2 de abril de 2021

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Nomadland

 


Mais que favorito ao principal troféu da temporada de premiações, Nomadland vem conquistando tudo que tem disputado até o momento. Tendo a seu favor estatuetas expressivas que costumam ditar a tendência do Oscar e um forte apelo junto aos críticos, o filme certamente merece uma atenção especial.
Dirigido por Chloé Zhao, Nomadland é uma obra que herda muitas das características do longa antecessor da diretora: Domando o Destino. Dito isso, a película segue a jornada de uma nômade através dos EUA tendo como principal alicerce a força das imagens e a repercussão do silêncio. Ou seja, aqui o foco encontra-se na contemplação do horizonte, o que se articula como forma de valorização dos ambientes telúricos tendo em vista o estilo de vida escolhido pela protagonista. Mais que um mero deleite paisagístico, esse recurso narrativo tem como intuito inocular o cenário como um personagem ativo da estória, dialogando com os sentimentos de Fern e como manifestação visual de sua latente ânsia por liberdade.
Para tal, a diretora preza por extrair a mais pura autenticidade das pinturas naturais em retrato, dando prioridade a enquadramentos amplos que permitem um melhor aproveito óptico do oeste americano, e a opção por iluminações sem interferência artificial que evocam a atmosfera impermista desejada. Nesse sentido, ganham destaque alguns planos-sequência que se debruçam sobre a placidez das cenas, expressando muito mais com a quietude da vista do que qualquer palavra poderia fazer. Por outro lado, quando um personagem fala ou algum diálogo é realçado, redobra-se o impacto como consequência da singularidade de tais trechos. 
Outrossim, a inserção do elenco de apoio se dá com pontualidade dentro do escopo do filme. Em outras palavras, ainda que Nomadland se sustente exponencialmente na persona vivida por Frances McDormand, o enredo possui espaço para coadjuvantes, fazendo destes um elemento complementar da trajetória de Fern e usando-os como representação genuína do vai e vem que as pessoas fazem em nossas vidas, sobretudo introduzindo-os como simbologia da elipse temporal ministrada pelo roteiro. Posto isto, o longa, acima de tudo, é sobre a jornada introspectiva de uma mulher que, tentando sobreviver por entre as terras dos Estados Unidos, leva o espectador a reflexões sobre a vida, concepção de laços, memórias e solitude.
Ainda nesse quesito, a película se apropria de um subnúcleo focado no modo que o relacionamento de Fern com seu falecido marido influencia suas ações atuais. É um plot sutil, que fomenta mais perguntas do que respostas, mas ainda assim é sugestivo o suficiente para deixar o público especular a respeito das motivações da personagem. Tratando-se de sutileza, a trilha é composta por toques sensíveis que corroboram a tenuidade narrativa da trama, ao passo que a performance de McDormand experimenta as mais diversas emoções vivenciadas pela figura interpretada; é uma atuação minimalista, porém ao mesmo tempo terna e humana.
Portanto, é justo concluir que Nomadland é uma obra imarcescível, delicada, intimista e tocante, e provavelmente vencerá o Oscar de Melhor Filme na cerimônia do dia 25.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 15 de abril de 2021
Direção: Chloé Zhao
Elenco: Frances McDormand, David Strathairn, Gay DeForest...
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Em Nomadland, após o colapso econômico de uma cidade na zona rural de Nevada, nos Estados Unidos, Fern (Frances McDormand), uma mulher de 60 anos, entra em sua van e parte para a estrada, vivendo uma vida fora da sociedade convencional como uma nômade moderna.
 
Avaliação:
IMDb: 7,6
Rotten: 96%
Metacritic: 93%
Filmow (média geral): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9


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