21 de fevereiro de 2022

Kontaminantes ☣ , A Casa Sombria , Filmes , TerrorHorror-filme ,

A Casa Sombria

Pôster

Filmes de terror se proliferam aos montes na indústria cinematográfica. Felizmente, todos os anos o espectador é presenteado com produções que fogem dos padrões do gênero, como aconteceu com Saint Maud recentemente. Dito isso, é gratificante poder dizer que outro longa se junta ao grupo, ou seja, A Casa Sombria.
De início, pode-se dizer que a película se apropria de elementos comuns da safra integrante para engendrar uma estória consciente de si. Nesse sentido, a obra possui diversos momentos que poderiam facilmente pender para abordagens genéricas, entretanto, a narrativa se contém e subverte as expectativas do público. Essa acometida possibilita que quando o audiovisual finalmente utilize recursos típicos de produções similares, eles exerçam efeito por conta da concisão de seu uso e o timing perfeito. Logo, A Casa Sombria é um filme que recorre a métodos normativos para pautar temas como luto, perda e assuntos inacabados.
Posto isto, é de suma importância o desenvolvimento da protagonista. Em face disso, desde o princípio o roteiro inocula sutis elementos que causam incômodo à personagem e deixam o assistente questionando se são ou não reais. A partir desse aspecto o longa adota uma amálgama de gêneros para lidar com os conflitos de Beth, tanto no que concerne ao drama de ter que enfrentar o suicídio do marido, quanto o terror de viver uma vida assombrada pelo passado e o suspense que permeia as incógnitas referentes ao falecido esposo. Dessa maneira, o enredo confere a ela um misto de sentimentos sem jamais soar expositivo, ou seja, este permite que suas emoções fluam naturalmente como resposta ao recente episódio traumático.
Sobretudo, A Casa Sombria não funcionaria sem uma atuação competente de sua atriz central. Em outras palavras, Rebecca Hall transmite com autenticidade a instabilidade mental e emocional de sua persona, assim como as oscilações de humor que enfatizam a personalidade desestabilizada; ela finge estar bem, expressa surpresa com as revelações com que se depara e consegue ser ameaçadora quando quer ser, todas nuances de um envoltório que recobre uma paranoia crescente. Por sua vez, os coadjuvantes, também interpretados de forma consentânea, são ajambrados ao texto de modo pertinente, seja para acrescentar informações cruciais ao progresso da trama ou para servir como suporte à protagonista.
Outrossim, a trilha funciona como ferramenta de construção atmosférica para elevar o tom das cenas, sendo que o destaque fica com “Calvary Cross”, de Richard Thompson, que possui uma conotação ambígua e casa perfeitamente com o script. Vale ressaltar que a fotografia da película, ainda que majoritariamente límpida, dedica espaço a um vermelho-sangue sinistro que corrobora a ambientação vigente. Ademais, o fato de o antagonista não se materializar ao longo do entrecho o torna mais intimidante e subjetivo, pois um mal que não se enxerga pode estar em qualquer lugar a qualquer momento, ou sequer existir.
Por fim, os problemas da obra se encontram todos durante os últimos minutos. Tendo em vista que muito do charme da urdidura se concentra no estímulo propiciado em função dos mistérios acerca da figura do marido de Beth, o desfecho peca ao ser mais expositivo que o necessário. Todavia, enquanto algumas questões são respondidas, outras se mantém ocultas, o que somente reforça a teoria de que nada deveria ter sido mastigado ao público, considerando que o filme termina com a sensação de que ele tentou agradar todo mundo e não abraçou nenhuma de suas abordagens integralmente. Convém salientar que o corte final também é demasiado abrupto, ou seja, ocorre sem a preparação adequada do terreno.
Em linhas gerais, A Casa Sombria não é revolucionário, mas funciona dentro do que se propõe.
Matheus J. S.
 
Assista e Kontamine-se
 
Comente, Compartilhe e Siga Nosso Blog
 
Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 23 de setembro de 2021
Direção: David Bruckner
Elenco: Rebecca Hall, Sarah Goldberg, Vondie Curtis-Hall…
Gênero: Terror
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Filmow):
Lutando por conta da morte inesperada de seu marido, Beth (Rebecca Hall) vive sozinha em sua casa à beira do lago. Ela tenta o melhor que pode para se manter bem, mas possui dificuldades por conta de seus sonhos: visões perturbadoras de uma presença na casa a chama, acenando com um fascínio fantasmagórico.

Avaliação:
IMDb: 6,5
Rotten: 87%
Metacritic: 68%
Filmow (média geral): 3,4
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,1/3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
Avaliação


Nenhum comentário:

Postar um comentário