Uma boa premissa é
um fator preponderante para despertar a curiosidade do público, mais ainda que
o nome do diretor, título, capa e integrantes do elenco, afinal, sem um
instigante ponto de partida nenhuma obra seria capaz de captar a atenção do
assistente em um primeiro momento. Posto isto, Wolf tem excelentes ideias,
porém, a qualidade do filme se basta em sua sinopse.
Primordialmente, o
longa parte de um princípio assaz intrigante, contudo, a ausência de diretrizes
no que concerne à patologia que o protagonista porta se mostra fundamental para
que o espectador não estabeleça um laço com este. Nesse sentido, o público não
consegue se aproximar de Jacob em função da falta de explicações que poderiam
propiciar um sentimento de empatia para com a sua condição. Essa característica
se agrava por conta da carência de elementos adjacentes que elaborem aspectos
capazes de contagiar os assistentes de outra forma. Logo, a partir do instante
em que não há envolvimento com o personagem central, a experiência toda é comprometida.
Ao passo que o
roteiro não é eficiente em instituir um elo entre os interlocutores, a
performance de George MacKay toma parte desse fardo. Em outras palavras, o ator
transmite com autenticidade os conflitos inerentes ao estado em que ele se
encontra. É, sobretudo, uma atuação de muita fisicalidade, onde George, por
meio de confrontos contra o próprio corpo, vive um jovem que luta aflitivamente
para resistir aos impulsos que sua doença desperta. No quesito interpretação, é
igualmente válido enaltecer o desempenho cênico de Paddy Considine. Ainda que o
texto o tenha escrito um personagem unilateral, o ator vive com comodidade o
vilão do entrecho; ele é cínico, sádico e intransigente, e com poucas cenas o
espectador já detesta a persona incorporada.
Em face disso, o
antagonista integra o corpo de membros de uma clínica especializada que a
urdidura utiliza para traçar críticas vinculadas aos abusos ocorridos nesse
tipo de ambiente. Considerando que o distúrbio do protagonista jamais recebe o
devido aprofundamento, a principal pauta da película é direcionada aos
ineficazes tratamentos radicais empregados por hospitais em geral. Desse modo, a
produção se apropria de sequências de violência física e mental para apregoar
os métodos contraditórios da instituição responsável pelos indivíduos em cena,
e ratificar sua posição quanto a tais abordagens. Nesse contexto, o diretor usa
enquadramentos que geralmente comportam os personagens nos extremos da tela,
assim evocando ao público sensações de incômodo que dialogam com as emoções das
figuras supracitadas.
Por outro lado, o script
volta a pecar no que remete ao passado de Jacob, haja visto que o
assistente sabe que ele fez algo ruim para ser internado, mas essa ação nunca é
explorada ou repercute efeitos na sua concepção idiossincrática. Por sua vez, a
relação com os pais, que possui uma tensão latente durante todos os encontros
com o filho, também não é destrinchada. Ademais, o romance com “Wildcat” se
limita a empreitadas simplórias, sem que os personagens sejam utilizados para
complementar significativamente o arco um do outro ou o espectador possa se aproximar
mais deles.
Em linhas gerais,
Wolf tem uma premissa provocativa, contudo, a superficialidade com que os temas
são tratados e as muitas pontas soltas ao desfecho ensejam uma obra que não ousa
ir além de sua sinopse.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de
lançamento (mundial): 03 de dezembro de 2021
Direção: Nathalie
Biancheri
Elenco: George
MacKay, Lily-Rose Depp, Paddy Considine…
Gênero: Drama
Nacionalidade: Reino
Unido, Irlanda e Polônia
Sinopse (Filmow):
Numa casa onde jovens acreditam que são na verdade animais ao invés de
seres humanos, um jovem (George MacKay) acredita que é um lobo e apesar do
tratamento humilhante que recebe de seu médico, ele não pode escapar de sua
própria verdade pessoal.
Avaliação:
IMDb: 6,4
Rotten: 45%
Metacritic: 52%
Filmow (média geral): 2,6
Kontaminantes (Matheus
J. S.): 5,5
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