7 de janeiro de 2018

Kontaminantes ☣ , Eu, Tonya , Comédia-filme , Filmes ,

Eu, Tonya

Pôster


Cinebiografias estão cada vez mais frequentes no cinema, mas o que torna um filme de tal gênero bom? Seria a verossimilhança dos fatos contados? Talvez, ao menos para os que possuem verdadeiro conhecimento da estória destrinchada. Seria a curiosidade dos fãs por saber mais dos ídolos retratados? Possivelmente, ao menos por parte daqueles que possuem tal ânsia. Ou, quem sabe, o envolvimento e engajamento na trama? Agora sim, provavelmente, o fator de maior notoriedade. Infelizmente o problema de Eu, Tonya encontra-se exatamente neste ponto.
Começando por seus equívocos, o longa erra feio na forma com a qual dosa seu humor, o que corrobora, sobretudo, para que o espectador não se empolgue pelo texto. Isto é, ao focar em dois relacionamentos de grande destaque ao correr da estória, a película não decide se opta por tratá-los de forma dramática ou cômica, o que atribui inconstância a trama, faz com que os respectivos arcos não possuam o peso desejado e deixa o público apático do que se vê em tela, não se estabelecem vínculos entre assistente e personagens e o que se observa é um embolo de indecisão. As figuras são caricatas e a quebra da quarta parede, com intuito jocoso, é falha, bem como TODAS as investidas do filme em arrancar risadas. Ademais, o personagem do Paul Walter Hauser é ridículo e suas tentativas de fazer graça são infundadas, desprezíveis e impostas erroneamente em momentos anticlimáticos.
É somente a partir do segundo ato que o longa passa a funcionar conforme uma guinada que definitivamente pende o enredo para o drama e volta suas atenções para o escândalo que justifica a realização de tal produção, porém, consequentemente a demora de foco, muitos dos espectadores já terão desistido da experiência. No entanto, é deste gancho que a película destoa da atmosfera sacal que predominava e prova que a opção contínua pela tonalidade mais densa teria sido acertada se executada desde o início, além de fisgar o público e manter seu interesse pela resolução do caso que se segue por um terceiro ato de tensões elevadas aonde os confrontos e frustrações da protagonista vem à tona com total força e relevância. É neste segmento que o desempenho de Margot Robbie é acentuado e faz por merecer os elogios que angariou festivais afora, quando, ademais da personificação das excentricidades da personagem bem concebida e realçada pelo filme, a atriz também interpreta, com brilhantismo e contundência, a pressão que recai sobre a mesma, os empecilhos conflituosos que tem de enfrentar, o nervosismo corrente, o desalento e a irritação... Já Allison Janney está similarmente muito bem como LaVona, uma mãe arrogante, agressiva, autoritária e extremamente exigente que nunca se satisfaz, enquanto Mckenna Grace arrasa em seus pouco minutos atuando e representando uma Tonya criança, adentrando o mundo da patinação artística no gelo e sofrendo com as desavenças entre seus pais, o que é bastante frisado nos primórdios do longa e depois simplesmente deixado de lado. Além, deve-se ressaltar o belo trabalho de maquiagem que representa habilmente e com consentaneidade a passagem de tempo e o envelhecimento das personagens.
Concernente às sequências de patinação, elas são bem coreografadas e de compreensão aos mais leigos no assunto, visto que termos técnicos são escassos e, quando presentes, os mais importantes são bem explicados, embora, consoante as repetidas indignações de Tonya frente às avaliações dos jurados, outras patinadoras poderiam ter recebido um tempo de tela como forma de comparação e melhor exemplificação ao assistente. Em contraparte, os depoimentos dos personagens no presente que ora ou outra tomam as cenas, são desnecessários e aparentam subjugar a inteligência do espectador ao dilucidar os acontecimentos, o que, quem o assiste, pode perfeitamente fazer sem auxílio algum. A trilha sonora igualmente se sobressai mais do que deveria e geralmente possui o ar burlesco que tanto estafa o público.
Eu, Tonya é medíocre, com pouco a dizer, que peca principalmente na dosagem de seu tom e que tem como melhor atributo sua atuação central.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

Comente e Siga Nosso Blog

Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 15 de fevereiro de 2018 (2h 01min)
Direção: Craig Gillespie
Elenco: Margot Robbie, Allison Janney, Sebastian Stan…
Gêneros: Drama; Biografia; Comédia
Nacionalidade: EUA

Avaliação:
IMDb: 7,7
Rotten: 89%
Metacritic: 77%
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema (adorocinema): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
Avaliação

Nenhum comentário:

Postar um comentário