timothée Chalamet. Indicado ao Oscar e elogiadíssimo por seu trabalho, o cineasta passou a fazer parte da mira de muitos diretores, como é o caso de Felix Van Groeningen. Aproximadamente um ano depois, Timothée apresenta mais uma performance de encher os olhos, provando ao mundo que ele, mesmo tão jovem, faz por merecer todo o realce e ovação.

Nos cinemas, as drogas sempre se mostraram recorrentes protagonistas do mundo adolescente. Querido Menino, longa da vez a abordar o respectivo universo, possui uma trama tocante que tem como cerne a relação entre um pai e seu filho. Logo na primeira cena, o espectador é apresentado à figura paternal da película, David, que se encontra tentando descobrir mais sobre a droga que está matando seu primogênito. A cena serve para introduzir a personalidade aflita do personagem, sua preocupação e atenciosidade com o filho. Enquanto muitos pais, em situação similar, simplesmente abandonariam a cria, a passagem deixa perspícuo que David jamais faria isso.

A dinâmica entre os protagonistas, que sustenta grande parcela do entrecho, é muito boa, seja nas discussões e imposição de perspectivas distintas, como nos momentos de carinho e ternura. Apesar de o roteiro apontar um direcionamento, os atores são os principais agentes na confecção da química entre suas personas. Steve Carell, embora tenha um rosto reconhecido muito mais por seus papeis cômicos, não é de hoje que decide desbravar as terras tempestuosas do drama, e com êxito, deve-se enfatizar. O mesmo interpreta um pai amoroso e diligente, empata com o sofrimento do filho e que, gradativamente, passa a encarar uma letargia emocional proveniente das recaídas de Nic. Timothée Chalamet, por sua vez, brilha na pele de um jovem problemático, instável, que oscila entre as facetas de um adolescente radiante e afetuoso quando "limpo", porém eufórico, estressado, arrependido, angustiado e desamparado quando sob o efeito de entorpecentes. A performance também é marcada por uma presença física macérrima em tela que transmite com genuinidade os efeitos visíveis a olho nu da metanfetamina.

Querido Menino é um filme cíclico, e isso é agonizante. Em meio aos altos e baixos de Nic, o script imprime com verossimilhança a vida de um viciado, sua luta diária, as falsas promessas, as mentiras, a abstinência, a culpa e o abismo em que a droga o coloca. Apesar de certa previsibilidade narrativa, a película se renova a cada reincidência de Nic, visto que estas possibilitam o destrinchar de uma nuance após a outra da personalidade do mesmo. Já para David, as recaídas concebem um lancinante exercício de autoaceitação a respeito de sua impotência no processo de cura do filho - em determinados segmentos, é impossível não ficar com um gosto ruim na boca. Ademais, a forma com que o dissabor de David pela vida se desenvolve, adere bastante textura a um dado subnúcleo familiar do longa, sendo este mais um retrato fiel que expõe as vítimas de segunda e terceiras vias de um vício; não é só o usuário quem sofre.

Aliada a comoção do enredo, destaca-se a suave trilha sonora em consonância aos eventos em tela. Os flashbacks, recurso assaz utilizado, embora proporcione um amargo e proposital contraste entre boas lembranças e um triste presente, por vezes tem sua eficiência ofuscada pela montagem bagunçada que não permite o público identificar o exato período em que a estória está acontecendo. Como adendo, Vickie e Karen, personagens até agora não citadas e com pouco tempo em cena, têm boas participações e cada qual um arco relevante e compreensível.

Em suma, apesar de não tecer comentários inusitados, Querido Menino reitera com eficácia o discurso de muitas outras produções que abordam o tema.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:

Data de lançamento (Brasil): 14 de fevereiro de 2019

Direção: Felix Van Groeningen

Elenco: Steve Carell, Timothée Chalamet, Jack Dylan Grazer…

Gênero: Drama

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):

David Sheff (Steve Carell) é um conceituado jornalista e escritor que vive com a segunda esposa e os filhos. O filho mais velho, Nic Sheff (Timothée Chalamet), é viciado em metanfetamina e abala completamente a rotina da família e daquele lar. David tenta entender o que acontece com o filho, que teve uma infância de carinho e suporte, ao mesmo tempo em que estuda a droga e sua dependência. Nic, por sua vez, passa por diversos ciclos da vida de um dependente químico, lutando para se recuperar, mas volta e meia se entregando ao vício.

Avaliação:

IMDb: 7,3

Rotten: 67%

Metacritic: 63%

Filmow (média geral): 3,8

Adoro Cinema (adorocinema): 4,0

Kontaminantes (Matheus J. S.): 9