Dirigir um filme
não é uma tarefa simples. Além de comandar um time inteiro de atores, os membros
da equipe técnica e gerenciar a harmonia dos distintos aspectos constituintes
da produção, o diretor é um dos principais responsáveis pelo resultado positivo
ou negativo assistido nas telas de cinema. Posto isto, se comandar uma única
obra já é complicado, imagine duas! Pois bem, é o que Ridley Scott fez em 2021,
e com bastante êxito, aliás.
Em primeiro lugar,
Casa Gucci é uma película pletórica. Embora essa característica pudesse ser
considerada ruim em outro longa-metragem, aqui funciona porque dialoga com a
proposta do roteiro, ou seja, contar de forma burlesca como ocorreu a queda do
império Gucci na Itália. Dito isso, o filme se apropria dos excessos de seus
personagens respaldados pelas performances exacerbadas de seus intérpretes para
narrar uma estória sobre jogos de poder e intrigas de família. Logo, é comum
que certas similaridades com outra produção saltem aos olhos, sendo esta O Lobo
de Wall Street de Martin Scorsese, pois ambas as obras utilizam abordagens
exageradas para explorar a estapafúrdia dos indivíduos que a integram.
Outrossim, Casa
Gucci é tecnicamente irretocável. O design de produção retrata com
glamour o luxo da vida dos magnatas que protagonizam a película, desde os
rebuscados ornamentos que integram suas casas até os faustosos ambientes
visitados por eles. Por sua vez, o figurino corrobora a pompa da direção de
arte ao expor sucessivamente trajes mais vistosos que os anteriores, o que, por
conseguinte, coaduna com as linhas patenteadas pelos semblantes em tela. Diferentemente
dos elementos visuais, a estrutura temporal do longa é conturbada. Ainda que
inicialmente o enredo articule a passagem de tempo de modo inteligente,
repetindo eventos que implicitamente frisam que um ano se passou, a narrativa
se torna progressivamente segmentada ao tentar abranger um vasto período em
apenas alguns minutos; as transições começam a pesar, são abruptas e picotam o
entrecho.
No que concerne ao
elenco, as interpretações merecem nota. Adam Driver, como Maurizio, faz com
consentaneidade um homem acanhado e um tanto desengonçado, enquanto seu tio Aldo
é muito mais expansivo, vivaz e carismático. Contudo, é Lady Gaga quem rouba os
holofotes ao dar vida a uma jovem impetuosa e de emoções inflamadas; a atriz
vive com intensidade todas as fases pela qual sua persona passa, além de ser
assaz interessante observar como a atuação contrasta com o seu trabalho
anterior em Nasce Uma Estrela, visto que lá ela incorpora uma mulher que é o
oposto do que se vê aqui. Ademais, é importante salientar o desempenho cênico
de Jared Leto que, extremamente histriônico, é o representante de maior
expressão do tom adotado pelo script; a maquiagem colabora com a performance
caricata ao deixá-lo irreconhecível no papel. No entanto, deve-se observar que
os atores falam com sotaque, o que, apesar de funcionar mediante às extravagâncias
do texto, não faz sentido nenhum, pois eles deveriam efetivamente dialogar em
inglês sem sotaque devido ao filme ser estadunidense, ou em italiano por conta
da urdidura se desenrolar em território ítalo.
Em face do exposto,
Casa Gucci é imperfeito, mas ainda assim diverte o suficiente para valer o
ingresso.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de
lançamento (Brasil): 25 de novembro de 2021
Direção: Ridley Scott
Elenco: Lady
Gaga, Adam Driver, Al Pacino…
Gênero: Drama
Nacionalidade:
EUA
Sinopse (Filmow):
Casa Gucci é inspirado na história real do império da família por trás
da italiana casa de moda Gucci.
Avaliação:
IMDb: 6,8
Rotten: 63%
Metacritic: 52%
Filmow (média geral): 3,3
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,9/3,5
Kontaminantes (Matheus
J. S.): 7,5
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