Em abril de 2022, o Massacre de Columbine fará 23 anos. Conhecido por
ser o primeiro tiroteio efetuado por alunos em escolas estadunidenses que
influenciou uma série de tragédias depois, o evento sangrento é constantemente
recordado pelo universo do entretenimento, já tendo sido retratado em séries,
como no caso de American Horror Story, e inspirado filmes, sendo Elefante o
principal exemplo. Posto isto, A Vida Depois, ainda que não aborde diretamente
a chacina supracitada, faz paralelo com todos os massacres ocorridos em escolas
ao redor do mundo.
Diferentemente das demais produções do gênero, o longa não foca nos
assassinos tampouco em suas motivações, aqui os holofotes são direcionados aos
sobreviventes da hecatombe e o que eles podem fazer para seguir em frente. Ao
optar por suprimir a identidade dos atiradores, a película não atribui um rosto
aos criminosos com o intuito de fazê-los representar uma mazela social, e não
os individualiza a fim de eximir a culpa de pessoas específicas. Essa estratégia,
aliada à omissão da tragédia em si, possibilita que as vítimas recebam todo o
realce e tenham os seus traumas devidamente trabalhados. Logo, é essencial que
se estabeleça um forte laço com as figuras em tela.
Nesse sentido, desde os minutos incipientes o espectador é apresentado a
Vada, protagonista da obra. O carisma desta é o elemento principal para que o público
se conecte a ela em um primeiro momento e possa posteriormente ser enternecido
pelos conflitos que a afligem. Tal elo permite que o assistente simpatize até
com os semblantes adjacentes à jovem, mesmo que menos entusiásticos, pois o espectador
compreende a importância deles na vida da personagem. Dito isso, o entrecho
conduz as emoções do público de acordo com esse vínculo preestabelecido, fazendo
com que o assistente se divirta, ria e chore com Vada. Em outras palavras, A
Vida Depois é, sobretudo, o filme de uma garota que começa a se descobrir como parte
do processo de recuperação de um traumático infortúnio em sua vida.
Contudo, sua relação com alguns coadjuvantes, em especial os pais, não
recebe o mesmo cuidado, visto que o roteiro institui certo distanciamento entre
os membros do núcleo familiar e jamais o explora, ao passo que busca remediar tal
fato com cenas avulsas no terço final do longa. Outrossim, ainda que os rostos
periféricos sirvam como diferentes meios para a protagonista encontrar
subterfúgios que a ajudem a lidar com o abalo emocional, a inserção intermitente
destes propicia uma narrativa episódica que destoa da verossimilhança que o
enredo objetiva apregoar. Ou seja, é como se cada personagem representasse a
introdução em um mundo à parte dentro da diegese da produção. Ademais, vale
frisar que as subtramas concomitantes ao arco central não têm desfecho, o que é
frustrante considerando todo o desenvolvimento até então executado pela
urdidura.
Em última análise, A Vida Depois tem algumas pontas soltas, entretanto,
o equilíbrio com que o entrecho orquestra temas como tragédia e
autoconhecimento enaltecem a experiência.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha
Técnica:
Data de lançamento (HBO Max): 27 de janeiro de
2022
Direção: Megan Park
Elenco: Jenna Ortega, Maddie Ziegler, Niles
Fitch…
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Sinopse
(Filmow):
Uma jovem (Jenna Ortega)
precisa navegar por uma queda emocional após uma tragédia em sua escola afetar
seus relacionamentos com a família, amigos e a forma que vê o mundo.
Avaliação:
IMDb: 7,2
Rotten: 92%
Metacritic: 84%
Filmow (média geral):
3,6
Adoro Cinema
(usuários): 3,1
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
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