Cinebiografias estão cada vez mais frequentes
no cinema, mas o que torna um filme de tal gênero bom? Seria a verossimilhança
dos fatos contados? Talvez, ao menos para os que possuem verdadeiro
conhecimento da estória destrinchada. Seria a curiosidade dos fãs por saber
mais dos ídolos retratados? Possivelmente, ao menos por parte daqueles que
possuem tal ânsia. Ou, quem sabe, o envolvimento e engajamento na trama? Agora
sim, provavelmente, o fator de maior notoriedade. Infelizmente o problema de
Eu, Tonya encontra-se exatamente neste ponto.
Começando por seus equívocos, o longa erra feio
na forma com a qual dosa seu humor, o que corrobora, sobretudo, para que o
espectador não se empolgue pelo texto. Isto é, ao focar em dois relacionamentos
de grande destaque ao correr da estória, a película não decide se opta por
tratá-los de forma dramática ou cômica, o que atribui inconstância a trama, faz
com que os respectivos arcos não possuam o peso desejado e deixa o público
apático do que se vê em tela, não se estabelecem vínculos entre assistente e
personagens e o que se observa é um embolo de indecisão. As figuras são
caricatas e a quebra da quarta parede, com intuito jocoso, é falha, bem como
TODAS as investidas do filme em arrancar risadas. Ademais, o personagem do Paul
Walter Hauser é ridículo e suas tentativas de fazer graça são infundadas,
desprezíveis e impostas erroneamente em momentos anticlimáticos.
É somente a partir do segundo ato que o longa
passa a funcionar conforme uma guinada que definitivamente pende o enredo para
o drama e volta suas atenções para o escândalo que justifica a realização de
tal produção, porém, consequentemente a demora de foco, muitos dos espectadores
já terão desistido da experiência. No entanto, é deste gancho que a película
destoa da atmosfera sacal que predominava e prova que a opção contínua pela
tonalidade mais densa teria sido acertada se executada desde o início, além de
fisgar o público e manter seu interesse pela resolução do caso que se segue por
um terceiro ato de tensões elevadas aonde os confrontos e frustrações da
protagonista vem à tona com total força e relevância. É neste segmento que o desempenho
de Margot Robbie é acentuado e faz por merecer os elogios que angariou
festivais afora, quando, ademais da personificação das excentricidades da
personagem bem concebida e realçada pelo filme, a atriz também interpreta,
com brilhantismo e contundência, a pressão que recai sobre a mesma, os empecilhos
conflituosos que tem de enfrentar, o nervosismo corrente, o desalento e a
irritação... Já Allison Janney está similarmente muito bem como LaVona, uma mãe
arrogante, agressiva, autoritária e extremamente exigente que nunca se satisfaz,
enquanto Mckenna Grace arrasa em seus pouco minutos atuando e representando uma
Tonya criança, adentrando o mundo da patinação artística no gelo e sofrendo com
as desavenças entre seus pais, o que é bastante frisado nos primórdios do longa e depois simplesmente deixado de lado. Além, deve-se ressaltar o belo
trabalho de maquiagem que representa habilmente e com consentaneidade a
passagem de tempo e o envelhecimento das personagens.
Concernente às sequências de patinação, elas
são bem coreografadas e de compreensão aos mais leigos no assunto, visto que
termos técnicos são escassos e, quando presentes, os mais importantes são bem
explicados, embora, consoante as repetidas indignações de Tonya frente às
avaliações dos jurados, outras patinadoras poderiam ter recebido um tempo de
tela como forma de comparação e melhor exemplificação ao assistente. Em
contraparte, os depoimentos dos personagens no presente que ora ou outra tomam
as cenas, são desnecessários e aparentam subjugar a inteligência do espectador
ao dilucidar os acontecimentos, o que, quem o assiste, pode perfeitamente fazer
sem auxílio algum. A trilha sonora igualmente se sobressai mais do que deveria
e geralmente possui o ar burlesco que tanto estafa o público.
Eu, Tonya é medíocre, com pouco a dizer, que
peca principalmente na dosagem de seu tom e que tem como melhor atributo sua
atuação central.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 15 de fevereiro de 2018 (2h 01min)
Data de lançamento (Brasil): 15 de fevereiro de 2018 (2h 01min)
Direção: Craig Gillespie
Elenco: Margot Robbie, Allison Janney, Sebastian Stan…
Gêneros: Drama; Biografia; Comédia
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
Avaliação:
IMDb:
7,7
Rotten:
89%
Metacritic:
77%
Filmow
(média geral): 4,0
Adoro
Cinema (adorocinema): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
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