Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, O Massacre
da Serra Elétrica, Pânico... e Halloween. O slasher teve seu auge
principalmente durante as décadas de 70 e 80, com pontinhas notórias nos anos
90 e 2000. Porém, quando o gênero começou a saturar, os produtores viram que
estava na hora de dar uma nova oportunidade as obras que marcaram época, o que desencadeou
uma onda de remakes alavancada pelo filme estrelado pelo icônico Leatherface em
2003, que se seguiu em 2009 com a refilmagem do longa protagonizado por Jason,
e se sacramentou em 2010 com a estreia de A Hora do Pesadelo. Nesse meio tempo também
houve o lançamento, em 2007, de Halloween: O Início, película da vez a ser destrinchada.
Contudo, pode-se dizer que as empreitadas não deram muito certas, como bem prova
o filme abordado.
Apesar de ser um remake, Halloween: O Início
diverge em muitos aspectos do longa que o inspirou. O primeiro ato, desenvolvido
durante a infância de Michael, se vangloria como sendo o detentor dos melhores
momentos da película. Este espairece os possíveis motivos que possam ter levado
o Myers a cometer as atrocidades vistas ao longo de todo seu repertório
assassino, explorando tanto a família conturbada do garoto, quanto seus intrínsecos
impulsos violentos. Neste viés, a obra é bastante verossímil, afinal, quantos
não são os relatos acerca de homicidas que iniciaram sua trajetória influenciados
pela instabilidade familiar, seja pelo tratamento hostil dos consanguíneos, ou
pela própria criação deturpada?
Daeg Faerch, ator dinamarquês que você deve
lembrar principalmente da emblemática cena de Hancock em que uma criança é
arremessada ao céu, é o intérprete mirim de Michael. Embora o cineasta a princípio
aparente não ser a opção ideal para o papel, o espectador é surpreendido por
uma performance sinistra e genuinamente aterradora; o ódio no olhar do garoto é
evidente e amedrontador. Além do desempenho interpretativo fascinante, o
personagem possui um excelente tempo de tela onde seu desenvolvimento de
criança psicoticamente propensa a um completo maníaco, acontece de modo natural,
gradativamente mais agressivo e introspectivo. A relação entre Myers e seu
psiquiatra Dr. Loomis é mais bem explorada que no filme de 78, já que o público
pode compreender na prática e com maior dedicação de tempo, como o
relacionamento principiou e evoluiu. Até a obsessão de Michael por máscaras é
abrangida.
Se na produção original o foco narrativo é
instituído por meio da concepção atmosférica, o trabalho de Rob Zombie se identifica
pelo uso exacerbado da sanguinolência. Muito mais cruel, visceral e sangrento,
Halloween: O Início apresenta um Michael Myers desprovido de empatia, remorso, compaixão
ou qualquer tipo de sentimento que exceda sua ânsia por sangue, (SPOILERS A SEGUIR) como fica claro no segmento em que
ele mata o personagem do Danny Trejo por simples convencionalidade sem o mínimo
arrependimento ou consideração pelo tempo que se conhecem e convivem. (FIM DOS SPOILERS) Para
intensificar tais sequências, se utiliza propositadamente uma câmera inquieta de
ângulos variados e big close-ups. O teor sexual igualmente se acentua, porém na
maioria das vezes de forma meramente apelativa. Como adendo e aproveitando a
anterior menção a Danny Trejo, outro ator de realce no elenco é Malcolm
McDowell, ironicamente posto na pele de um psiquiatra que contrasta com seu
papel de maior expressão e as experiências vivenciadas atuando como Alex em
Laranja Mecânica.
Apesar dos elogios até então
ressaltados, Halloween: O Início é uma obra ruim, pelo simples fato que tais
méritos agregam apenas os quarenta primeiros minutos de película. A partir do
momento em que o Michael foge da clínica em que estava internado, o script
decide deixar de lado a inventividade e apostar exclusivamente nos elementos
mais genéricos encontrados. Talvez por preguiça, desleixo, acomodação ou mera
afronta ao assistente que até o momento se divertia, os roteiristas sequer
voltam a se preocupar com o embasamento dramático que havia sido imposto, ao
passo que apinham a trama de clichês, como o da final girl, vítimas gritantes, nudez gratuita,
atitudes burras de adolescentes idiotas e previsibilidades e furos de roteiro
cada vez mais escrachados. Tudo visto na produção setentista é refilmado de uma
maneira decadente, sem inspiração ou tentativas de atribuir algum frescor a
algo já assistido. A experiência torna-se torturante e ofensiva, e pior, o filme
termina de forma totalmente abrupta, como se os próprios integrantes da equipe
produtora se cansassem daquilo tudo.
Halloween: O Início não corresponde,
em termos de qualidade, a si mesmo. Infelizmente o que é apresentado durante um
terço de película não condiz ao apresentado ao correr de quase duas horas.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (EUA): 31 de agosto de 2007
Direção: Rob Zombie
Elenco: Malcolm McDowell, Brad Dourif, Tyler
Mane…
Gênero: Terror
Nacionalidade: EUA
Sinopse (Google):
Michael Myers foge do manicômio onde foi
internado depois de matar parte de sua família. Dezesseis anos depois, volta à
sua cidade, ainda mais cruel e com mais vontade de matar. Seu alvo agora é um
grupo de adolescentes.
Avaliação:
IMDb: 6,1
Rotten:
26%
Metacritic:
47%
Filmow
(média geral): 3,2
Adoro
Cinema (usuários): 3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 4
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