7 de abril de 2021

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Minari

 


Segundo o historiador estadunidense James Truslow Adams, o "sonho americano" é a idealização de uma terra em que a vida deve ser melhor, mais rica e plena com oportunidades iguais para todos, prevalecendo, em decorrência, a meritocracia. Sendo assim, as terras do Tio Sam costumam atrair anualmente milhares de imigrantes ludibriados pela falsa promessa de prosperidade, sendo este, em paralelo, o cenário em que se desenvolve o enredo de Minari.
Como o próprio subtítulo nacional grifa, Minari é sobre a busca da felicidade por parte de uma família de imigrantes coreanos. Posto isto, o filme apropria-se de uma série de circunstâncias para contar a estória desejada, abordando desde a inospitalidade do ambiente até a questionável recepção de alguns moradores locais. Em linhas gerais, trata-se de um longa que desmistifica a falaz concepção imagética dos Estados Unidos como a "terra da oportunidade".
Para tal, o espectador é convidado a acompanhar de perto a vida das figuras em tela. Nesse sentido, dez minutos de produção já são suficientes para o diretor imprimir seu estilo de filmagem e narração mesclados a um breve contexto do que se seguirá. Em outras palavras, é uma forma dinâmica de iniciar o longa e estabelecer, concomitantemente, um sólido elo entre público e personagens, fazendo, desse modo, que os sucessivos eventos diegéticos alcancem o efeito visado.
Outrossim, é muito fácil simpatizar com as personas, o que também justifica o rápido investimento do assistente na trama. Jacob e Monica representam os elementos circunspectos do entrecho, David é a personificação do carisma e Soonja funciona como alívio cômico. Entretanto, aqui há uma ressalva importante a se fazer. Anne, a irmã mais velha, é uma personagem insípida que não apresenta evolução alguma ao correr da película. Apesar da presença constante em tela, o script não canaliza essa participação em prol de um arco produtivo, fazendo-a destoar dos demais e tornando suas aparições irrisórias.
Ademais, a construção das figuras em cena exala assaz verossimilhança. As atitudes dos personagens, reações e distintas emoções com base nas adversidades situacionais agrega muita veracidade ao enredo, salientando, por conseguinte, o fator da imprevisibilidade do roteiro. Dito isso, Lee Isaac Chung encara o drama de seus personagens com um olhar sensível, resultando em dilemas que não possuem respostas e conflitos onde o espectador não pode simplesmente tomar o lado de uma persona ou outra.
O controle rítmico é outro tópico a se exaltar. Tal equilíbrio tonal se origina através da estrutura de três atos que evidencia a consistência com que Chung cadencia a obra, expondo, primordialmente, uma série de aspectos introdutórios sucedidos por uma crescente dramaticidade narrativa que culmina em um clímax viçoso. Sinergicamente, as atuações são consentâneas, a trilha dita a intensidade das sequências e a cinematografia, por sua vez, é límpida, o que corrobora as nuances panglossianas, mas sem ser demasiadamente lustrosa ao ponto de se tornar artificial.
Em síntese, Minari é um filme belo, delicado e harmonioso que tem como grande apogeu a maneira arguta encontrada para discutir e desnudar o "sonho americano".
Matheus J. S.
 
Assista e Kontamine-se
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 22 de abril de 2021
Direção: Lee Isaac Chung
Elenco: Steven Yeun, Ye-Ri Han, Alan S. Kim...
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Minari se passa nos anos 80. David (Alan S. Kim), um menino coreano-americano de sete anos de idade, se depara com um novo ambiente e um modo de vida diferente quando seu pai, Jacob (Steven Yeun), muda sua família da costa oeste para a zona rural do Arkansas. Entediado com a nova rotina, David só começa a se adaptar com a chegada de sua vó. Enquanto isso, Jacob, decidido a criar uma fazenda em solo inexplorado, arrisca suas finanças, seu casamento e a estabilidade da família.
 
Avaliação:
IMDb: 7,6
Rotten: 98%
Metacritic: 89%
Filmow (média geral): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9


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