O jornalismo é uma das profissões que, de tempos em tempos, se destaca no âmbito cinematográfico. Será que The Post faz jus aos grandes nomes do gênero?

Primeiro de tudo, é impossível não se fazer comparações com o impecável Spotlight, filme que segue a trajetória duma equipe de jornalistas que desmascara e traz a público o polêmico esquema de encobrimento dos abusos sexuais da Igreja Católica. E, mediante estas comparações, também se é impossível não perceber as obvias similaridades. Não apenas usufruindo do mesmo formato narrativo (investigação, contratempos e uma forte oposição com a qual lidar), Spielberg vai além e se apropria do recente sucesso do longa de 2015 como impulsor para venda e desenrolar de sua estória, chegando até, deliberada e descaradamente, a construir sequências praticamente idênticas a da película de 3 anos atrás. The Post tenta ser uma espécie de Spotlight, e isto não seria problema desde que o filme seguisse os mesmos padrões de qualidade, o que não acontece exatamente a partir do momento em que a produção opta por andar com suas próprias pernas.

Isto é, a personagem Kay Graham, que tem grande destaque no longa, também é um de seus principais problemas. A subtrama da mesma é anticlimática, imposta a quebrar o engajamento de momentos de grande agitação no entrecho - estes que o sustentam - e, visto a falta de carisma da respectiva, suas passagens de drama individual, mesmo que relevantes, são enfadonhas. É a persona com maior realce e a que menos funciona. De forma completamente oposta, encontra-se o personagem Ben Bradlee que, mesmo com menor tempo de tela, se responsabiliza por grande parte do dinamismo da produção, é cativante e pragmático. Seu intérprete, Tom Hanks, está bem no papel, firmando uma postura astuta e imponente, já Meryl Streep se porta como a Meryl Streep que todos conhecem e Saul Goodman (quer dizer, Bob Odenkirk), outro nome de reputação no elenco, está pouco mais sério que durante a performance que lhe marcou a carreira. Estes, somados a algumas outras figuras, quando em ação e conjunto - pesquisando e analisando - se encarregam pela instigação e trilhar do enredo. 

Outra nequice do roteiro diz respeito à lânguida textura com a qual se direciona sua principal mensagem. Embora o contexto seja de suma relevância e a película consiga eloquentemente exaltar o valor jornalístico como veículo de espairecimento ao cidadão comum frente ao conturbado cenário nacional, ademais da convincente personificação do Estado como antagonista, a produção se mostra isenta de fatores que comprovem o que se é objetivado, falta exemplos, o filme foca na teoria e se esquece da prática. Em outras palavras, o pequeno segmento inicial que incorpora a Guerra do Vietnã e os poucos vislumbres de manifestações pelo país não são suficientes para elucidar o fato tratado somente no campo hipotético, não sente-se o genuíno peso da omissão daquelas informações. É claro que este não é o propósito fundamental do longa, no entanto, uma dosagem mais atenciosa para com tais elementos seria de maior produtividade para a película.

Em suma, The Post é um filme genérico e com pouca contextualização entre suas camadas, mas que tem seus acertos e mantém como alicerce um importante assunto que merece ser debatido.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Me Chame Pelo Seu Nome

A Forma da Água

Ficha Técnica (Adoro Cinema):

Data de lançamento (Brasil): 25 de janeiro de 2018 (1h 55min)

Direção: Steven Spielberg

Elenco: Meryl Streep, Tom Hanks, Sarah Paulson…

Gêneros: Drama; Suspense

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Google):

Ben Bradlee (Tom Hanks) e Kat Graham (Meryl Streep), editores do The Washington Post, recebem um enorme estudo detalhado sobre o controverso papel dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã e enfrentam de tudo para publicar os bombásticos documentos.

