5 de fevereiro de 2022

Kontaminantes ☣ , Casa Gucci , Drama-filme , Filmes ,

Casa Gucci

Pôster

Dirigir um filme não é uma tarefa simples. Além de comandar um time inteiro de atores, os membros da equipe técnica e gerenciar a harmonia dos distintos aspectos constituintes da produção, o diretor é um dos principais responsáveis pelo resultado positivo ou negativo assistido nas telas de cinema. Posto isto, se comandar uma única obra já é complicado, imagine duas! Pois bem, é o que Ridley Scott fez em 2021, e com bastante êxito, aliás.
Em primeiro lugar, Casa Gucci é uma película pletórica. Embora essa característica pudesse ser considerada ruim em outro longa-metragem, aqui funciona porque dialoga com a proposta do roteiro, ou seja, contar de forma burlesca como ocorreu a queda do império Gucci na Itália. Dito isso, o filme se apropria dos excessos de seus personagens respaldados pelas performances exacerbadas de seus intérpretes para narrar uma estória sobre jogos de poder e intrigas de família. Logo, é comum que certas similaridades com outra produção saltem aos olhos, sendo esta O Lobo de Wall Street de Martin Scorsese, pois ambas as obras utilizam abordagens exageradas para explorar a estapafúrdia dos indivíduos que a integram.
Outrossim, Casa Gucci é tecnicamente irretocável. O design de produção retrata com glamour o luxo da vida dos magnatas que protagonizam a película, desde os rebuscados ornamentos que integram suas casas até os faustosos ambientes visitados por eles. Por sua vez, o figurino corrobora a pompa da direção de arte ao expor sucessivamente trajes mais vistosos que os anteriores, o que, por conseguinte, coaduna com as linhas patenteadas pelos semblantes em tela. Diferentemente dos elementos visuais, a estrutura temporal do longa é conturbada. Ainda que inicialmente o enredo articule a passagem de tempo de modo inteligente, repetindo eventos que implicitamente frisam que um ano se passou, a narrativa se torna progressivamente segmentada ao tentar abranger um vasto período em apenas alguns minutos; as transições começam a pesar, são abruptas e picotam o entrecho.
No que concerne ao elenco, as interpretações merecem nota. Adam Driver, como Maurizio, faz com consentaneidade um homem acanhado e um tanto desengonçado, enquanto seu tio Aldo é muito mais expansivo, vivaz e carismático. Contudo, é Lady Gaga quem rouba os holofotes ao dar vida a uma jovem impetuosa e de emoções inflamadas; a atriz vive com intensidade todas as fases pela qual sua persona passa, além de ser assaz interessante observar como a atuação contrasta com o seu trabalho anterior em Nasce Uma Estrela, visto que lá ela incorpora uma mulher que é o oposto do que se vê aqui. Ademais, é importante salientar o desempenho cênico de Jared Leto que, extremamente histriônico, é o representante de maior expressão do tom adotado pelo script; a maquiagem colabora com a performance caricata ao deixá-lo irreconhecível no papel. No entanto, deve-se observar que os atores falam com sotaque, o que, apesar de funcionar mediante às extravagâncias do texto, não faz sentido nenhum, pois eles deveriam efetivamente dialogar em inglês sem sotaque devido ao filme ser estadunidense, ou em italiano por conta da urdidura se desenrolar em território ítalo.
Em face do exposto, Casa Gucci é imperfeito, mas ainda assim diverte o suficiente para valer o ingresso.
Matheus J. S.
 
Assista e Kontamine-se
 
Comente, Compartilhe e Siga Nosso Blog
 
Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 25 de novembro de 2021
Direção: Ridley Scott
Elenco: Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino…
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Filmow):
Casa Gucci é inspirado na história real do império da família por trás da italiana casa de moda Gucci.

Avaliação:
IMDb: 6,8
Rotten: 63%
Metacritic: 52%
Filmow (média geral): 3,3
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,9/3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7,5
Avaliação


Nenhum comentário:

Postar um comentário