6 de janeiro de 2018

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Me Chame Pelo Seu Nome

Pôster


Filmes sobre homossexualidade estão na moda, mas será algo bom? Claro, pois, além de disseminar a luta pelo preconceito que ainda rege em grande parte da sociedade, as respectivas produções também exploram âmbitos antes não abordados consequente do tradicionalismo intrínseco aos tempos passados e representa o semblante deste século XXI ainda em imersão, de aceitações e inclusões. Ok, então Me Chame Pelo Seu Nome é mais um desta safra (O Segredo de Brokeback Mountain, Azul é a Cor Mais Quente, Moonlight [leia aqui]...) que se apropria de tal tema de forma exímia a transmitir uma importante mensagem? Longe disso.
Tendo como uma de suas principais falhas a presunção, o longa da vez pensa que é uma obra-de-arte e se porta como tal, mas que, em seu âmago, nada tem a oferecer, insípida em quaisquer propostas que, com insucesso, venha a tentar introduzir ademais de seu frívolo romance central. Nitidamente concebido visando o Oscar, o filme usufrui de fatores que o caracterizam com tal predileção, como um ritmo lento, o utilizar de extensas sequências contemplativas sem cortes e o optar por secas tomadas de um frame a outro, um desfecho amargo e uma trilha sonora instrumental. Todavia, na prática, pouco dos elementos ressaltados possuem eficácia. O ritmo é arrastado, o longa demora a tomar uma diretriz e a primeira hora trabalha apenas com o suscitar de ideias que convergem no constante sublinhar de sequências pouco pertinentes ao enredo. Os segmentos mais estáticos igualmente pouca relevância têm, sendo em sua maioria entediantes e tendo destaque somente pela fotografia que acentua as paisagens e ambientações dionisíacas e campestres. Os frequentes toques de piano, que confeccionam a musicalidade da estória, são incômodos e maçantes, sendo que a trilha sonora só vem a funcionar quando em cena a delicada Mystery of Love (Sufjan Stevens) que corrobora com a concepção de ardor e ternura que a película procura criar. Já a trama, é formulaica, o que encaminha para um fechamento previsível.
Certo, mas este é um filme sobre o amor, como este caloroso sentimento ultrapassa os limites da idade e por todos outros fatores que possam querer frustrá-lo, correto? No máximo, talvez, porém nem isto Me Chame Pelo Seu Nome consegue. O longa, ao decidir se arriscar por um plot que já foi contado inúmeras vezes, ao invés de incrementar aspectos originais em sua trama batida, escolhe o caminho mais fácil e repete o que já foi incontáveis vezes visto, o conveniente relacionamento que se desenvolve, a princípio, de maneira estranha, após relutante, conseguinte confuso e posteriormente se espairece. Entretanto, a película também peca nestes atributos, o relacionamento tendo início de modo incongruente (estranho, como frisado) e rendendo passagens de sexo gratuito como indulto para o diretor provar a inexistência de seu preconceito ao filmar relações sexuais gay. Em contraparte, o entrecho, mesmo que saturado, é bastante eloquente ao representar a libido de seus protagonistas.
Agora, individualmente falando, aqui as expressões dos personagens esclarecem mais que os diálogos, o que poderia ser melhor aproveitado não fosse a atenção frequentemente voltada a outras vertentes. Quando o roteiro parece que vai engrenar nos conflitos de Elio e sua jornada pessoal mediante as autodescobertas, o filme deixa as oportunidades escaparem. Referente às figuras secundárias, Sr. Perlman (pai de Elio), tem um expressivo e contagiante monólogo próximo ao fim, ademais é completamente descartável. Já Annella e Marzia, personagens também de realce, não tem o foco em si justificados, o que poderia acontecer numa investida do script em atribuir as mesmas uma postura frente à relação inusitada que as cerca.
Concernente às atuações, Timothée Chalamet desempenha um papel bem contundente ao personagem, bem maleável incorporando as emoções de um adolescente que transita entre radiante, confuso, apaixonado e desolado. Já Armie Hammer, é convincente na maior parte do tempo em sua performance na pele dum homem mais velho charmoso curtindo a vida.
No mais, vale enfatizar a belíssima construção da Itália oitentista, seja em suas características ambientações ou em sua marcante cultura. Contudo, quando o roteiro é fútil, a pouco a se apreciar do cenário.
Me Chame Pelo Seu Nome é demasiado pretensioso, vago, estafado, enfadonho e verborrágico, que funciona, de forma ruim, como um mero e improdutivo relacionamento homossexual.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 18 de janeiro de 2018 (2h 11min)
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg…
Gêneros: Drama; Romance
Nacionalidades: França; Itália; EUA; Brasil

Avaliação:
IMDb: 8,4
Rotten: 97%
Metacritic: 93%
Filmow (média geral): 4,3
Adoro Cinema (adorocinema): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 2
Avaliação

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