Dar continuidade a uma obra que se encerrou com estrondosos aplausos trinta e sete anos atrás, com certeza é uma atitude muito mais que arriscada. Entretanto, a Disney parece não se importar com os riscos, afinal, é exatamente isto que ela faz com Star Wars.

A priori, convém frisar que O Despertar da Força bebe bastante dos filmes originais. Há muitas semelhanças particularmente com o Episódio IV, desde objetos e personagens até articulações narrativas. Como exemplo, destaca-se a criação de uma nova estação espacial bélica, a qual é impossível não ser vinculada à Estrela da Morte; o visual de Kylo Ren automaticamente remete ao icônico vestuário de Darth Vader; e o início da estória, com a fuga de um droide contendo uma peça fundamental para o triunfo da Resistência, praticamente recicla os primórdios de Uma Nova Esperança. Sobretudo, tais similaridades, ainda que despertem o senso nostálgico, delatam um comodismo do roteiro ao reutilizar elementos já maturados pela franquia; eficiente ou não, é um caminho fácil a ser seguido.

Dentre os novos personagens, três se destacam: Rey, Finn e Poe. Tocante à protagonista, a mesma faz o típico herói cinematográfico: pobre, detentora de uma vida laboriosa e a mais improvável das escolhidas para salvar a galáxia, além de altruísta, resoluta e pertinaz. No entanto, ainda que genérica, é difícil não simpatizar com a persona. Já Finn tem carisma e um arco com potencial a ser sazonado em longas vindouros, ao passo que Poe, mesmo com pouco tempo em tela, articula-se praticamente como uma cópia descarada de Han Solo, em uma tentativa falha de ser o "alívio cômico" da nova trilogia. Nesse sentido, a comicidade surte efeito apenas de forma esporádica, sendo ofuscada por constantes frases de efeito e irritantes gritinhos de vitória.

(SPOILERS A SEGUIR) Aproveitando a menção ao mais famoso contrabandista do universo, sua presença, além de entusiástica por si só, concatena-se diretamente ao plot de Kylo Ren estimulando a dualidade do personagem. Ademais, sua morte, ao correr do terceiro ato, desponta como o momento emocionalmente mais impactante de toda a película; é uma investida assaz ousada, visto que Han Solo sempre foi um dos semblantes mais queridos do público, sem falar que sua saída do elenco possibilita que os novos personagens recebam maior enfoque. (FIM DOS SPOILERS)

Concernente ao novo grande antagonista Líder Supremo Snoke, embora haja poucas informações a seu respeito, pode-se afirmar que ele é misterioso, tem presença de tela e um design marcante. Dito isso, assim como a introdução de um novo vilão, Star Wars VII encarrega-se de inocular parâmetros inusitados a saga, o que, inobstante, praticamente contradiz padrões e conceitos anteriormente estabelecidos na série. Vale salientar que o roteiro também se mostra autoindulgente ao utilizar desinibidas facilitações narrativas e orquestrar sequências logicamente (dentro dos axiomas Star Wars) inexplicáveis.

No mais, o filme é tecnicamente irretocável. Se Guerra nas Estrelas era referência gráfica e estética nos anos 70, o sétimo episódio da franquia faz o mesmo perante a nova geração, justificando mais do que merecidamente a indicação ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 2016. Portanto, o longa é visualmente impressionante, verossímil e exuberante. Destarte, as cenas de combate são inteligíveis e puramente recreativas.

Em suma, Star Wars: O Despertar da Força entretém, diverte e resgata com louvor o espírito saudosista da década de 70.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

Comente, Compartilhe e Siga Nosso Blog

Ficha Técnica:

Data de lançamento (Brasil): 17 de dezembro de 2015

Direção: J.J. Abrams

Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver…

Gênero: Aventura

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Google):

A queda de Darth Vader e do Império levou ao surgimento de uma nova força sombria: a Primeira Ordem. Eles procuram o jedi Luke Skywalker, desaparecido. A Resistência tenta desesperadamente encontrá-lo antes para salvar a galáxia.

