12 de janeiro de 2019

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Roma

Pôster


Aclamado pela crítica, detentor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, vencedor do New York Film Critics Circle Award e do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, somado a mais uma enxurrada de prêmios e indicações, Roma vem sendo considerado por muitos a melhor obra cinematográfica de 2018... e isso é apavorante.
Roma é um filme vago. Ao focar na rotina de uma empregada doméstica no México dos anos 70, Alfonso Cuarón faz do longa um tributo a sua infância e, principalmente, a sua babá, esta retratada na película como a personagem Cleo. No entanto, Cuarón realiza uma obra que, dadas as circunstâncias íntimas e subjetivas de sua concepção concernente a própria vida do cineasta, são os espectadores com repertório similar ao do diretor que irão se identificar com a produção, ou seja, Roma não é para todos, e embora possa ser extremamente comovente, sensível e contagiante para alguns, é simplesmente entediante para a maioria.
Visto a inexistência de um laço com o filme, o respectivo se mostra insosso e maçante. Não há uma diretriz que guie o público ou o instigue a se interessar por qualquer coisa em tela, não há uma trama central e o enredo se mostra uma colcha de retalhos que aglomera uma série de eventos banais com âmago inane. A fotografia em preto e branco, apesar de propiciar alguns momentos de beleza estética, é despropositada, e o fecho da estória acontece de maneira tão repentina que o assistente nem tem tempo de comemorar o fim da experiência. O ritmo carregado compõe uma verborragia narrativa extenuante que se alicerça na quantidade excessiva de cenas frívolas que se alongam muito mais que o necessário; embora alguns takes contemplativos realmente funcionem, o diretor faz questão de esticar toda e qualquer passagem, o que inibe o efeito das boas sequências e prolonga a duração já interminável da película (as 2hrs de produção parecem 10).
Os personagens não têm carisma, e qualquer comentário que o filme possa querer tecer sobre distinção de classes sociais, se perde nas entrelinhas ocas do roteiro. Ainda próximo ao fim, a obra ensaia uma espécie de crítica ou contextualização histórica sociopolítica que é completamente isolada e não possui explicação alguma. Entretanto, por mais difícil que possa ser, não é impossível encontrar méritos no longa mexicano.
A câmera imóvel de Cuarón, com ressalvas a travellings bem específicos e outras movimentações calmas, se alia a sonoplastia apurada que imprime autenticidade aos segmentos e molda planos-sequência realçados pelo eficaz entrosamento entre direção e atores. Neste âmbito, a performance da estreante Yalitza Aparicio é notável, sendo que a mesma incorpora com aptidão uma mulher alegre, porém tímida e sujeita ao amargor das dores da vida. Com relação à Marina de Tavira, pode-se dizer que a mesma interpreta com consentaneidade sua personagem, esta a mais próxima de integrar um arco sólido. No mais, vale ressaltar a boa dinâmica entre as crianças e Cleo.
Em suma, Roma é tecnicamente impecável e, para aqueles que se sentirem familiarizados com o entrecho, belo e delicado. Contudo, para os que não se identificarem este é só mais um filme comum, vazio, avulso e estafante.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 14 de dezembro de 2018
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira, Nancy García…
Gênero: Drama
Nacionalidades: México e EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Cidade do México, 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher (Yalitza Aparicio), que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.

Avaliação:
IMDb: 8,1
Rotten: 96%
Metacritic: 96%
Filmow (média geral): 4,3
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,1/5,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 3
Avaliação

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