Ainda que as
últimas animações comentadas aqui no blog sejam merecedoras dos elogios
atribuídos a elas, tais como Bob Cuspe e A Família Mitchell, o filme da vez
chega para quebrar a boa sequência. Dito isso, Mamoru Hosoda, após dirigir
Mirai, retorna ao posto atrás das câmeras para mais uma infeliz empreitada.
Em primeira
análise, Belle tem uma introdução marcada por uma narração em off que,
embora contextualize o público, é posteriormente descartada. Nesse sentido, os
minutos incipientes têm como intuito apresentar U, o universo virtual onde grande
parte da trama irá se desenrolar. Dito isso, a concepção visual desse mundo é
espalhafatosa, colorida e repleta de formas e misturas inumanas, o que denota
uma grande influência estética oriunda dos animes. No entanto, o espectador nunca
entende por completo como realmente funciona aquela realidade, pois o longa
expõe somente aspectos superficiais de sua constituição.
Concernente à
protagonista, Suzu é o típico estereótipo que lidera as produções do gênero:
tímida, desengonçada e socialmente inarticulada. Posto isto, a película não se
esforça para desenvolver alguma característica que torne a personagem
minimamente cativante ou diferente. Essa tarefa recai sobre os ombros de sua
amiga e Kamishin, ambos coadjuvantes cômicos e extravagantes que contagiam o
assistente cada qual com sua singularidade. Por sua vez, Shinobu, outro
semblante secundário, até consegue se desvencilhar do arquétipo do potencial namorado
da protagonista, porém, suas participações são insípidas e pouco corroboram
para o progresso do enredo.
Outrossim, os vilões
são blasé e unidimensionais, ao passo que o arco envolvendo a mãe de Suzu e o
distanciamento que a mantém longe do pai são pincelados, mas não explorados. Vale
ressaltar, sobretudo, que a obra busca tecer uma releitura do clássico A Bela e
a Fera, e o filme opera com maior eficiência exatamente a partir do ponto em que
“A Besta” é inoculada ao entrecho, trazendo um dinamismo bem-vindo à narrativa
e um mistério instigante a ser desvendado.
Por fim, alguns elementos
do roteiro são tão patentes que fica difícil relevar. Os principais exemplos estão
relacionados ao fato de todos os avatares de U detestarem Belle e, repentinamente,
passarem a amá-la, assim como quando Shinobu subitamente descobre a verdadeira
identidade de Suzu na realidade virtual. Desse modo, convém salientar que,
enquanto o texto se mostra pouco inspirado na resolução de fatores simples, a
direção é mais inventiva ao brincar com sua estrutura diegética para representar
visualmente conceitos abstratos.
Em suma, Belle é
uma produção pobre que manifesta mais uma tentativa falha da carreira de Mamoru
Hosoda.
Matheus J. S.
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Ficha Técnica:
Data de
lançamento (Brasil): 27 de janeiro de 2022
Direção: Mamoru Hosoda
Elenco: Koji
Yakusho, Ryô Narita, Shôta Sometani…
Gênero: Animação
Nacionalidade: Japão
Sinopse (Adoro Cinema):
Suzu é uma estudante tímida do ensino médio que vive em uma vila rural.
Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Mas quando ela entra em
"U", um enorme mundo virtual, ela foge para sua persona online como
Belle, uma cantora linda e globalmente amada.
Avaliação:
IMDb: 7,3
Rotten: 95%
Metacritic: 84%
Filmow (média geral): 3,8
Adoro Cinema (usuários): 3,3
Kontaminantes (Matheus
J. S.): 2,5
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