10 de outubro de 2018

Kontaminantes ☣ , Supernatural (12ª Temporada) , Séries ,

Supernatural (12ª Temporada)

Tv



Céu e inferno, anjos e demônios, Deus e Satã, lobisomens e metamorfos, mortes e ressurreições... sim, já se passaram mais de 12 anos desde a estreia de Supernatural. Dentre os vários monstros enfrentados, as várias horas dentro do Impala e os mais de 200 episódios, é possível que a série ainda consiga surpreender?
É evidente para todos que Supernatural jamais se levou a sério. Mesmo em sua era dourada que abrange as cinco primeiras temporadas, o programa manteve a comicidade como um eficiente e engajante recurso narrativo, tanto para conquista do público, quanto para entrelaço das características idiossincráticas de determinadas personas. Da mesma forma, o drama sempre encontrou espaço nas entrelinhas do programa, talvez não com a mesma eficácia e desenvoltura, porém constantemente servindo de diretriz e atribuindo camadas aos personagens.
Neste novo ano não é diferente, já que a arremetida se emaranha a personalidade de Mary quanto a sua realocação ao mundo mais de 30 anos depois de morta. É uma acometida ousada, visto que poderia dar muito errada considerando que Mary nunca foi um rosto regular na série e que sua ausência na vida dos filhos sempre gerou repercussões relevantes para o percurso da produção. No entanto, acaba por ser interessante acompanhar os conflitos gerados por sua volta e a dinâmica que se exerce acerca da família Winchester, ora estruturada pelo êxtase dos filhos com o retorno da mãe, ora abalada pela necessidade de espaço da matriarca.
Supernatural igualmente demonstra zelo ao refletir a inadequação de Mary, seja em seu estranhamento ao lidar com elementos comuns da atualidade, mas distintos de sua época, seja na concepção dos dilemas que sua figura maternal representa tanto para si, quanto para seus filhos. Corroborando, os anseios de Dean e Sam concernentes a segurança de Mary e o medo de serem deixados são frequentemente frisados e bem arquitetados. Nestas empreitadas, o roteiro é muito humano e inteligente, pois o espectador compreende, se apieda e torce por ambos os lados encontrarem felicidade, ainda que angustiadamente inerte sem poder de intervenção.
Outros novos rostos também são apresentados, estes que agregam a corporação dos Homens de Letras britânicos. Seus ideais metódicos, radicais e irredutíveis contrastam com os dos Winchesters e moldam um dos principais plots da temporada, ademais de haver uma explicação plausível para só agora estes darem suas caras. Dentre seus membros, os mais destacados são Davies e Ketch - personas bastante carismáticas -, além de Lady Bevell, figura veementemente realçada durante o início da temporada que posteriormente é simplesmente esquecida e tem um retorno abrupto como forma barata de dar um desfecho a personagem; torna-se dispersa e banal.
A volta de Lúcifer, uma das figuras mais icônicas da série, não pode deixar de ser mencionada. A princípio sob a pele do rockeiro Vince Vincent, o personagem não efetua o mesmo efeito contagiante que o ator Mark Pellegrino tem sobre o público, nem mesmo quando este incorpora o presidente dos EUA. Não que os atores sejam ruins, mas é que o coração dos fãs será eternamente do Mark, além deste, como intérprete do Diabo, ser insuperável em sua mescla perfeita de malícia, sarcasmo e carisma. O arco do personagem está inerentemente vinculado a outras três subtramas bem desenvolvidas: a de Crowley e sua disputa pelo trono do Inferno; a de Castiel e sua culpa em permitir com que o príncipe das trevas vague livremente pela Terra; e a da Kelly e os dilemas de se estar grávida do Capeta.
Falando em Kelly e em um eventual nascimento do Anticristo, a acometida é uma das mais obstinadas do ano, bem como tensa e reflexiva conforme as indagações que surgem da circunstância: um ser deve ser julgado, sem nem mesmo ter nascido, pelo repertório maléfico de seu pai e por sua natureza supostamente nefasta? Ademais, é a partir deste plot que se estabelece o fechamento impactante da temporada repleto de promessas para o ano seguinte.
A 12ª temporada de Supernatural ainda vem com toques nostálgicos ao trazer de volta semblantes conhecidos do assistente, tais como Jody, Claire, Alex, Eillen, Aaron e Gavin, sem falar do encerramento que certas tramas a muito iniciadas conquistam, como a que envolve a Sociedade Thule. Rowena, por sua vez, tem poucas aparições, mas nada pertinente que justifique seu aparecer.
No mais, mesmo que a maioria dos fillers seja passável, alguns episódios se sobressaem individualmente. Celebrating The Life of Asa Fox (12x06) dá aula em sua cenografia minimalista e atmosférica; First Blood (12x09) concebe um empolgante jogo de gato e rato que tem como cereja do bolo uma referência ao ilustre personagem Rorschach (Watchmen); Regarding Dean (12x11) é hilário e triste ao mesmo tempo, expõe todo o talento de Jensen Ackles e relembra a todos porque Dean é o personagem mais engraçado da série; e Stuck in the Middle (With You) (12x12) é uma consentânea homenagem a Cães de Aluguel em todos seus aspectos estéticos e estruturais.
A 12ª temporada de Supernatural, portanto, não é a melhor do programa e muito menos a pior, possui boas guinadas, continua a entreter e prova que a série ainda tem lenha pra queimar.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

Comente, Compartilhe e Siga Nosso Blog
Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 13 de setembro de 2005
Criado por: Eric Kripke
Com: Jensen Ackles, Jared Padalecki, Misha Collins...
País: EUA
Gênero: Fantasia
Status: Em Andamento
Duração (aproximadamente): 40 minutos

Sinopse (Adoro Cinema):
Desde que era pequeno, Sam Winchester (Jared Padalecki) tentava escapar do próprio passado. Após a misteriosa morte de Mary (Samantha Smith), o pai de Sam passou a procurar vingança contra as forças do mal que mataram a esposa, destruindo qualquer ser maligno que cruze o seu caminho. Ao contrário de Sam, Dean (Jensen Ackles), irmão mais velho, sempre quis seguir os passos do pai. Sam está determinado a se livrar do "negócio da família", mas sua vida está prestes a tomar os rumos que ele não desejava, quando ele fica sem escolhas a não ser unir-se ao irmão.

Avaliação (12ª Temporada):
IMDb (2005- ): 8,5
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema (usuários): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 6,5
Avaliação

Nenhum comentário:

Postar um comentário