22 de outubro de 2018

Kontaminantes ☣ , Apóstolo (2018) , Filmes , Suspense-filme ,

Apóstolo (2018)

Pôster


Uma vasta gama da população jovem ama filmes de terror, seja pela adrenalina que os respectivos proporcionam ou pelas convencionalidades facilmente digestivas de blockbusters do gênero. Apesar de ser provável que a maioria do pessoal dessa faixa etária rejeite o longa conforme sua tônica gradativa e a escassez de sustos baratos, isso não quer dizer que Apóstolo é necessariamente bom.
Os principais méritos de Apóstolo estão em seus atributos técnicos. De visual apurado, ambientação minuciosa, vestuários característicos, maquiagem acurada, efeitos práticos irrefutáveis e fotografia funesta predominantemente preta, marrom e cinza, Apóstolo é uma produção de cenografia rebuscada e meticulosidade gráfica que é marcada pela intensa imersão diegética do espectador. Reiterando, a estética grotesca dos monstros é aterradora, as cenas mais violentas são viscerais e angustiantes, os flashbacks são eficientes e narrativamente funcionais, e a trilha sonora, ainda que por vezes sature e impeça que outros aspectos ganhem destaque, calibra e mantém o enervante tom do enredo optando pelo prezar de um cacófato violino desafinado.
Embora o ritmo da película só deslanche a partir do segundo ato, as respostas cedidas ao público não fazem jus ao pretexto com que se desenvolvem. Contudo, se a isenção de criatividade se sobressai no roteiro, o mesmo não acontece com a câmera em mãos, visto que a obra é repleta de engenhosos travellings; há planos de ponta cabeça, que distorcem a perspectiva, que acompanham - de forma manual - a movimentação dos personagens, e até em primeira pessoa. Como adendo, vale ressaltar o desempenho de Dan Stevens, que, sem ele, vários dos fatores técnicos citados não teriam a mesma eficácia. Além de protagonista, sua performance transita principalmente por áreas insânias, onde a persona, perturbada por algo que jamais vem a tona, possui crises que realçam sua instabilidade, esta incorporada com proficiência por gestos e maneirismos que o ator imprime em sua interpretação.
Ainda concernente a Thomas (Dan Stevens), se fazem várias pinceladas sobre o passado do mesmo, mas nada a respeito se esclarece. Sua relação com a irmã, respaldo do entrecho, não possui tempo de tela ou camadas que possam fornecer informações e respostas ao assistente, acaba por ser só mais um elemento de impulso narrativo que não é explorado. Neste âmbito, que se refere ao embasamento dos personagens, o script é fraco, o que se ratifica pelo raso molde do antagonista Quinn, figura de motivações comuns e arco previsível. Ffion e Jeremy não fogem destes parâmetros, personas individualmente irrelevantes que formam um casal de subnúcleo ainda mais pífio. No mais, o filme até ensaia investidas que possam remeter a fé, fanatismo religioso, crenças ferrenhas e ocultismo, mas que, de modo geral, pouco têm a dizer e servem somente para concepção atmosférica.
Apóstolo, mesmo que plante algumas interrogativas na cabeça do espectador e não decepcione em suas sequências mais sanguinárias, permanece sendo uma estória genérica que terá maior impacto sobre novos ingressantes do gênero do que sobre adeptos de bagagem mais extensa.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

Comente, Compartilhe e Siga Nosso Blog

Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 12 de outubro de 2018
Direção: Gareth Evans
Elenco: Dan Stevens, Michael Sheen, Lucy Boynton...
Gênero: Suspense
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Netflix):
Em 1905, durante a perigosa missão de resgate da irmã raptada, um homem se envolve com o sinistro culto religioso de uma ilha isolada.

Avaliação:
IMDb: 6,5
Rotten: 80%
Metacritic: 62%
Filmow (média geral): 3,1
Adoro Cinema (usuários): 2,9
Kontaminantes (Matheus J. S.): 6
Avaliação

Nenhum comentário:

Postar um comentário