24 de dezembro de 2019

Kontaminantes ☣ , Klaus , Animação-filme , Filmes ,

Klaus

Pôster


Muito além de um feriado que celebra o nascimento de Cristo, o Natal marca uma época de festividades e confraternização. Partindo desse princípio, Klaus é a pedida perfeita para o vinte e cinco de dezembro.
Introdutoriamente é importante frisar que Klaus não é um filme inovador, tampouco inventivo. Contudo, vale dizer que o longa, apesar da estrutura convencional, não se exime completamente de criatividade, haja visto que o enredo se aproveita de elementos tradicionais da cultura do Papai Noel para escrutinar os fatores originários dos mesmos. Afinal, quem nunca se perguntou por que o bom velhinho usa roupa vermelha? De onde surgiu a ideia de deixarem biscoitos a ele? Como ele desce por chaminés, mesmo com o físico tão robusto? São essas pequenas indagações que o longa se propõe a explorar, respondendo-as por intermédio de coincidências ou eventuais casualidades que culminam em circunstâncias que contextualizam com naturalidade os respectivos itens tidos até então como incógnitas.
A confecção visual de Klaus é tipicamente cartunesca, com os personagens fisicamente exagerados salientando o tom pueril da obra. No que lhe diz respeito, a trilha é vigorosa e dita a cadência rítmica da película, enquanto o roteiro encontra força na carisma e interação de seus principais semblantes. Isto é, embora não se possa afirmar que Jesper e Klaus despontem como uma das melhores duplas que o audiovisual animado já viu, um faz o contraponto do outro, criando uma sintonia cênica prazerosa de se acompanhar. Ao passo que Jesper é falante e extrovertido, Klaus é mais acanhado e solene, completando uma dinâmica de personalidades antagônicas que, em contrapartida, poderia render muito mais substância do que é vagamente extraído, fazendo o espectador lamentar o potencial desperdiçado de uma relação que merecia muito mais miolo.
Remetente à concepção individual de cada um, Jesper dispara como o rosto mais fácil de simpatizar, fazendo um jovem burguês relaxado, preguiçoso, folgado e covarde que sempre encontra uma maneira de se livrar das tarefas designadas a ele, por mais simples que sejam; o humor da trama provém majoritariamente de seu caráter fanfarrão. No entanto, o relacionamento com seu pai, sublinhado em determinados trechos, jamais ganha camadas e termina como algo avulso no texto. (SPOILERS A SEGUIR) Da mesma forma é trabalhado o vínculo afetivo do personagem com a professora Alva: eles não tinham que formar um casal, a amizade dos dois já engajava o entrecho de modo bastante fluido; tornou-se forçado, óbvio e anticlimático. (FIM DOS SPOILERS)
Por sua vez, a dramatização do passado de Klaus é totalmente formulaica, sendo brevemente traçada apenas para justificar a idiossincrasia soturna do mesmo e fornecer um direcionamento narrativo simplório de se projetar. As participações do barqueiro são bem-vindas e contagiantes, enquanto as periódicas inclusões da menininha estrangeira não falante do idioma comum aos personagens, são fofas e enternecedoras. No mais, são essas figuras que propiciam o palco para o desenrolar de uma estória que, apesar de previsível, evoca eficazmente mensagens de paz, união, solidariedade e harmonia.
Em suma, Klaus, em virtude dos vários problemas, teria tudo para ser um filme medíocre, mas não o é; as qualidades se sobressaem aos defeitos, e o forte senso de aventura e entretenimento molda um espirituoso conto natalino que se faz prezar seu principal festejo.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 15 de novembro de 2019
Direção: Sergio Pablos
Elenco: Rodrigo Santoro, Fernanda Vasconcellos, Daniel Boaventura…
Gênero: Animação
Nacionalidades: Espanha e EUA

Sinopse (Adoro Cinema):        
Em Smeerensburg, remota ilha localizada acima do Círculo Ártico, Jesper (Jason Schwartzman) é um estudante da Academia Postal que enfrenta um sério problema: os habitantes da cidade brigam o tempo todo, sem demonstrar o menor interesse por cartas. Prestes a desistir da profissão, ele encontra apoio na professora Alva (Rashida Jones) e no misterioso carpinteiro Klaus (J.K. Simmons), que vive sozinho em sua casa repleta de brinquedos feitos a mão.

Avaliação:
IMDb: 8,3
Rotten: 93%
Metacritic: 64%
Filmow (média geral): 4,4
Adoro Cinema (usuários): 4,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
Avaliação

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