Muito além de um feriado que celebra o
nascimento de Cristo, o Natal marca uma época de festividades e confraternização.
Partindo desse princípio, Klaus é a pedida perfeita para o vinte e cinco de
dezembro.
Introdutoriamente é importante frisar que Klaus
não é um filme inovador, tampouco inventivo. Contudo, vale dizer que o longa,
apesar da estrutura convencional, não se exime completamente de criatividade,
haja visto que o enredo se aproveita de elementos tradicionais da cultura do
Papai Noel para escrutinar os fatores originários dos mesmos. Afinal, quem nunca
se perguntou por que o bom velhinho usa roupa vermelha? De onde surgiu a ideia
de deixarem biscoitos a ele? Como ele desce por chaminés, mesmo com o físico tão
robusto? São essas pequenas indagações que o longa se propõe a explorar,
respondendo-as por intermédio de coincidências ou eventuais casualidades que
culminam em circunstâncias que contextualizam com naturalidade os respectivos
itens tidos até então como incógnitas.
A confecção visual de Klaus é tipicamente
cartunesca, com os personagens fisicamente exagerados salientando o tom pueril
da obra. No que lhe diz respeito, a trilha é vigorosa e dita a cadência rítmica
da película, enquanto o roteiro encontra força na carisma e interação de seus
principais semblantes. Isto é, embora não se possa afirmar que Jesper e Klaus
despontem como uma das melhores duplas que o audiovisual animado já viu, um faz
o contraponto do outro, criando uma sintonia cênica prazerosa de se acompanhar.
Ao passo que Jesper é falante e extrovertido, Klaus é mais acanhado e solene, completando
uma dinâmica de personalidades antagônicas que, em contrapartida, poderia
render muito mais substância do que é vagamente extraído, fazendo o espectador
lamentar o potencial desperdiçado de uma relação que merecia muito mais miolo.
Remetente à concepção individual de cada um, Jesper
dispara como o rosto mais fácil de simpatizar, fazendo um jovem burguês relaxado,
preguiçoso, folgado e covarde que sempre encontra uma maneira de se livrar das tarefas
designadas a ele, por mais simples que sejam; o humor da trama provém
majoritariamente de seu caráter fanfarrão. No entanto, o relacionamento com seu
pai, sublinhado em determinados trechos, jamais ganha camadas e termina como algo avulso no texto. (SPOILERS A SEGUIR) Da mesma forma é trabalhado o
vínculo afetivo do personagem com a professora Alva: eles não tinham que formar
um casal, a amizade dos dois já engajava o entrecho de modo bastante fluido;
tornou-se forçado, óbvio e anticlimático. (FIM DOS
SPOILERS)
Por sua vez, a dramatização do passado de Klaus
é totalmente formulaica, sendo brevemente traçada apenas para justificar a
idiossincrasia soturna do mesmo e fornecer um direcionamento narrativo simplório
de se projetar. As participações do barqueiro são bem-vindas e contagiantes, enquanto
as periódicas inclusões da menininha estrangeira não falante do idioma comum
aos personagens, são fofas e enternecedoras. No mais, são essas figuras que
propiciam o palco para o desenrolar de uma estória que, apesar de previsível, evoca
eficazmente mensagens de paz, união, solidariedade e harmonia.
Em suma, Klaus, em virtude dos vários problemas,
teria tudo para ser um filme medíocre, mas não o é; as qualidades se sobressaem
aos defeitos, e o forte senso de aventura e entretenimento molda um espirituoso
conto natalino que se faz prezar seu principal festejo.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 15
de novembro de 2019
Direção: Sergio Pablos
Elenco: Rodrigo Santoro, Fernanda
Vasconcellos, Daniel Boaventura…
Gênero: Animação
Nacionalidades: Espanha e EUA
Sinopse (Adoro Cinema):
Em Smeerensburg, remota ilha localizada acima
do Círculo Ártico, Jesper (Jason Schwartzman) é um estudante da Academia Postal
que enfrenta um sério problema: os habitantes da cidade brigam o tempo todo,
sem demonstrar o menor interesse por cartas. Prestes a desistir da profissão,
ele encontra apoio na professora Alva (Rashida Jones) e no misterioso
carpinteiro Klaus (J.K. Simmons), que vive sozinho em sua casa repleta de
brinquedos feitos a mão.
Avaliação:
IMDb:
8,3
Rotten:
93%
Metacritic:
64%
Filmow
(média geral): 4,4
Adoro
Cinema (usuários): 4,3
Kontaminantes
(Matheus J. S.): 7
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