Breaking Bad é uma série genial, isso é incontestável, e dissertar sobre sua qualidade seria chover no molhado. Considerada por muitos a melhor série já feita, o programa da AMC destaca-se pela qualidade mantida durante todo seu período no ar, a elaboração de um enredo complexo que preza a humanidade de seus personagens acima de tudo e a concepção de arcos concisos respaldados por uma trama com início, meio e fim. Seis anos após o desfecho, que parecia encerrar de vez a jornada de Walter e companhia, El Camino chega para dar continuidade ao plot "inacabado" de Jesse Pinkman.

Com uma cena de abertura que realça uma conversa entre Jesse e Mike, o filme impõe logo de cara um tom nostálgico que irá permear todas as camadas do entrecho. Embora breve e pouco relevante, a sequência serve para contextualizar algumas atitudes futuras do personagem e saciar a ânsia de espectadores saudosistas sedentos por algo novo que tenha relação com o material original. Nesse sentido, a ocorrência de flashbacks é constante ao correr do longa, sendo que estes, em sua maioria, possuem o similar intuito de preencher lacunas narrativas e justificar as ações de Jesse no presente.

Outrossim, vale frisar que alguns dos respectivos segmentos visam exclusivamente trazer à tona rostos já conhecidos do assistente, o que, embora gratuito, é extremamente empolgante e corrobora como um todo o enorme tributo que El Camino faz à Breaking Bad. (SPOILERS A SEGUIR) A própria ponta de Bryan Cranston no papel que o imortalizou na TV é um fan service completo, agraciando o público com uma última palinha da fabulosa dinâmica entre Jesse e Walter que remete aos melhores momentos da parceria. (FIM DOS SPOILERS)

No entanto, afirmar que todos os flashbacks se articulam com a mera finalidade de agradar o telespectador seria equivocado. Isto é, El Camino é uma obra contada de forma concomitante acerca de tempos distintos, seja durante as circunstâncias que sucedem o fecho de Breaking Bad, seja explorando melindrosamente trechos do passado de Jesse vinculados intrinsecamente à suas atuais condições idiossincráticas. Em outras palavras, o público é levado a assistir episódios do período em que Pinkman fora preso e torturado, explanando situações omitidas na série que influenciam diretamente a personalidade abalada deste e enriquecem conceitualmente sua trajetória solo.

Embora El Camino a princípio aparente ser uma produção oportunista, a mesma se desenrola de modo pertinente ao dar uma conclusão merecida a um dos protagonistas da série. Tendo em vista o martirizante histórico de Jesse e as brechas deixadas em seu arco ao clímax de Breaking Bad, é mais que justo um filme que espaireça o destino do mesmo e o faça sob uma perspectiva otimista, afinal, após tanto sofrimento é revigorante acompanhar o personagem dando a volta por cima. Sobretudo, a escolha por um texto singelo à megalomania pressuposta ao se falar de uma obra que dá continuidade àquela que representa um marco nas telinhas, El Camino é uma película cautelosa e pouco arrojada que tem as principais virtudes resididas exatamente em sua simplicidade narrativa; ainda que sem a ilustre presença de Heisenberg e a pujança da química emitida pela dupla mais querida da TV, o longa se alicerça no âmago de uma persona já desenvolvida (mesmo que novas nuances sejam abordadas) e no vínculo público-personagem estabelecido de antemão ao longo de cinco temporadas.

Concernente à comicidade, esta é bem pontual e condiz com o caráter de Jesse. A maquiagem é verossímil, os efeitos práticos convincentes e Gilligan continua com a mão calibrada para a execução de cenas tensas, que o diga uma sequência espetacular que já desponta como uma das melhores do respectivo universo fictício. Ademais, Aaron Paul está muito confortável em seu papel, evoluindo junto com o personagem ao passo que este lida com os recentes eventos traumáticos. Por outro lado, o intérprete do Todd está com o físico assaz diferente do que seu personagem deveria ter na época retratada nos flashbacks, e as consequências do acobertamento do Skinny deveriam ser ao menos pinceladas.

No mais, El Camino é uma homenagem ajambrada, eficiente, divertida e satisfatória.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:

Data de lançamento (Netflix) 11 de outubro de 2019

Direção: Vince Gilligan

Elenco: Aaron Paul, Jesse Plemons, Matt L. Jones…

Gênero: Drama

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):

Após fugir do cativeiro, onde foi mantido quando sequestrado, dramaticamente, Jesse Pinkman (Aaron Paul) inicia uma jornada em busca da própria liberdade, mas antes precisa se reconciliar com o passado para, só então, ter seu futuro garantido.

