19 de outubro de 2018

Kontaminantes ☣ , Atypical (2ª Temporada) , Séries ,

Atypical (2ª Temporada)

Tv


Há algum tempo chegava à Netflix a segunda temporada de Atypical. Dando seguimento as aventuras de Sam, será que o novo ano mantém o nível apresentado?
Todos os aspectos que cativaram o espectador ano passado voltam a ser prezados, e isso é bom. Continuam presentes o tom rotineiro, a trilha sonora leve que atenua a densidade de determinados segmentos (desta vez com destaque para Go Fuck Yourself do Two Feet), a veia cômica, narração hilária do Sam em voice over, rimas visuais concernentes às informações difundidas por Sam acerca de pinguins e a Antártida que se refletem em dadas situações cotidianas... Já dentre as distinções, o uso de flashbacks ganha realce. Ora utilizado a salientar eventos mais remotos, ora mais recentes, o artifício serve para contextualizar o público acerca de algo pertinente ao episódio atual ou referente a algo anteriormente omitido que agora vem à tona. Entretanto, alguns destes poderiam ser facilmente enxugados, já que a temporada encontra outras maneiras de transmitir o que o recurso tem como propósito, o que os torna, por vezes, redundantes e pouco entusiásticos.
Com um primeiro episódio eficaz na recordação do assistente aos parâmetros estabelecidos ao fim da temporada anterior, o ano começa explorando a forma com que os acontecimentos passados reverberam sobre os personagens. Isto é, esta é uma temporada de transformações e como as respectivas afetam suas vidas constituindo arcos individuais, seja na saída da Elsa de casa e como a culpa a aflige, o habituar de Doug ao convívio solo tendo de cuidar pela primeira vez dos filhos sozinho, Casey se acostumando a nova escola e Sam longe da psiquiatra que sempre o consultou. Todavia, enquanto algumas figuras ganham desenvolvimento de texto, Julia continua simplesmente estagnada com o plot permanecido na dispersão e inchando o enredo.
A 2ª temporada de Atypical também é responsável por fortalecer o laço de seus astros. Elsa e Doug passam por um período conturbado onde são obrigados a repensar o casamento e como tal instabilidade influencia a vida dos filhos; Izzie e Casey, apesar do relacionamento entre ambas principiar de modo um tanto quanto forçado, ganha camadas interessantes, humanas e potencialmente destrincháveis para o próximo ano; Sam e Paige nutrem um namoro de idas e vindas que contrapõe, com muito bom humor, duas personalidades completamente distintas que se complementam, seja Sam retraído, metódico e pragmático, seja Paige confusa, imperativa e impetuosa; a dinâmica entre ambos é fantástica e faz o espectador torcer por eles, ademais, ao mesmo tempo em que há um contraste idiossincrático na relação, se realçam muitas semelhanças, especialmente na forma singular com que eles veem o mundo e na forma apaixonada com que enxergam um ao outro. Sobre Paige, vale dizer que, mesmo com pouco tempo de tela, a jovem é muito bem explorada e permanece contagiando o público.
Veiculado aos personagens de apoio, Zahid continua como eficiente alívio cômico, e Evan, ainda que sem imane importância, exerce intervenções sobre o núcleo da Casey. O Nate, rosto novo nesta temporada, é sem graça e possui um plot previsível, enquanto Bailey, em suas esporádicas participações, cria uma subtrama insubsistente. É neste âmbito que o roteiro, em vertente recreativa, erra a mão, visto que a ausência de extroversão de algumas destas personas afeta o ritmo da série que é marcada essencialmente pelo fator carisma. Já o grupo de autistas do qual o Sam faz parte, além da química orgânica, trespassa à tela pessoas que sofrem distintos graus do espectro, esta que foi uma das principais solicitações do assistente ano passado.
Falando em Sam, seu desenvolvimento desta para a temporada antecedente, é sutil, porém extremamente relevante, ou seja, o mesmo transparece maior audácia e amadurecimento, tem menos crises de ansiedade, exala maior convicção na tomada de decisões... são estes pequenos detalhes que criam um rico personagem. Vale ressaltar que a série igualmente denota maturidade em algumas incisivas empreitadas vinculadas à forma com que a sociedade se relaciona com os autistas. Enquanto a 1ª temporada enaltece questões que dizem respeito ao bullying e aceitação, a atual foca na falta de preparo das pessoas em lidar com aquelas detentoras do espectro, exponencialmente quando esta provém de agentes que deveriam enfaticamente saber tratar com todo tipo de indivíduo.
Em suma, a 2ª temporada de Atypical, em comparação a sua precedente, é lenta, às vezes até arrastada - possivelmente em função dos dois episódios adicionais -, inconsistente e não possui o mesmo senso de surpresa. Contudo, não deixa de entreter, fazer rir e impor reflexões.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

Comente, Compartilhe e Siga Nosso Blog

Leia Também:

Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 11 de agosto de 2017
Criado por: Robia Rashid
Com: Keir Gilchrist, Jennifer Jason Leigh, Brigette Lundy-Paine…
País: EUA
Gênero(s): Comédia; Drama
Status: Em Andamento
Duração (aproximadamente): 30 minutos

Sinopse (Netflix):
Quando um adolescente com traços de autismo resolve arrumar uma namorada, sua busca por independência coloca a família toda em uma aventura de autodescoberta.

Avaliação (2ª Temporada):
IMDb (2017- ): 8,4
Filmow (média geral): 4,5
Adoro Cinema (usuários): 3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
Avaliação

Nenhum comentário:

Postar um comentário