Mais que favorito ao principal troféu da temporada de premiações,
Nomadland vem conquistando tudo que tem disputado até o momento. Tendo a seu
favor estatuetas expressivas que costumam ditar a tendência do Oscar e um forte
apelo junto aos críticos, o filme certamente merece uma atenção especial.
Dirigido por Chloé Zhao, Nomadland é uma obra que herda muitas das
características do longa antecessor da diretora: Domando o Destino. Dito isso,
a película segue a jornada de uma nômade através dos EUA tendo como principal alicerce
a força das imagens e a repercussão do silêncio. Ou seja, aqui o foco
encontra-se na contemplação do horizonte, o que se articula como forma de
valorização dos ambientes telúricos tendo em vista o estilo de vida escolhido
pela protagonista. Mais que um mero deleite paisagístico, esse recurso
narrativo tem como intuito inocular o cenário como um personagem ativo da estória,
dialogando com os sentimentos de Fern e como manifestação visual de sua latente
ânsia por liberdade.
Para tal, a diretora preza por extrair a mais pura autenticidade das
pinturas naturais em retrato, dando prioridade a enquadramentos amplos que
permitem um melhor aproveito óptico do oeste americano, e a opção por iluminações
sem interferência artificial que evocam a atmosfera impermista desejada. Nesse
sentido, ganham destaque alguns planos-sequência que se debruçam sobre a
placidez das cenas, expressando muito mais com a quietude da vista do que
qualquer palavra poderia fazer. Por outro lado, quando um personagem fala ou
algum diálogo é realçado, redobra-se o impacto como consequência da
singularidade de tais trechos.
Outrossim, a inserção do elenco de apoio se dá com pontualidade dentro
do escopo do filme. Em outras palavras, ainda que Nomadland se sustente exponencialmente
na persona vivida por Frances McDormand, o enredo possui espaço para
coadjuvantes, fazendo destes um elemento complementar da trajetória de Fern e
usando-os como representação genuína do vai e vem que as pessoas fazem em
nossas vidas, sobretudo introduzindo-os como simbologia da elipse temporal
ministrada pelo roteiro. Posto isto, o longa, acima de tudo, é sobre a jornada
introspectiva de uma mulher que, tentando sobreviver por entre as terras dos
Estados Unidos, leva o espectador a reflexões sobre a vida, concepção de laços,
memórias e solitude.
Ainda nesse quesito, a película se apropria de um subnúcleo focado no
modo que o relacionamento de Fern com seu falecido marido influencia suas ações
atuais. É um plot sutil, que fomenta mais perguntas do que respostas,
mas ainda assim é sugestivo o suficiente para deixar o público especular a
respeito das motivações da personagem. Tratando-se de sutileza, a trilha é composta
por toques sensíveis que corroboram a tenuidade narrativa da trama, ao passo
que a performance de McDormand experimenta as mais diversas emoções vivenciadas
pela figura interpretada; é uma atuação minimalista, porém ao mesmo tempo terna
e humana.
Portanto, é justo concluir que Nomadland é uma obra imarcescível,
delicada, intimista e tocante, e provavelmente vencerá o Oscar de Melhor Filme
na cerimônia do dia 25.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
Comente,
Compartilhe e Siga Nosso Blog
Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 15 de abril de 2021
Direção: Chloé Zhao
Elenco: Frances McDormand, David Strathairn,
Gay DeForest...
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Sinopse
(Adoro Cinema):
Em Nomadland, após o
colapso econômico de uma cidade na zona rural de Nevada, nos Estados Unidos,
Fern (Frances McDormand), uma mulher de 60 anos, entra em sua van e parte para
a estrada, vivendo uma vida fora da sociedade convencional como uma nômade
moderna.
Avaliação:
IMDb: 7,6
Rotten: 96%
Metacritic: 93%
Filmow (média geral):
4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Nenhum comentário:
Postar um comentário