Avaliação:

IMDb: 7,4

Rotten: 88%

Metacritic: 83%

Filmow (média geral): 3,7

Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,0/4,5

Kontaminantes (Matheus J. S.): 6

The Post: A Guerra Secreta

O jornalismo é uma das profissões que, de tempos em tempos, se destaca no âmbito cinematográfico. Será que The Post faz jus aos grandes nomes do gênero?

Primeiro de tudo, é impossível não se fazer comparações com o impecável Spotlight, filme que segue a trajetória duma equipe de jornalistas que desmascara e traz a público o polêmico esquema de encobrimento dos abusos sexuais da Igreja Católica. E, mediante estas comparações, também se é impossível não perceber as obvias similaridades. Não apenas usufruindo do mesmo formato narrativo (investigação, contratempos e uma forte oposição com a qual lidar), Spielberg vai além e se apropria do recente sucesso do longa de 2015 como impulsor para venda e desenrolar de sua estória, chegando até, deliberada e descaradamente, a construir sequências praticamente idênticas a da película de 3 anos atrás. The Post tenta ser uma espécie de Spotlight, e isto não seria problema desde que o filme seguisse os mesmos padrões de qualidade, o que não acontece exatamente a partir do momento em que a produção opta por andar com suas próprias pernas.

Isto é, a personagem Kay Graham, que tem grande destaque no longa, também é um de seus principais problemas. A subtrama da mesma é anticlimática, imposta a quebrar o engajamento de momentos de grande agitação no entrecho - estes que o sustentam - e, visto a falta de carisma da respectiva, suas passagens de drama individual, mesmo que relevantes, são enfadonhas. É a persona com maior realce e a que menos funciona. De forma completamente oposta, encontra-se o personagem Ben Bradlee que, mesmo com menor tempo de tela, se responsabiliza por grande parte do dinamismo da produção, é cativante e pragmático. Seu intérprete, Tom Hanks, está bem no papel, firmando uma postura astuta e imponente, já Meryl Streep se porta como a Meryl Streep que todos conhecem e Saul Goodman (quer dizer, Bob Odenkirk), outro nome de reputação no elenco, está pouco mais sério que durante a performance que lhe marcou a carreira. Estes, somados a algumas outras figuras, quando em ação e conjunto - pesquisando e analisando - se encarregam pela instigação e trilhar do enredo. 

Outra nequice do roteiro diz respeito à lânguida textura com a qual se direciona sua principal mensagem. Embora o contexto seja de suma relevância e a película consiga eloquentemente exaltar o valor jornalístico como veículo de espairecimento ao cidadão comum frente ao conturbado cenário nacional, ademais da convincente personificação do Estado como antagonista, a produção se mostra isenta de fatores que comprovem o que se é objetivado, falta exemplos, o filme foca na teoria e se esquece da prática. Em outras palavras, o pequeno segmento inicial que incorpora a Guerra do Vietnã e os poucos vislumbres de manifestações pelo país não são suficientes para elucidar o fato tratado somente no campo hipotético, não sente-se o genuíno peso da omissão daquelas informações. É claro que este não é o propósito fundamental do longa, no entanto, uma dosagem mais atenciosa para com tais elementos seria de maior produtividade para a película.

Em suma, The Post é um filme genérico e com pouca contextualização entre suas camadas, mas que tem seus acertos e mantém como alicerce um importante assunto que merece ser debatido.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Me Chame Pelo Seu Nome

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):

Data de lançamento (Brasil): 25 de janeiro de 2018 (1h 55min)

Direção: Steven Spielberg

Elenco: Meryl Streep, Tom Hanks, Sarah Paulson…

Gêneros: Drama; Suspense

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Google):

Ben Bradlee (Tom Hanks) e Kat Graham (Meryl Streep), editores do The Washington Post, recebem um enorme estudo detalhado sobre o controverso papel dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã e enfrentam de tudo para publicar os bombásticos documentos.

Avaliação:

IMDb: 7,4

Rotten: 88%

Metacritic: 83%

Filmow (média geral): 3,7

Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,0/4,5

Kontaminantes (Matheus J. S.): 6