Antes de estrear
Eternos e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, a Marvel levou aos cinemas
Shang-Chi, primeiro filme do herói que tem como objetivo introduzir mais um
semblante no time dos Vingadores e ampliar a representatividade dentro do UCM.
Ainda que o longa apresente certas virtudes, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
é o pontapé inicial morno da trajetória do personagem nesse universo
compartilhado.
Em primeira
análise, deve-se frisar que a película funciona como trabalho solo. Nesse
sentido, considerando que o UCM é composto por distintas obras conectadas entre
si e que exigem que o assistente tenha assistido as produções anteriores para compreender
as circunstâncias de um novo capítulo, Shang-Chi se destaca por caminhar de
forma independente. Em outras palavras, o filme não está vinculado a outros
trabalhos do Universo Marvel e não requer a existência de conhecimentos prévios
para o desfrute de sua experiência, o que permite que todo o público entenda
integralmente sua narrativa e possa apreciá-lo como um audiovisual único. Logo,
pode-se inferir que tal abordagem é a maneira encontrada por Kevin Feige para inocular
um novo rosto ao seu escopo de protagonistas e se desvencilhar do peso que a
imagem dos heróis de outrora traz consigo, sobretudo em uma época em que a nostalgia
tem tomado conta das telonas.
Contudo, muitos dos
elementos que deviam autenticar o longa pecam no que remete à sua constituição.
Ou seja, apesar de Ta Lo ser bem concebida, possuir criaturas singulares e
características próprias, a construção da vila mitológica se restringe aos
aspectos visuais, tendo em vista que nenhum desses traços é explorado. Dito
isso, mesmo que o espectador se maravilhe com o esplendor fantástico deste
mundo inusitado, não há o desenvolvimento de uma relação genuína com os seres
ou a cultura daquele povo, pois tudo se resume a uma série de supérfluos
adereços visuais que existem apenas para moldar o palco em que a trama se
desenrola. Outrossim, o fato de as habilidades dos habitantes de Ta Lo serem
brevemente assimiladas pelo protagonista inibe o caráter especial delas, assim
como após um único treinamento Katy se tornar uma exímia arqueira coibir o
talento daqueles que treinaram durante anos para exercerem o posto na película.
Aproveitando o
gancho, Katy é um dos grandes problemas da obra. Embora a amiga de Shang-Chi
protagonize algumas sequências muito engraçadas - como aquela em que a
personagem questiona o colega sobre a troca de nomes para manter o disfarce -, a
produção não cadencia as incursões cômicas efetuadas por meio de Katy e
engendra uma infinidade de piadas forçadas. O mesmo pode ser dito acerca da
cena do ônibus em que um coadjuvante narra a luta que acontece ali, o que
quebra o ritmo frenético do trecho. Também nesse contexto, as participações do
falso Mandarim têm como intuito remediar o fiasco ocorrido em Homem de Ferro 3,
porém, a personalidade caricata do indivíduo dificulta que este cumpra sua
função. Vale ressaltar que o arco do protagonista com seu pai, mesmo que não se
aventure por empreitadas jocosas, é igualmente falho ao seguir por batidas previsíveis
que impedem um maior envolvimento do público com o plot.
Por outro lado, os
segmentos de ação são impecáveis. As lutas são muito bem coreografadas e
inteligíveis, os golpes são rápidos e coordenados e os movimentos que integram
todo o combate evidenciam que tanto os personagens quanto os atores receberam o
treinamento adequado. Convém salientar que o embate na lateral do prédio, ainda
no primeiro bloco do entrecho, é vibrante, enérgico, emocionante e, mesmo o
assistente sabendo que nenhum dos principais semblantes será afetado, ele
consegue ser extremamente angustiante.
Em suma, Shang-Chi
e a Lenda dos Dez Anéis é um episódio insosso do Universo Marvel que consegue
divertir em momentos pontuais.
Matheus J. S.
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Ficha Técnica:
Data de
lançamento (Brasil): 02 de setembro de 2021
Direção: Destin
Daniel Cretton
Elenco: Simu
Liu, Tony Leung Chiu-Wai, Awkwafina…
Gênero: Ação
Nacionalidade:
EUA
Sinopse (Filmow):
Shang-Chi é um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para
que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto,
quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira
vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se
obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho.
Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 91%
Metacritic: 71%
Filmow (média geral): 3,8
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,2/4,0
Kontaminantes (Matheus
J. S.): 5
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