O quê torna um filme de terror bom? Sustos?
Sangue? Seres disformes? Atmosfera aterradora? Protagonistas cativantes? It: A
Coisa tem todos esses ingredientes, mas será que de forma cadenciada?
Baseado no best-seller de Stephen King, o livro
é um ícone da cultura geek e, dentre muitos de seus fatores de notoriedade, o
palhaço Pennywise indubitavelmente é um símbolo entre os adeptos do romance e
da película, e é por ele que vamos começar. Extremamente bizarro, de sorriso
macabro e trejeitos grotescos, o intérprete do personagem (Bill Skarsgård)
incorpora com maestria toda a excentricidade da criatura que não faz feio ao
amedrontar, aspecto que é salientado pelos monstros hediondos que tomam forma e
a sanguinolência que incrementa, de muitas maneiras, passagens horripilantes.
Em contraparte, as crianças também desempenham um belo e contundente trabalho, Richie
(Finn Wolfhard) como o carismático e inconveniente tagarela, Eddie (Jack
Grazer) com seus ataques neuróticos, Bill (Jaeden Lieberher) com sua gaguez,
Georgie (Jackson Scott) com sua inocência e desespero, Ben (Jeremy Taylor) tímido
e desengonçado e Beverly (Sophia Lillis) com sua simpatia e horror nos devidos
momentos. Já Stanley (Wyatt Oleff) e Mike (Chosen Jacobs) são os mais apáticos
em suas performances e os mais deslocados no enredo conforme o menor destaque,
o entrecho não soube lidar com a vasta gama de personagens e explorá-los com a adequada
harmonia. Ademais, deve-se ressaltar a excelente dinâmica entre os membros do
Clube, dinâmica que enfatiza os vínculos compactos de amizade e transmite com
genuinidade as características da idade, seja no linguajar, interesses e até na
forma como se comportam frente a distintas situações. Além, os mesmos,
responsáveis pela descontração do script, inteiram passagens de ócio em meio ao
terror reiteradas pela produção com divertidos requintes funcionais de slow motion.
Apesar do elenco mirim e o clima nostálgico
(que certamente agradará os fãs de Stranger Things [leia aqui]), It não é voltado para o
público infantil, o que fica evidente consoante às cenas fortes e os temas
densos. No entanto, embora pincele alguns dos conflitos de seus protagonistas,
procure lidar com o forte conteúdo do abuso infantil e das várias nuances das
incorporações do medo, o longa é realizado de modo um tanto quanto apressado, o
que não permite a apropriada profundidade em tais arcos e não o deixe tão
dramático quanto pretende. Esta pressa também pode ser constatada na inclusão
dos integrantes na equipe, visto que Beverly, Ben e Mike simplesmente aparecem
durante inusitadas circunstâncias e já são imediatamente aceitos, o que faz da
inserção pouco orgânica. Outro elemento que incomoda diz respeito aos
estereótipos presentes, como é nítido na imagem dos valentões que molestam os
protagonistas que, apesar de condizente a trama, é maçante e faz tentativa
barata de transmitir alguma mensagem sobre o bulliyng.
Corroborando ao cenário saudosista, destaca-se
a potente, característica e envolvente trilha sonora. Agora, falando em
confecção de atmosfera, o filme é bem tenebroso em suas investidas e
surpreendente no uso de certos jumpscares, porém frustrante no uso óbvio do
recurso em outros momentos e na falta de ousadia em determinadas escolhas
previsíveis do roteiro. Todavia, o longa, exímio em estarrecer, o faz com
primor ao usufruir de closes que focam, de maneira atemorizadora, nas bisonhas
feições das aberrações em realce que dialoga, em outros segmentos, com uma
câmera diagonalmente distorcida para exaltar a tensão corrente. Também é
obrigatório frisar a opção do script em executar sua estória quando de dia, o
que foge dos clichês do gênero e deixa as sequências inteligíveis, entretanto,
quando num ambiente mais escuro, as cenas continuam acertadamente perceptíveis.
It: A Coisa é desequilibrado, afoito e pouco audacioso,
mas entretém, imerge, assusta e jamais se torna insípido.
Matheus J. S. 7
Sendo um dos lançamentos mais aguardados de
2017, It teve uma grande repercussão e uma grande quantidade de críticas
positivas que contribuíram para que fosse um dos filmes mais assistidos no
período.
