Embora as
principais notícias sobre Mads Mikkelsen em 2021 tenham sido vinculadas ao seu
papel como Grindelwald no novo Animais Fantásticos, muitos deixaram um dos
melhores longas da carreira do ator passar despercebido. Posto isto, Loucos por
Justiça, filme que leva Mikkelsen a sua terra natal para assassinar os criminosos
de uma gangue, é um dos destaques do ano passado.
Em primeira
análise, a película tem início com uma cena bastante breve na qual a plateia se
depara com personagens que não serão recorrentes durante a trama. Apesar de o
primeiro impulso ser o de questionar a relevância daquelas pessoas para o
enredo, o público logo descobre que a importância não está em que são, mas no
que elas fizeram. Nesse sentido, Loucos por Justiça é uma obra que aborda as
reações em cadeia das diferentes atitudes de indivíduos diversos, lidando com
temas como coincidência e causa e consequência. Ainda que fosse muito fácil a produção
se tornar forçada, o entrecho segue por um caminho onde as circunstâncias são
desencadeadas a partir das atitudes das figuras em tela que condizem com a
personalidade de cada um deles.
Dito isso, desde o
princípio o longa estabelece os aspectos idiossincráticos de seus personagens como
forma de justificar as ações futuras efetuadas por estes. Tais características
contrastam entre os membros do grupo e ensejam uma comicidade eficiente, ao
passo que o espectador também se mostra constantemente apreensivo com uma
eventual explosão de Markus, que é um dos traços mais enfáticos de seu caráter.
Essa dinâmica, embora pudesse ser caricata, funciona durante grande parte do
tempo porque os integrantes da equipe são retratados com verossimilhança e as
excentricidades apresentadas fazem parte de quem eles são. A exceção diz
respeito aos blocos em que Otto, Lennart e Emmenthaler se passam por
psicólogos, pois as sequências pendem em demasia para um tom burlesco.
Outrossim, o
desempenho cênico do elenco é fundamental para a química da equipe operar. Mads
faz um homem silencioso, pragmático, cético, brusco, impulsivo e que consegue
intimidar apenas com o olhar; o assistente está sempre receoso com a sua
reação, porém, percebe-se que ele esconde muita dor sob a carapaça bruta. Por
sua vez, Nikolaj Lie Kaas é o mediador do time, extremamente observador,
calculista e ponderado. Já Lars Brygmann é o principal propulsor das piadas da
urdidura, enquanto Nicolas Bro interpreta o rosto mais instável do quarteto. Dessa
maneira, os delineamentos de personalidade dos personagens se complementam para
desenvolver suas camadas e engendrar reflexões sobre traumas, abuso, culpa,
luto, rejeição social e paternidade; todos os quatro são complexos
e possuem conflitos.
Contudo, o filme
não é perfeito. O namorado da filha de Markus e um garoto ucraniano que
participa da trama a partir do segundo ato são descartáveis, ao passo que os vilões são
genéricos. Ademais, mesmo que as cenas de ação sejam compreensíveis e
entusiásticas, o morticínio ao final acontece de modo previsível; é catártico e
frenético, mas não deixa de ser clichê.
Em face do exposto,
Loucos por Justiça é uma obra completa: tem ação, drama, suspense e comédia.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de
lançamento (Brasil): 10 de novembro de 2021
Direção: Anders
Thomas Jensen
Elenco: Mads
Mikkelsen, Nikolaj Lie Kaas, Lars Brygmann…
Gênero: Ação
Nacionalidade: Dinamarca
Sinopse (Filmow):
Markus é um militar que precisa voltar para casa após sua esposa morrer
em um trágico acidente de trem.
Avaliação:
IMDb: 7,6
Rotten: 96%
Metacritic: 81%
Filmow (média geral): 3,7
Adoro Cinema (usuários): 3,3
Kontaminantes (Matheus
J. S.): 9
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