Aclamado pelo público e pela crítica, com 99%
no Rotten e transbordando de expectativas, Get Out, todavia, já decepciona em
sua primeira sequência. Com uma introdução tola e clichê de filmes de terror
baratos e que mais remete à Supernatural, o longa parte de um interessante
princípio, porém se perde em meio à sua inconsistência e instabilidade ao
indefinir a seriedade com a qual pretende expor seu entrecho. Talvez tendo como
maior acerto a campanha publicitária, a película possivelmente teve grande
parte de seu orçamento investido na mesma, esta que agrega um trailer
descaradamente persuasivo capaz de incitar até os mais céticos. Este, o
enganoso conteúdo promocional, é responsável por uma instigante compilação de
cenas brilhantemente maquiadas que mascaram sua verdadeira índole e disseminam
uma equivocada percepção de qualidade do filme.
Ao denotar inconstância em suas falhas
tentativas de manter um ritmo engajante e envolvente perante a instável
concepção de sua abordagem, não satisfazer com sua comicidade mal desenvolvida
e sem graça, mostrar-se isento de uma completa originalidade e contar com um
roteiro repleto de clichês, o longa também perde a oportunidade de ousar e
fragiliza-se com a confecção de passagens toscas, uma que se encontra até mesmo
em seus derradeiros momentos. Além, considerando o clima imposto durante toda a
película, a mesma despenha de vez em seus seguimentos finais, estes que
partilham de um âmbito completamente distinto do imposto ao correr da mesma.
Ademais, deve-se ressaltar a fraca interpretação de Daniel Kaluuya (Chris
Washington), ator inexpressivo que não atende às demandas de versatilidade da
trama. A melhor atuação fica por conta do simples coadjuvante Jeremy Armitage
(Caleb Landry Jones, do genial Antiviral), performance que transmite, de maneira consentânea e
convincente, toda a insanidade do personagem. Referente às outras atuações,
nenhuma se destaca negativamente ou positivamente.
Contudo, considerando que o filme não vive somente
de aspectos negativos, intrigante, o longa possui como artifício sua atmosfera
e ambientação de apreensão e tensão bem concebida, assim como uma trilha sonora
flexível pontualmente utilizada. Explorando a mente humana e o racismo de uma
forma peculiar, algo que poderia ter sido mais bem trabalhado no enredo e
inovado acerca de determinados fatores, Get Out, no mais, não cumpre com o
esperado, entretém, mas é uma produção esquecível sobre a qual, ao passar de
cada minuto, se espera algo superior, entretanto que nunca satisfaz como
ansiado. Jordan Peele, pela primeira vez diretor de uma película
suspense/terror, se deseja competir com grandes nomes do gênero, certamente
terá de revisar seus conceitos.
Matheus
J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de
lançamento (Brasil): 18 de maio de 2017 (1h 44min)
Direção:
Jordan Peele
Elenco:
Daniel Kaluuya, Allison Williams, Catherine Keener...
Gênero:
Suspense
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
IMDb:
7,9
Rotten:
99%
Metacritic:
84%
Filmow
(média geral): 4,0
Adoro
Cinema (adorocinema): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
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