6 de outubro de 2018

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A Morte de Stalin

Pôster


Durante o período eleitoral, nada mais justo que assistir a um filme de pautas políticas, certo? Embora não estejamos na União Soviética ou nos anos 50, ademais do longa em questão não ser dos melhores, a experiência é válida consoante o contexto em que se desenvolve.
A Morte de Stalin é uma produção satírica. Focada em um cenário que se dá após a morte do ditador soviético, a película aposta na acidez de suas acometidas para contar sua estória. Para tal, utilizam-se, geralmente, reações e conjunturas absurdas derivadas de circunstâncias comuns do cotidiano. A obra também é eficaz em sua concepção de jocosidade irônica pertinente a negligência com que os homens de poder lidam com assuntos de Estado e são facilmente distraídos por eventuais frivolidades, bem como na comicidade consequente da hipocrisia presente em determinados segmentos, como, por exemplo, quando alguém está deturpando a imagem de uma pessoa e esta repentinamente adentra o recinto, o que faz com que o sujeito mude descaradamente de perspectiva e passe a elogiá-la (há uma sequência específica, envolvendo o Steve Buscemi, que é hilária). Todavia, o mesmo não se pode dizer de algumas passagens pretensiosamente engraçadas que mais remetem filmes do Adam Sandler; são simplesmente toscas.
As principais críticas do longa - como é constantemente apregoado - estão vinculadas ao egocentrismo dos governantes e a defasagem que há entre eles e os governados, seja nas futilidades e abundâncias em que os estadistas se esbaldam, seja na miséria e sofrimento em que a população vive que é banalizada pelo roteiro com intuito de transparecer o verdadeiro posicionamento dos governamentais frente a situação. A concepção do personagem Malenkov igualmente é bastante incisiva, visto que este reflete a incompetência de um político tolo permeado pelo poder que serve de marionete a segundos. Como adendo, praticamente os últimos vinte minutos de produção pendem exclusivamente para o drama em empreitadas que se saem bem, apesar de destoarem das várias bizonhices até então apresentadas, ou seja, A Morte de Stalin não é nem uma película de humor negro, uma comédia pastelona e muito menos uma obra séria. Sintetizando, acaba por ser uma mixórdia que investe em demasia, porém jamais encontra singela consonância.
No decurso das ocorrências mais chatas, o filme é severamente afetado, torna-se modorrento e exaustivo; não há uma consistência rítmica. Em contraparte, os atores são bons e fazem o possível para sustentar os respectivos momentos, com destaque especial para três rostos: Jeffrey Tambor incorpora com consentaneidade um homem ingênuo que pateticamente procura impor sua vontade; Simon Russell Beale brilha na pele de um ser insaciável por poder, odiável e repulsivo, enquanto Steve Buscemi esbanja a carisma de sempre e tenta esboçar complacência e solidariedade.
Mesmo com as ínfimas aparições de Stalin, o longa é hábil ao impor sua postura maléfica, considerando que, após seu falecimento, a temeridade e a tirania causadas por sua imagem ainda pairam sobre o povo e os personagens. A partir de então, as figuras recorrentes do entrecho passam a ser introduzidas, de forma eficiente e recreativa, deve-se dizer, com enfoque individual em slow motion com nome e cargo em destaque. Corroborando, frequentemente se sobressai a trilha sonora, ora com toques marciais, ora lúdicos e ora clássicos em tonalidades graves. No mais, a caracterização da época retratada é formidável: vistosa, rebuscada e rica em detalhes.
Em suma, A Morte de Stalin é visualmente faustoso, tem cenas divertidas e propõe importantes reflexões, mas é arrastado e nunca encontra o calibre de seu tom.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 7 de junho de 2018
Direção: Armando Iannucci
Elenco: Steve Buscemi, Simon Russell Beale, Jeffrey Tambor...
Gêneros: Comédia
Nacionalidades: EUA, França e Reino Unido

Sinopse (Google):
União Soviética, 1953. Após a morte de Josef Stalin, o alto escalão do comitê do Partido Comunista se vê em momentos caóticos para decidir quem será o sucessor do líder soviético.

Avaliação:
IMDb: 7,2
Rotten: 96%
Metacritic: 88%
Filmow (média geral): 3,7
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,1/4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 6,5
Avaliação

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