Aclamado pela crítica, detentor do Leão de Ouro
no Festival de Veneza, vencedor do New York Film Critics Circle Award e
do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, somado a mais uma enxurrada de
prêmios e indicações, Roma vem sendo considerado por muitos a melhor obra
cinematográfica de 2018... e isso é apavorante.
Roma é um filme vago. Ao focar na rotina de uma
empregada doméstica no México dos anos 70, Alfonso Cuarón faz do longa um
tributo a sua infância e, principalmente, a sua babá, esta retratada na
película como a personagem Cleo. No entanto, Cuarón realiza uma obra que, dadas
as circunstâncias íntimas e subjetivas de sua concepção concernente a própria
vida do cineasta, são os espectadores com repertório similar ao do diretor que
irão se identificar com a produção, ou seja, Roma não é para todos, e embora
possa ser extremamente comovente, sensível e contagiante para alguns, é
simplesmente entediante para a maioria.
Visto a inexistência de um laço com o filme, o
respectivo se mostra insosso e maçante. Não há uma diretriz que guie o público
ou o instigue a se interessar por qualquer coisa em tela, não há uma trama
central e o enredo se mostra uma colcha de retalhos que aglomera uma série de
eventos banais com âmago inane. A fotografia em preto e branco, apesar de
propiciar alguns momentos de beleza estética, é despropositada, e o fecho da
estória acontece de maneira tão repentina que o assistente nem tem tempo de
comemorar o fim da experiência. O ritmo carregado compõe uma verborragia
narrativa extenuante que se alicerça na quantidade excessiva de cenas frívolas
que se alongam muito mais que o necessário; embora alguns takes
contemplativos realmente funcionem, o diretor faz questão de esticar toda e
qualquer passagem, o que inibe o efeito das boas sequências e prolonga a
duração já interminável da película (as 2hrs de produção parecem 10).
Os personagens não têm carisma, e qualquer
comentário que o filme possa querer tecer sobre distinção de classes sociais,
se perde nas entrelinhas ocas do roteiro. Ainda próximo ao fim, a obra ensaia
uma espécie de crítica ou contextualização histórica sociopolítica que é
completamente isolada e não possui explicação alguma. Entretanto, por mais
difícil que possa ser, não é impossível encontrar méritos no longa mexicano.
A câmera imóvel de Cuarón, com ressalvas a travellings
bem específicos e outras movimentações calmas, se alia a sonoplastia apurada
que imprime autenticidade aos segmentos e molda planos-sequência realçados pelo
eficaz entrosamento entre direção e atores. Neste âmbito, a performance da
estreante Yalitza Aparicio é notável, sendo que a mesma incorpora com aptidão
uma mulher alegre, porém tímida e sujeita ao amargor das dores da vida. Com
relação à Marina de Tavira, pode-se dizer que a mesma interpreta com
consentaneidade sua personagem, esta a mais próxima de integrar um arco sólido.
No mais, vale ressaltar a boa dinâmica entre as crianças e Cleo.
Em suma, Roma é tecnicamente impecável e, para
aqueles que se sentirem familiarizados com o entrecho, belo e delicado.
Contudo, para os que não se identificarem este é só mais um filme comum, vazio,
avulso e estafante.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 14
de dezembro de 2018
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Yalitza Aparicio, Marina
de Tavira, Nancy García…
Gênero: Drama
Nacionalidades: México e EUA
Sinopse (Adoro Cinema):
Cidade do México, 1970. A rotina de uma família
de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher (Yalitza
Aparicio), que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano,
diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os
moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.
Avaliação:
IMDb:
8,1
Rotten:
96%
Metacritic:
96%
Filmow
(média geral): 4,3
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 4,1/5,0
Kontaminantes
(Matheus J. S.): 3
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