Avaliação:

IMDb: 7,9

Rotten: 93%

Metacritic: 81%

Filmow (média geral): 4,3

Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,6/4,5

Kontaminantes (Matheus J. S.): 7

Star Wars: O Despertar da Força

Dar continuidade a uma obra que se encerrou com estrondosos aplausos trinta e sete anos atrás, com certeza é uma atitude muito mais que arriscada. Entretanto, a Disney parece não se importar com os riscos, afinal, é exatamente isto que ela faz com Star Wars.

A priori, convém frisar que O Despertar da Força bebe bastante dos filmes originais. Há muitas semelhanças particularmente com o Episódio IV, desde objetos e personagens até articulações narrativas. Como exemplo, destaca-se a criação de uma nova estação espacial bélica, a qual é impossível não ser vinculada à Estrela da Morte; o visual de Kylo Ren automaticamente remete ao icônico vestuário de Darth Vader; e o início da estória, com a fuga de um droide contendo uma peça fundamental para o triunfo da Resistência, praticamente recicla os primórdios de Uma Nova Esperança. Sobretudo, tais similaridades, ainda que despertem o senso nostálgico, delatam um comodismo do roteiro ao reutilizar elementos já maturados pela franquia; eficiente ou não, é um caminho fácil a ser seguido.

Dentre os novos personagens, três se destacam: Rey, Finn e Poe. Tocante à protagonista, a mesma faz o típico herói cinematográfico: pobre, detentora de uma vida laboriosa e a mais improvável das escolhidas para salvar a galáxia, além de altruísta, resoluta e pertinaz. No entanto, ainda que genérica, é difícil não simpatizar com a persona. Já Finn tem carisma e um arco com potencial a ser sazonado em longas vindouros, ao passo que Poe, mesmo com pouco tempo em tela, articula-se praticamente como uma cópia descarada de Han Solo, em uma tentativa falha de ser o "alívio cômico" da nova trilogia. Nesse sentido, a comicidade surte efeito apenas de forma esporádica, sendo ofuscada por constantes frases de efeito e irritantes gritinhos de vitória.

(SPOILERS A SEGUIR) Aproveitando a menção ao mais famoso contrabandista do universo, sua presença, além de entusiástica por si só, concatena-se diretamente ao plot de Kylo Ren estimulando a dualidade do personagem. Ademais, sua morte, ao correr do terceiro ato, desponta como o momento emocionalmente mais impactante de toda a película; é uma investida assaz ousada, visto que Han Solo sempre foi um dos semblantes mais queridos do público, sem falar que sua saída do elenco possibilita que os novos personagens recebam maior enfoque. (FIM DOS SPOILERS)

Concernente ao novo grande antagonista Líder Supremo Snoke, embora haja poucas informações a seu respeito, pode-se afirmar que ele é misterioso, tem presença de tela e um design marcante. Dito isso, assim como a introdução de um novo vilão, Star Wars VII encarrega-se de inocular parâmetros inusitados a saga, o que, inobstante, praticamente contradiz padrões e conceitos anteriormente estabelecidos na série. Vale salientar que o roteiro também se mostra autoindulgente ao utilizar desinibidas facilitações narrativas e orquestrar sequências logicamente (dentro dos axiomas Star Wars) inexplicáveis.

No mais, o filme é tecnicamente irretocável. Se Guerra nas Estrelas era referência gráfica e estética nos anos 70, o sétimo episódio da franquia faz o mesmo perante a nova geração, justificando mais do que merecidamente a indicação ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 2016. Portanto, o longa é visualmente impressionante, verossímil e exuberante. Destarte, as cenas de combate são inteligíveis e puramente recreativas.

Em suma, Star Wars: O Despertar da Força entretém, diverte e resgata com louvor o espírito saudosista da década de 70.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:

Data de lançamento (Brasil): 17 de dezembro de 2015

Direção: J.J. Abrams

Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver…

Gênero: Aventura

Nacionalidade: EUA

Sinopse (Google):

A queda de Darth Vader e do Império levou ao surgimento de uma nova força sombria: a Primeira Ordem. Eles procuram o jedi Luke Skywalker, desaparecido. A Resistência tenta desesperadamente encontrá-lo antes para salvar a galáxia.

Avaliação:

IMDb: 7,9

Rotten: 93%

Metacritic: 81%

Filmow (média geral): 4,3

Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,6/4,5

Kontaminantes (Matheus J. S.): 7