Filmes de terror, gênero que já espreitou os
mais distintos âmbitos, com A Autópsia consegue cumprir bem sua função,
entreter o espectador e, talvez, perante um público menos exigente, uma
completa ovação. No entanto, embora ousado, não inova e pode, ao seu desfecho,
não ser tão satisfatório.
Utilizando de poucos personagens e cenários, o
filme, que já denota sua atmosfera aterradora logo nos primeiros minutos,
mantém um ritmo constante usufruindo de aspectos notórios ao seu correr, estes
que se resumem a uma trilha sonora bem alternada que é coordenada a ausência de
musicalidade e som nos devidos momentos, jogos de luz e sombra, envolvimento do
espectador e exemplar aproveitamento de espaço que se dá consoante os diálogos
sempre pertinentes e ambientação corroborativa e relevante aos objetivos do
longa exaltada conforme os planos bem construídos. Apesar dos Jumpscares
característicos do gênero, estes não são bem utilizados, são previsíveis e nada
empolgantes. Contudo, ressaltando novamente a atmosfera, esta é
deslumbrantemente e pontualmente concebida, ademais de responsável pelas
passagens de maior apreensão.
Ao criar protagonistas que não são ridículos
como a maioria dos personagens burros e incompetentes de películas similares, o
roteiro, ao arrumar tempo para plots secundários que não pesam (entretanto não
complementam a trama de uma forma necessariamente importante), consegue uma boa
performance dos atores que se mostram consentâneos ao entrecho de maior
destaque e os arcos de menor relevância, estes que os humanizam e enfatizam o
emocional e sentimental dos mesmos. Apesar de, como dito, as subtramas não
serem lá tão pertinentes, além do fato de nem sempre funcionarem como uma boa
quebra de ritmo, são fundamentais para confecção da personalidade dos protagonistas.
Em contraparte, a antagonista, mesmo sem se mover, é extremamente apavorante,
ameaçadora e amedrontante.
Tenso, assustador e excitante, o filme, que não
foge dos famosos clichês que são, todavia, ludibriados pelos privilégios de
maior realce do longa, é enaltecido por sua produção hábil ao conduzir
perfeitamente seu tempo sem se tornar massiva e repetitiva, versatilidade ao
manejar cenas que brincam com o entendimento e confusão do público e brilhante
cadência ao lidar com as revelações do enredo. Ao questionar a percepção do
espectador a respeito da veracidade dos acontecimentos em tela, a película
aborda reflexões que remetem ao ceticismo, sempre denotando qualidade e
inteligência para com seus intuitos. Mesclando suspense e terror envolto por uma
densidade psicológica, o filme igualmente não apela referente a determinados
quesitos que, mediante as mãos de outros diretores depravados e explícitos,
seria um prato cheio para as bizarrices de suas mentes.
Instigante e intrigante, no mais, os diálogos
expositivos funcionam tanto para os personagens quanto para o público e, embora
seja uma produção de baixo orçamento, este aspecto não se mostra um empecilho
perante a trama bem desenvolvida, pelo contrário, este não é mesmo um trabalho
que necessite de estupefatos investimentos financeiros. Também vale ressaltar
seu título em português extremamente condizente e sua tradução praticamente
literal, título que considero superior até mesmo a seu original. Com certeza os
críticos e cinéfilos tem o que comemorar, os tradutores desta vez mandaram
muito bem.
Elogiado pelo Mestre do Terror Stephen King, A
Autópsia, em suma, entretém e conta com um final inusitado e controverso, mas
que poderia ser melhor. Foi uma grata surpresa, porém, ao seu fim, ficou um
azedo e insaciável gostinho de "faltou algo".
Matheus
J. S.
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Ficha Técnica (Adoro
Cinema):
Data de lançamento
(Brasil): 4 de maio de 2017 (1h 39min)
Direção: André
Øvredal
Elenco: Emile
Hirsch, Brian Cox, Ophelia Lovibond…
Gêneros: Terror;
Suspense
Nacionalidades: Reino
Unido, EUA
Avaliação:
IMDb: 6,8
Rotten: 86%
Metacritic: 65%
Filmow (média
geral): 3,4
Adoro Cinema
(usuários): 3,9
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8,5
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