Após o acachapante sucesso de WandaVision ao redor do mundo, a Marvel
volta aos holofotes com Falcão e o Soldado Invernal. Mas será que a série
consegue repetir o sucesso de sua antecessora?
Apesar do título, Falcão e o Soldado Invernal é uma série sobre Sam
Wilson. Desenvolvido exponencialmente com foco no personagem, o programa dá continuidade
aos eventos do MCU posteriormente ao término de Vingadores: Ultimato. Nessa
empreitada, o espectador é levado a acompanhar os dilemas de Sam com o novo
fardo, o que se desdobra em uma grande jornada que envolve negação, embate e
consentimento. Sobretudo, é uma narrativa sobre a passada de manto e como a
Marvel estabelece um antigo rosto de seu universo como um dos maiores super-heróis
de sua mitologia.
Para tal, a série traça paralelos com o mundo atual em uma estória que
tem o preconceito racial como epicentro diegético. Trata-se de uma abordagem
sinérgica que concilia o arco do personagem à premência hodierna em discutir o
tema, o que evolui de forma orgânica e faz com que o nascimento do novo Capitão
América faça sentido dentro do mundo fictício em retrato. Enquanto Steve Rogers
era um símbolo de altruísmo e hombridade, Sam Wilson chega para ser a efígie da
tolerância e da equidade étnico-racial. Nesse sentido, o programa não tem o
intuito de ser sutil, escancarando sempre que pode situações cotidianas de
racismo e optando abertamente por um discurso desinibido e contundente.
Outrossim, o fato de o Falcão não ter poderes e lidar com circunstâncias
corriqueiras de um ser humano comum (como ter o empréstimo negado pelo banco,
por exemplo), confere camadas a ele e o aproxima da realidade do público. Tal
afinidade se articula principalmente sob uma mansidão narrativa que permite o
roteiro explorar as distintas nuances idiossincráticas de seu protagonista, o
que realça a proficiência do texto em atribuir profundidade a um semblante que
durante anos foi simplesmente um coadjuvante dentro da Marvel. Ademais, cabe
ressaltar a isenção de Isaiah Bradley como um personagem que agrega substância
ao arco do Sam.
Posto isto, outras personas têm o brilho ofuscado em decorrência do foco
majoritário em Falcão. Bucky, embora tenha seus traumas brevemente destacados,
possui um plot apresentado de modo disperso e apressado, sendo que o
mesmo pode ser dito acerca de John Walker e seu subnúcleo afetado pela pouca
atenção que lhe é concedido; são arcos com imenso potencial, mas que jamais têm
a oportunidade de atingir o seu ápice. Referente à Sharon Carter, tudo que
concerne a ela é desastroso e bagunçado. Suas aparições são debandadas e
extremamente convenientes, além de sua subtrama ser confusa e inconclusiva. Também
vale salientar a participação do Barão Zemo que, ainda que entusiástica, tem
uma fuga muito forçada.
Com relação aos antagonistas, a série peca em muitos aspectos. As motivações
que os impulsionam são plausíveis e permeadas por um importante contexto
sociopolítico sobre o qual se pode traçar diversos paralelos, tais como a crise
de refugiados e o drama dos Sem Terra. Porém, a concepção individual deles é insípida,
a exposição por parte do script em tudo que lhes diz respeito é insensível,
os diálogos são artificialmente edificantes e a atriz que faz a Karli é inexpressiva
e antipática. Por sua vez, a resolução encontrada pelo entrecho para lidar com
os Apátridas remanescentes denuncia sua própria incapacidade em fugir do uso de
atalhos e facilitações narrativas.
Atinente à ação, esta é responsável por engendrar as sequências mais lúdicas
do programa. Dito isso, as cenas de combate são todas muito bem coreografadas,
inteligíveis e respaldadas por uma sonoplastia poderosa que engrandece o
impacto sonoro de cada golpe. Tudo isso é personificado com propriedade através
do Sam, visto que os trechos que o envolvem são engenhosos ao mesclar e extrair
o máximo das habilidades e armas do personagem.
Por fim e não menos relevante, convém exaltar o alívio cômico e seu
papel desempenhado aqui. Ferramenta regular nas obras do estúdio, a face jocosa
do enredo se desenrola de maneira eficaz ao usufruir da descontração oriunda da
dinâmica entre Sam e Bucky; os segmentos mais hilários são concebidos a partir
das picuinhas e provocações entre a dupla. No mais, o roteiro demonstra
sagacidade ao brincar com elementos da cultura pop e referenciar ícones do próprio
Universo Marvel.
Falcão e o Soldado Invernal tem problemas, mas ainda assim é uma série
que honra o legado de Steve Rogers com um texto afiado e atual que debate temas
como representatividade e combate ao racismo.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 19 de março de 2021
Criada por: Malcolm Spellman
Com: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Wyatt
Russell…
País: EUA
Gênero: Ação
Status: Indefinido
Duração: 49-60 minutos
Sinopse
(Adoro Cinema):
Falcão luta para assumir o
posto de Capitão América e se une ao Soldado Invernal numa aventura que
colocará à prova as habilidades dos dois.
Avaliação (1ª Temporada):
IMDb (2021- ): 7,5
Rotten: 89%
Metacritic: 74%
Filmow (média geral):
4,0
Adoro Cinema (usuários):
3,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
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