15 de outubro de 2018

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A Onda (2008)

Pôster


A responsabilidade de tutelar, moderar e ensinar uma classe de adolescentes em polvorosos não é nada fácil. Por isto, como alusão ao Dia dos Professores, foi escolhido um filme que retrata as repercussões de um ensinamento distinto e como suas ocorrências podem ir muito além de uma sala de aula.
Baseado em eventos reais situados na Califórnia durante os anos 60, A Onda é uma produção que adapta os fatos para o século XXI em solo alemão. Ao ter como cenário a Alemanha, o longa, por si só, já ganha peso, pois, como é questionado na própria película, seria possível que uma ditadura ganhasse força nos dias de hoje, ainda mais em terras germânicas que são marcadas por um dos regimes políticos mais crueis da história? Como fica claro ao se assistir o filme, sim. A grande questão aqui é o porquê, será que os erros do passado não foram capazes de conscientizar o presente?
Ao enfatizar uma geração de jovens despropositada e ramificada, a produção é hábil ao salientar o desamparo desta desde as mais triviais circunstâncias, o que logo vem a ser relevante dado os parâmetros da narrativa. E é ao dar enfoque a tais turbas movidas pela diversão, que o roteiro se impõe tão contundente, levando o espectador a refletir sobre o limite do entretenimento e o niilismo da contemporaneidade. Isto é, ao se pegar uma gama de alunos estafados pelos métodos tradicionais de se ter aula, um professor ímpar e carismático somado a insatisfação dos contratempos diários, o resultado não poderia ser outro, porque o ser humano anseia por novidade, escapismo e significado, e A Onda é brilhante ao destrinchar tais facetas psicológicas de seus personagens.
Aproveitando o gancho, é profícuo se observar a confecção de personalidade das figuras que protagonizam a estória, geralmente fragilizadas e suscetíveis de algum modo. Por isto, mesmo que nos momentos incipientes o enredo não seja tão engajante quando longe do Sr. Wenger, ainda é pertinente ao arco central. Entretanto, há um subnúcleo envolvendo dois personagens (Marco e Lisa) que é completamente dispensável. Fora isto, o ritmo da trama é bastante fluido, seja no gradativo ganhar de proporções que o movimento toma, seja na imposição orgânica de reflexões - tanto em sala de aula quanto na transparência dos acontecimentos em tela - que se referem à autocracia, fanatismo, segregações e liberdade de expressão.
Com uma trilha sonora calcada no rock'n'roll, o longa imprime agressividade, além dos recursos sonoros, na movimentação de câmera frenética acompanhada de planos entrecortados ao decorrer dos segmentos mais radicais que corroboram com o extremismo conceitual apresentado. Por outro lado, se destacam certos planos-sequência que enaltecem a apreensão das cenas em realce (exponencialmente próximo ao excepcional desfecho).
No mais, A Onda é uma obra ácida, importante e atemporal.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 21 de agosto de 2009
Direção: Dennis Gansel
Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt…
Gênero: Drama
Nacionalidade: Alemanha

Sinopse (Adoro Cinema):
Em uma escola da Alemanha, alunos têm de escolher entre duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra sobre autocracia. O professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é colocado para dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Após alguns minutos da primeira aula, ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome de "A Onda" ao movimento, e escolhem um uniforme e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar "A Onda" pela cidade, tornando o projeto da escola um movimento real. Quando as coisas começam a ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com "A Onda", mas aí já é tarde demais.

Avaliação:
IMDb: 7,6
Filmow (média geral): 4,2
Adoro Cinema (usuários): 4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5
Avaliação

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