Animações constituem um estilo cinematográfico caracterizado por uma
tenuidade narrativa que costuma cativar todos os públicos. Entretanto, ainda
que tais obras integrem uma classe mais despretensiosa de filmes, não é por
isso que elas podem fazer de tudo e serem amplamente aceitas e ovacionadas por
suas nequices. Infelizmente, isso acontece com A Caminho da Lua, uma obra que
acredita se bastar no gênero do qual faz parte e entrega um resultado
insatisfatório.
A começar por seus personagens, o longa, em seus 95 minutos de duração,
não apresenta um rosto carismático (com exceção de uma coelhinha, extremamente
fofa). A protagonista, que conduz o fio narrativo, é uma menina difícil de se
simpatizar, principalmente por conta dos traços que constroem sua personalidade
e as motivações mal trabalhadas que a estimulam em sua jornada. Por sua vez, os
semblantes que a acompanham durante o enredo são afetados pelo roteiro que os
escreve de forma derivada; todos eles têm maneirismos, falas e comportamentos
genéricos que remetem a dezenas de outros personagens vistos em produções
similares, gerando uma imagem fraca e ordinária.
Como supracitado, os fatores que incitam Fei Fei a dar início em sua
aventura são mal-ajambrados. Isto é, mesmo que o script tenha o luto como
catalisador do seu desenrolar, não é por isso que este terá indulto sobre todas
as ações dos personagens e guinadas do entrecho. Dito isso, a película se
apropria de um tema delicado para justificar as atitudes de seus heróis e tecer
uma estória que busca se valer apenas da sensibilidade e condescendência de
seus assistentes. É, portanto, uma narrativa preguiçosa e covarde.
Outrossim, a interação entre as personas jamais contagia os espectadores,
seja por conta da inserção abrupta destes na trama, seja pela frágil composição
idiossincrática deles. Nesse sentido, o ritmo do filme é totalmente
descompassado, acarretando uma drástica mudança tonal de uma cena à outra, o
que interfere, em decorrência, até no caráter das figuras em tela. Também vale mencionar
que todos os eventos se desenvolvem de modo conveniente aos moldes do texto, ao
passo que as informações são disseminadas de maneira demasiado expositiva e as
soluções dos conflitos surgem com extrema facilidade, dificultando ainda mais a
capacidade do público em se importar com os personagens e seus dilemas.
Por fim, o visual cartunesco do longa certamente agradará indivíduos de
idade mais tenra, enquanto alguns trechos de intensa explosão monocromática
impressionam momentaneamente à todos. Contudo, vale ressaltar que a película,
acima de tudo, é um musical, e essa característica se sobressai negativamente.
Em outras palavras, as sequências de cantoria são exaustivamente longas, e
sempre que a obra ensaia conceber um momento de maior sutileza diegética,
inicia-se uma intrusiva canção para quebrar o clima. Posto isto, o principal
intuito de um musical é fazer com que o assistente se sinta aliciado pelas músicas,
o que não acontece aqui, visto que a inclusão sonora é anticlimática e os
elementos adjacentes não corroboram para que o efeito certo seja alcançado.
No mais, A Caminho da Lua é uma produção desleixada, indolente e
formulaica que não possui nada proveitoso a oferecer.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 23 de outubro de
2020
Direção: Glen Keane e John Kahrs
Elenco: Ken Jeong, Sandra Oh, Kimiko Glenn…
Gênero: Animação
Nacionalidade: Estados Unidos e China
Sinopse
(Netflix):
Estimulada pelas histórias
da mãe, Fei Fei decide construir uma nave espacial para ir até a Lua e
comprovar a existência de uma lendária deusa.
Avaliação:
IMDb: 6,4
Rotten: 81%
Metacritic: 60%
Filmow (média geral):
3,4
Adoro Cinema
(usuários/adorocinema): 4,0/3,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 2
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