16 de fevereiro de 2022

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Souad

Pôster

Conhecer o cinema de outras partes do mundo é uma das formas mais eficientes de expandir o acervo cinematográfico. Posto isto, mesmo que Souad não seja um exemplo de qualidade, é um exercício interessante assistir uma obra vinda do Egito.
Primariamente, Ayten Amin se apropria de uma estética crua para contar sua estória. Em outras palavras, a diretora usa uma câmera manual bastante movimentada, geralmente mantendo-se próximo dos personagens e apostando na construção dialógica em espaços simples para o desenrolar dos eventos. Tal estratégia tem como intuito estreitar a relação entre os interlocutores e atribuir um tom documental ao filme, o que salienta a genuinidade das ações em tela e reitera o impacto das mais cenas mais fortes.
Nesse sentido, os primeiros quarenta minutos são responsáveis por apregoar um ritmo hodierno que visa inocular o público à rotina de Souad e familiarizá-lo com as peças que a constituem. (SPOILERS A SEGUIR) Desse modo, quando a morte de Souad efetivamente acontece, o assistente é pego de surpresa e sente o impacto de sua despedida, visto que já havia se estabelecido um laço com a protagonista. (FIM DOS SPOILERS) Dito isso, o longa realiza com proficiência a transmissão de informações sem se deixar levar por facilitações narrativas, preterindo a exposição de dados ao espectador em prol da insinuação e o estudo comportamental de seus principais semblantes.
Em face do exposto, ainda que a película administre o campo cogitativo na maior parte do tempo com eficiência, ela se esquece de fornecer embasamento para as situações perpetradas ao longo do entrecho. (SPOILERS A SEGUIR) Citando novamente o suicídio de Souad, o roteiro pincela pistas sobre os eventuais motivos que podem tê-la levado a tirar a própria vida, contudo, tais indícios se concentram somente sob a perspectiva da falecida. Em outras palavras, a segunda metade da produção carece de um rumo narrativo ao focar em personagens que não foram previamente trabalhados e, consequentemente, se alicerçam em conceitos demasiadamente abstratos. Dessa maneira, mesmo que a relação entre as irmãs consiga difundir o afeto ali existente, por exemplo, o impacto da perda de Souad na vida de Rabab é atenuado em função da ausência de estofo concernente ao desenvolvimento da persona até então. (FIM DOS SPOILERS)
Outrossim, a trama é recheada de rostos que entram e saem ao léu, sendo que muitas vezes o público não sabe nem mesmo quem são ou qual a relevância deles dentro da estória. Essa nequice aliada aos outros problemas destacados enseja como resultado uma obra inconsistente que falha ao tentar atrair os holofotes do cenário audiovisual para a indústria cinematográfica do Egito; é uma experiência curiosa, mas pouco produtiva.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (mundial): 2020
Direção: Ayten Amin
Elenco: Bassant Ahmed, Bassant Ahmed, Hussein Ghanem…
Gênero: Drama
Nacionalidade: Egito

Sinopse (TMDB):
Souad tem 19 anos, vive com sua família conservadora na cidade de Zagazig e com sua irmãzinha Rabab.

Avaliação:
IMDb: 6,5
Rotten: 88%
Filmow (média geral): 3,1
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
Avaliação


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