Quando se fala em Supernatural, é comum que
conceitos como galhofagem, furos de roteiro, despretensão narrativa e atuações
canastronas venham à tona, e, apesar desta 13ª temporada conter todos os
respectivos ingredientes, o grande diferencial está na forma com que são
executados.
Por mais que possa parecer surpreendente, a 13ª
temporada de Supernatural praticamente não possui fillers. Apesar de ser um
método que propicia um assíduo engajamento do público no enredo, maior
quantidade de reviravoltas e um intenso frenesi narrativo, há várias pontas
soltas e arcos iniciados que sequer chegam a ser devidamente abrangidos e muito
menos finalizados, o que acaba denotando uma espécie de desleixo megalomaníaco.
Outras duas grandes distinções deste ano dizem
respeito à ausência do personagem Crowley na trama e a incorporação que
diversos monstros tomam. Antes principal intermediário do público com o
Inferno, a saída de Mark Sheppard não é tão sentida quanto se especulava, já
que Asmodeus (novo "figurão" do pedaço) supre bem a ausência de
Fergus, seja esbanjando carisma, seja vinculando novas facetas à mitologia do
programa. Referente aos monstros mencionados, Supernatural sempre manteve o
costume de ser esteticamente o mínino expositivo (provavelmente por influência monetária),
fazendo com que novos seres fossem inseridos em formatos possessivos sem jamais
mostrar sua real forma (como anjos e demônios), ou em formatos humanoides que
não necessitassem de grandes mudanças físicas (como vampiros e lobisomens). No
entanto, desta vez o espectador tem o privilégio de ver inúmeras criaturas
gosmentas, o que se mostra inusitado e um frescor para a produção.
O ano também traz como protagonista Jack,
nefilim que concebe um dos principais plots da temporada. Pueril, incauto e
descendente de Lúcifer, Jack é uma estranha amálgama de credulidade
potencialmente maléfica. Em constante processo de aprendizagem e
amadurecimento, o personagem demonstra uma inocência cômica bastante similar a
de Castiel, além de ser motriz no que se refere ao embasamento das figuras em
tela, sejam Sam e Dean receosos e apreensivos com a instabilidade de seu
desenvolvimento, Castiel e a responsabilidade a ele incumbida por Kelly em
cuidar do nefilim, e do próprio Jack em descobrimento do mundo e em busca de identidade.
Interação entre personagens é o que não falta
nesta temporada. Desde a relação praticamente paternal entre Jack e Castiel, a
sempre e recíproca estima e devoção entre Dean e Sam, o hilário e persuasivo
relacionamento entre o nefilim e seu pai, o extravagante romance entre um
arcanjo e uma bruxa até a tensa e concomitantemente lúdica dinâmica entre Mary
e Lúcifer permeada por explícitas ameaças do Diabo à mãe Winchester (a química
entre ambos é tão boa, que seu explorar somente ao longo dos episódios
incipientes deixou um gostinho de "quero mais"), são todas muito bem
orquestradas, convincentes e, à sua maneira, jocosas. Complementando, Wayward
Systers (13x10), episódio
que deveria servir como piloto para um spin-off, entrega bons resultados ao tecer
um contagiante convívio entre as personagens, salientar o empoderamento
feminino que o programa sempre retratou com consentaneidade e provar que o
cancelamento da série derivada provavelmente foi um erro.
A confecção dos universos paralelos, novidade dessa
temporada, é harmoniosa pertinente ao arco central e singular no discernimento
de um universo a outro, o que acontece por conta das particularidades que
agregam cada um e o filtro monocromático que se altera entre estes. Ademais, a
existência de universos paralelos criam incontáveis possibilidades para o
entrecho, como trazer de volta personagens queridos que já morreram e criar
versões alternativas para estórias já contadas. Neste âmbito o roteiro é
pontualmente saudosista, visto que, se o assistente não se vê imerso pelo
script, com certeza se verá na empolgação de poder reviver, como algo novo, os
melhores momentos do programa.
No mais, a trilha sonora permanece centrada
pelo bom e velho rock'n'roll, com realce para Nothing Else Metters
(Metallica) tocada durante a abertura da temporada. Pelo lado estético,
utiliza-se assaz uma câmera bifocal que atribui um visual tosco a ene
segmentos, e, como destaque individual entre os episódios do ano, se sobressai Scoobynatural
(13x16), crossover
recreativo entre Supernatural e Scooby-Doo que tem como maiores méritos o molde
estilo desenho animado, a espontaneidade, comicidade e interação entre
personagens de índole tão distintas, mas ao mesmo tempo tão similares quanto à
natureza de seus trabalhos.
Em suma, a 13ª temporada de Supernatural possui
falhas, porém é ambiciosa, arrojada e se distingue das demais, e isso nunca é
algo ruim.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 13 de setembro
de 2005
Criado por: Eric Kripke
Com: Jensen Ackles, Jared
Padalecki, Misha Collins...
País: EUA
Gênero: Fantasia
Status: Em Andamento
Duração (aproximadamente): 40
minutos
Sinopse (Adoro Cinema):
Desde que era pequeno, Sam Winchester (Jared
Padalecki) tentava escapar do próprio passado. Após a misteriosa morte de Mary
(Samantha Smith), o pai de Sam passou a procurar vingança contra as forças do
mal que mataram a esposa, destruindo qualquer ser maligno que cruze o seu
caminho. Ao contrário de Sam, Dean (Jensen Ackles), irmão mais velho, sempre
quis seguir os passos do pai. Sam está determinado a se livrar do "negócio
da família", mas sua vida está prestes a tomar os rumos que ele não
desejava, quando ele fica sem escolhas a não ser unir-se ao irmão.
Avaliação (13ª Temporada):
IMDb
(2005- ): 8,5
Filmow
(média geral): 4,0
Adoro
Cinema (usuários): 3,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
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