Este remake de 1990 é uma adaptação de um dos
livros de maior sucesso do mestre do terror Stephen King, os quais li e assisti
após a epidemia dos palhaços que ocorreu em 2016 provavelmente como forma de
marketing do novo longa. Na época, o livro me conquistou e a obra televisiva, mediante as limitações financeiras e tecnológicas, me agradou, deixando a
expectativa e ansiedade ficarem em alta para o consumo desta nova versão.
Obviamente há duas maneiras distintas de
discorrer sobre a mesma, que depende de ter ou não uma experiência anterior com
a obra, o que incita as comparações entre as versões. No geral, a nova
adaptação tem maior destaque no âmbito da exploração da imagem de Pennywise,
que tem um aspecto bem sinistro como vemos nos seguimentos de terror logo nos
primeiros momentos do longa.
A trama é conduzida de uma maneira corrida,
dificultando o envolvimento do apreciador com a estória e muito menos
desenvolver alguma empatia com os personagens. Talvez o menos prejudicado com
isto seja Finn Wolfhard, ator que interpreta o personagem de Richie Tozier,
este que difere de seu personagem mais famoso de Stranger Things (leia aqui), o qual por
tabela possa ter transferido um pouco do afeto do público da série.
A segunda parte da produção está em andamento e
evidenciará a trama com os personagens na fase adulta, este fato cria a
possibilidade de algo mais elaborado, podendo ser até surpreendente dependendo
da forma como será feita esta transição.
Por enquanto, apenas explorar o impacto de imagem
sem a boa amarração com o enredo não foi suficiente e em alguns momentos até
decepcionante perante o alarde causado e a fonte de que se origina esta
película.
leonejs
7
Mesmo sendo considerado um filme de terror,
este não me assustou, ou me deu medo, e isto é algo ruim? Não, pois mesmo que
ele tente, ele explora outras particularidades do terror também, tendo sucesso
na maioria das cenas em que estão presentes. E, além destes fatores, o longa
também possui um pouco de comédia e aventura, sendo estes juntos tão
importantes quanto o próprio terror.
Gostei bastante dos personagens que receberam
maior atenção no grupo principal (Richie, Bill, Eddie e Beverly, ademais do Ben
que, embora pertinente ao enredo, não tenha me afeiçoado a ele), todos
possuindo características marcantes, sendo estes mais relevantes do que os
outros (Stanley e Mike), além de serem mais legais e proporcionarem toda a
comédia. Talvez os outros a que me referi ganhem alguma importância em sua
sequência.
Uma das únicas coisas que me incomodou foram
algumas poucas cenas entre as quais o palhaço aparece tentando assustar ou
pegar alguém, mas não faz o que seria mais conveniente, como, por exemplo,
ficar se debatendo enquanto vai em direção ao seu alvo ou dançar de modo estranho
(uma cena que gerou vários memes na internet), sendo que esta última até me deu
um pouco de vergonha. Não sei se as mesmas aparecem no livro ou na película de
1990, pois se não aparecem, seria melhor não existirem ou serem mais
elaboradas.
It: A Coisa é um bom filme, mas poderia ser
melhor, e o recomendo até para quem não gosta de filmes de terror, pois este
possui muito mais do que apenas o gênero insinua.
Murillo J. S. 8,5
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 7 de
setembro de 2017 (2h 15min)
Direção: Andy Muschietti
Elenco: Bill Skarsgård, Jaeden
Lieberher, Finn Wolfhard…
Gêneros: Terror; Suspense
Nacionalidade: EUA
Sinopse (Adoro Cinema):
Um grupo de sete adolescentes de Derry, uma
cidade no Maine, formam o auto-intitulado "Losers Club". A pacata
rotina da cidade é abalada quando crianças começam a desaparecer e tudo o que
pode ser encontrado delas são partes de seus corpos. Logo, os integrantes do "Losers
Club" acabam ficando face a face com o responsável pelos crimes: o palhaço
Pennywise.
Avaliação:
IMDb:
7,7
Rotten:
85%
Metacritic:
70%
Filmow
(média geral): 4,1
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 4,0/5,0
Kontaminantes (média): 7,5
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