Ao se assistir um filme, emoções como desapontamento,
decepção e insatisfação são comuns. No entanto, se imagine tendo em mãos o
poder de confecção autoral de sua obra predileta. Pois bem, foi o que assíduos
fãs de Harry Potter fizeram.
Embora a dedicação e o trabalho de adoradores
comuns, mesmo com todos empecilhos, em criar um fã-filme seja reconhecível, o
longa tropeça justamente na concepção de sua essência, ou seja, a falta de uma
diretriz concreta. Isto é, a película apresenta muitas vertentes as quais
nenhuma é aprofundada devidamente, acarretando em um roteiro atropelado e pouco
conciso, o que é visível na ausência de objetividade e foco contínuo em
Voldemort que deveria ser o grande destaque, como o próprio título da produção
sugere. De suposto protagonista, o Lorde das Trevas passa a simples coadjuvante
de sua própria estória e, além de sua transformação de aluno a assassino
impiedoso não ser explorada e se impor de forma repentina, o personagem não
recebe o desenvolvimento esperado, bem como seus ideais e aspectos
concernentes, ademais do tempo de tela ser pouco e a incorporação nada
estarrecedora. Fatores fundamentais de sua infância, círculo familiar e
vínculos em Hogwarts também são deixados de lado, elementos que provavelmente
devem ser os mais frustrantes para os fãs. Em contraparte, o filme faz questão
de realçar com veemência os quatro herdeiros, que é quando o longa também não
funciona, visto que a dinâmica entre os mesmos é artificial, não se estabelece
empatia entre público e personagens, os diálogos são desastrosos e os atores
canastrões (assim como todos envolvidos no projeto). Além, o espaço atribuído
aos respectivos indivíduos poderia ter sido dado a figuras de maior relevância
no histórico de Tom Riddle. A película é apenas realmente produtiva durante seu
diálogo central, mas não por conta de sua qualidade, e sim pelo revelar de
informações interessantes e a consequente introdução de mistérios (que, futura
e infelizmente, são mal-ajambrados).
Aproveitando o gancho, os diálogos são demasiado
expositivos, a película poderia deixar o espectador apreciar e deduzir mais ao
invés de frequentemente se autoexplicar. A magia e sequências mais frenéticas,
bem introduzidas em seus primórdios, logo são gratuitamente esbanjadas,
gastando um recurso financeiro que poderia ter sido utilizado no salário de um
roteirista ou em cursos de teatro. Os inúmeros cortes-sequência provavelmente
servem para mascarar contratempos de set ou esquecimento de falas, enquanto o
frisar de bocas e olhos é mais uma tentativa vaga e pretensiosa de enquadrar
expressividade onde se sobressai o blasé. Entretanto, o longa não somente se
encarrega de pontos negativos. Os efeitos especiais são convincentes e
realistas, a filmagem é limpa e engrandece suas exuberantes e características
paisagens, o figurino é fantástico e correspondente (certamente não se nota que
foi concebido por amadores), a trilha sonora é boa e bem encaixada, os cenários
são bem construídos, os flashbacks são narrativamente funcionais e a
reviravolta final é inesperada e agradável, além de erros grotescos de produção
não serem aparentemente perceptíveis.
No mais, Hogwarts é facilmente identificável, o
quê condiz com o belo trabalho de efeitos. Todavia, o castelo não é abordado, o
que é desencantador, bem como a não aparição de importantes figuras que
deveriam ter um posicionamento frente ao implacável vilão que se levanta,
investida que poderia dialogar com determinadas menções que serão reconhecíveis
aos fãs.
Voldemort: A Origem do Herdeiro é falho e
inconsistente, mas deve-se relevar o fato de que foi feito por pessoas
inexperientes em tal âmbito e está longe de ser o pior filme do planeta.
Matheus J. S. 5
Muitos pontos devem ser analisados para se
poder dar uma opinião justa sobre esse fan film que mostra que os fãs de Harry
Potter continuam ávidos por mais do mundo bruxo, fato que justifica o grande
número de visualizações no youtube em pouco tempo.