Avaliação:

IMDb: 8,2

Rotten: 90%

Metacritic: 72%

Filmow (média geral): 3,8

Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,9/5,0

Kontaminantes (Matheus J. S.): 8

El Camino

Breaking Bad é uma série genial, isso é incontestável, e dissertar sobre sua qualidade seria chover no molhado. Considerada por muitos a melhor série já feita, o programa da AMC destaca-se pela qualidade mantida durante todo seu período no ar, a elaboração de um enredo complexo que preza a humanidade de seus personagens acima de tudo e a concepção de arcos concisos respaldados por uma trama com início, meio e fim. Seis anos após o desfecho, que parecia encerrar de vez a jornada de Walter e companhia, El Camino chega para dar continuidade ao plot "inacabado" de Jesse Pinkman.

Com uma cena de abertura que realça uma conversa entre Jesse e Mike, o filme impõe logo de cara um tom nostálgico que irá permear todas as camadas do entrecho. Embora breve e pouco relevante, a sequência serve para contextualizar algumas atitudes futuras do personagem e saciar a ânsia de espectadores saudosistas sedentos por algo novo que tenha relação com o material original. Nesse sentido, a ocorrência de flashbacks é constante ao correr do longa, sendo que estes, em sua maioria, possuem o similar intuito de preencher lacunas narrativas e justificar as ações de Jesse no presente.

Outrossim, vale frisar que alguns dos respectivos segmentos visam exclusivamente trazer à tona rostos já conhecidos do assistente, o que, embora gratuito, é extremamente empolgante e corrobora como um todo o enorme tributo que El Camino faz à Breaking Bad. (SPOILERS A SEGUIR) A própria ponta de Bryan Cranston no papel que o imortalizou na TV é um fan service completo, agraciando o público com uma última palinha da fabulosa dinâmica entre Jesse e Walter que remete aos melhores momentos da parceria. (FIM DOS SPOILERS)

No entanto, afirmar que todos os flashbacks se articulam com a mera finalidade de agradar o telespectador seria equivocado. Isto é, El Camino é uma obra contada de forma concomitante acerca de tempos distintos, seja durante as circunstâncias que sucedem o fecho de Breaking Bad, seja explorando melindrosamente trechos do passado de Jesse vinculados intrinsecamente à suas atuais condições idiossincráticas. Em outras palavras, o público é levado a assistir episódios do período em que Pinkman fora preso e torturado, explanando situações omitidas na série que influenciam diretamente a personalidade abalada deste e enriquecem conceitualmente sua trajetória solo.

Embora El Camino a princípio aparente ser uma produção oportunista, a mesma se desenrola de modo pertinente ao dar uma conclusão merecida a um dos protagonistas da série. Tendo em vista o martirizante histórico de Jesse e as brechas deixadas em seu arco ao clímax de Breaking Bad, é mais que justo um filme que espaireça o destino do mesmo e o faça sob uma perspectiva otimista, afinal, após tanto sofrimento é revigorante acompanhar o personagem dando a volta por cima. Sobretudo, a escolha por um texto singelo à megalomania pressuposta ao se falar de uma obra que dá continuidade àquela que representa um marco nas telinhas, El Camino é uma película cautelosa e pouco arrojada que tem as principais virtudes resididas exatamente em sua simplicidade narrativa; ainda que sem a ilustre presença de Heisenberg e a pujança da química emitida pela dupla mais querida da TV, o longa se alicerça no âmago de uma persona já desenvolvida (mesmo que novas nuances sejam abordadas) e no vínculo público-personagem estabelecido de antemão ao longo de cinco temporadas.

Concernente à comicidade, esta é bem pontual e condiz com o caráter de Jesse. A maquiagem é verossímil, os efeitos práticos convincentes e Gilligan continua com a mão calibrada para a execução de cenas tensas, que o diga uma sequência espetacular que já desponta como uma das melhores do respectivo universo fictício. Ademais, Aaron Paul está muito confortável em seu papel, evoluindo junto com o personagem ao passo que este lida com os recentes eventos traumáticos. Por outro lado, o intérprete do Todd está com o físico assaz diferente do que seu personagem deveria ter na época retratada nos flashbacks, e as consequências do acobertamento do Skinny deveriam ser ao menos pinceladas.

No mais, El Camino é uma homenagem ajambrada, eficiente, divertida e satisfatória.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:

Data de lançamento (Netflix) 11 de outubro de 2019

Direção: Vince Gilligan

Elenco: Aaron Paul, Jesse Plemons, Matt L. Jones…

Gênero: Drama

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):

Após fugir do cativeiro, onde foi mantido quando sequestrado, dramaticamente, Jesse Pinkman (Aaron Paul) inicia uma jornada em busca da própria liberdade, mas antes precisa se reconciliar com o passado para, só então, ter seu futuro garantido.

Avaliação:

IMDb: 8,2

Rotten: 90%

Metacritic: 72%

Filmow (média geral): 3,8

Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,9/5,0

Kontaminantes (Matheus J. S.): 8