30 de abril de 2021

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Falcão e o Soldado Invernal


Após o acachapante sucesso de WandaVision ao redor do mundo, a Marvel volta aos holofotes com Falcão e o Soldado Invernal. Mas será que a série consegue repetir o sucesso de sua antecessora?
Apesar do título, Falcão e o Soldado Invernal é uma série sobre Sam Wilson. Desenvolvido exponencialmente com foco no personagem, o programa dá continuidade aos eventos do MCU posteriormente ao término de Vingadores: Ultimato. Nessa empreitada, o espectador é levado a acompanhar os dilemas de Sam com o novo fardo, o que se desdobra em uma grande jornada que envolve negação, embate e consentimento. Sobretudo, é uma narrativa sobre a passada de manto e como a Marvel estabelece um antigo rosto de seu universo como um dos maiores super-heróis de sua mitologia.
Para tal, a série traça paralelos com o mundo atual em uma estória que tem o preconceito racial como epicentro diegético. Trata-se de uma abordagem sinérgica que concilia o arco do personagem à premência hodierna em discutir o tema, o que evolui de forma orgânica e faz com que o nascimento do novo Capitão América faça sentido dentro do mundo fictício em retrato. Enquanto Steve Rogers era um símbolo de altruísmo e hombridade, Sam Wilson chega para ser a efígie da tolerância e da equidade étnico-racial. Nesse sentido, o programa não tem o intuito de ser sutil, escancarando sempre que pode situações cotidianas de racismo e optando abertamente por um discurso desinibido e contundente.
Outrossim, o fato de o Falcão não ter poderes e lidar com circunstâncias corriqueiras de um ser humano comum (como ter o empréstimo negado pelo banco, por exemplo), confere camadas a ele e o aproxima da realidade do público. Tal afinidade se articula principalmente sob uma mansidão narrativa que permite o roteiro explorar as distintas nuances idiossincráticas de seu protagonista, o que realça a proficiência do texto em atribuir profundidade a um semblante que durante anos foi simplesmente um coadjuvante dentro da Marvel. Ademais, cabe ressaltar a isenção de Isaiah Bradley como um personagem que agrega substância ao arco do Sam.
Posto isto, outras personas têm o brilho ofuscado em decorrência do foco majoritário em Falcão. Bucky, embora tenha seus traumas brevemente destacados, possui um plot apresentado de modo disperso e apressado, sendo que o mesmo pode ser dito acerca de John Walker e seu subnúcleo afetado pela pouca atenção que lhe é concedido; são arcos com imenso potencial, mas que jamais têm a oportunidade de atingir o seu ápice. Referente à Sharon Carter, tudo que concerne a ela é desastroso e bagunçado. Suas aparições são debandadas e extremamente convenientes, além de sua subtrama ser confusa e inconclusiva. Também vale salientar a participação do Barão Zemo que, ainda que entusiástica, tem uma fuga muito forçada.
Com relação aos antagonistas, a série peca em muitos aspectos. As motivações que os impulsionam são plausíveis e permeadas por um importante contexto sociopolítico sobre o qual se pode traçar diversos paralelos, tais como a crise de refugiados e o drama dos Sem Terra. Porém, a concepção individual deles é insípida, a exposição por parte do script em tudo que lhes diz respeito é insensível, os diálogos são artificialmente edificantes e a atriz que faz a Karli é inexpressiva e antipática. Por sua vez, a resolução encontrada pelo entrecho para lidar com os Apátridas remanescentes denuncia sua própria incapacidade em fugir do uso de atalhos e facilitações narrativas.
Atinente à ação, esta é responsável por engendrar as sequências mais lúdicas do programa. Dito isso, as cenas de combate são todas muito bem coreografadas, inteligíveis e respaldadas por uma sonoplastia poderosa que engrandece o impacto sonoro de cada golpe. Tudo isso é personificado com propriedade através do Sam, visto que os trechos que o envolvem são engenhosos ao mesclar e extrair o máximo das habilidades e armas do personagem.
Por fim e não menos relevante, convém exaltar o alívio cômico e seu papel desempenhado aqui. Ferramenta regular nas obras do estúdio, a face jocosa do enredo se desenrola de maneira eficaz ao usufruir da descontração oriunda da dinâmica entre Sam e Bucky; os segmentos mais hilários são concebidos a partir das picuinhas e provocações entre a dupla. No mais, o roteiro demonstra sagacidade ao brincar com elementos da cultura pop e referenciar ícones do próprio Universo Marvel.
Falcão e o Soldado Invernal tem problemas, mas ainda assim é uma série que honra o legado de Steve Rogers com um texto afiado e atual que debate temas como representatividade e combate ao racismo.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 19 de março de 2021
Criada por: Malcolm Spellman
Com: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Wyatt Russell…
País: EUA
Gênero: Ação
Status: Indefinido
Duração: 49-60 minutos

Sinopse (Adoro Cinema):
Falcão luta para assumir o posto de Capitão América e se une ao Soldado Invernal numa aventura que colocará à prova as habilidades dos dois.

Avaliação (1ª Temporada):
IMDb (2021- ): 7,5
Rotten: 89%
Metacritic: 74%
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema (usuários): 3,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7

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