Outra vertente seria o real propósito da
produção. Promoção, dinheiro, diversão, paixão? Sendo as duas últimas hipóteses
verdadeiras, temos que dar os parabéns pela iniciativa, logo que tal empreitada
é composta por horas árduas de trabalho, falta de fundos e apoio, momentos de
desespero que podem levar a desistência, mas a paixão prevalece, a determinação
retorna e os objetivos são alcançados.
As considerações a seguir são consequência dos
pensamentos expressados nas frases anteriores somados às expectativas de um
consumidor de fantasia que embarcou nos filmes e viajou nos livros desta
franquia.
Sendo a primeira experiência com fan film não
tenho parâmetro para comparação neste quesito, fazendo que expectativas tenham
um peso maior no âmbito geral. A qualidade de vídeo superou o esperado. Os
efeitos especiais, quando explorados, são eficientes para o entretenimento proposto,
destaque para magia de deslocamento. Os cortes-sequência, com a função de
mascarar efeitos mais complexos, funcionam e pouco comprometem. As atuações no
geral são fracas, o personagem de Voldemort se destaca um pouco dos demais e
aqueles militares russos mascarados no combate com Grisha ficam bem aquém. E o
plot twist é inesperado e deixa várias incógnitas.
A trama e o enredo não cobrem as expectativas
que foram geradas com a divulgação e o título, enquanto se espera uma estória
sobre Voldemort que contemple toda sua trajetória desde a infância até o início
da saga de Harry, incorporando acontecimentos que não foram abordados,
personagens apenas citados junto com o que é mostrado no livro e filme, nos é
mostrado flashbacks de algo que pouco colabora com os feitos “Daquele que Não
Deve Ser Nomeado”, nem as referências ajudam para o desenvolvimento da
produção. Em síntese, o que vemos é mais similar àqueles episódios de séries
que não agregam conteúdo ao todo.
Voldemort: A Origem do Herdeiro prende pela
curiosidade e torcida, é aceitável tecnicamente, mas incompleto e inconsistente
para a imensidade do universo dos bruxos.
leonejs
6,5
Não esperava nada do filme por estar sendo
criado por fãs, mas fui surpreendido, tanto por não ser ruim e por levar um ritmo
diferente do que esperava.
Algo que senti falta foi os feitiços que se
diferenciam daqueles que aparecem na estória (a maioria feito em duelos), sendo
todos aqueles que já apareceram em outros longas da saga.
A película possui algumas falhas que interferem
muito em sua qualidade, a atuação dos atores, diálogos ruins e um roteiro que
poderia ser melhor trabalhado. As atuações até que são justificáveis, pois o
filme não foi produzido por uma grande produtora, e os diálogos ruins já eram
esperados, sendo que vários longas bons de grande orçamento possuem o mesmo
defeito (principalmente do gênero ação). Mas o enredo poderia ser bem melhor se
houvesse uma maior duração, onde mais coisas poderiam ser exploradas.
Voldemort: A Origem do Herdeiro é inferior aos
outros títulos da franquia, contudo, por se passar no mesmo universo de Harry
Potter, é um filme a mais para todos que admiram essa saga.
Murillo J. S. 7
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento: 13 de janeiro de 2018 (youtube)
Data de lançamento: 13 de janeiro de 2018 (youtube)
Direção: Gianmaria Pezzato
Elenco: Stefano Rossi, Gelsomina
Bassetti, Andrea Baglio…
Gêneros: Fantasia; Aventura
Nacionalidade: Reino Unido
Sinopse (Adoro Cinema):
Tom Riddle (Stefano Rossi) sai da escola de Hogwarts
e vai trabalhar na Borgin e Burkes, passando a coletar Horcruxes. Além, ganha
realce a misteriosa morte da herdeira de Lufa-Lufa, Hepzibah Smith (Gelsomina
Bassetti) em 1943, que foi supostamente envenenada por seu elfo doméstico.
Avaliação:
IMDb:
6,3
Filmow
(média geral): 3,1
Adoro
Cinema (usuários): 3,3
Kontaminantes (média): 6
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