31 de janeiro de 2022

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Belle

Pôster

Ainda que as últimas animações comentadas aqui no blog sejam merecedoras dos elogios atribuídos a elas, tais como Bob Cuspe e A Família Mitchell, o filme da vez chega para quebrar a boa sequência. Dito isso, Mamoru Hosoda, após dirigir Mirai, retorna ao posto atrás das câmeras para mais uma infeliz empreitada.
Em primeira análise, Belle tem uma introdução marcada por uma narração em off que, embora contextualize o público, é posteriormente descartada. Nesse sentido, os minutos incipientes têm como intuito apresentar U, o universo virtual onde grande parte da trama irá se desenrolar. Dito isso, a concepção visual desse mundo é espalhafatosa, colorida e repleta de formas e misturas inumanas, o que denota uma grande influência estética oriunda dos animes. No entanto, o espectador nunca entende por completo como realmente funciona aquela realidade, pois o longa expõe somente aspectos superficiais de sua constituição.
Concernente à protagonista, Suzu é o típico estereótipo que lidera as produções do gênero: tímida, desengonçada e socialmente inarticulada. Posto isto, a película não se esforça para desenvolver alguma característica que torne a personagem minimamente cativante ou diferente. Essa tarefa recai sobre os ombros de sua amiga e Kamishin, ambos coadjuvantes cômicos e extravagantes que contagiam o assistente cada qual com sua singularidade. Por sua vez, Shinobu, outro semblante secundário, até consegue se desvencilhar do arquétipo do potencial namorado da protagonista, porém, suas participações são insípidas e pouco corroboram para o progresso do enredo.
Outrossim, os vilões são blasé e unidimensionais, ao passo que o arco envolvendo a mãe de Suzu e o distanciamento que a mantém longe do pai são pincelados, mas não explorados. Vale ressaltar, sobretudo, que a obra busca tecer uma releitura do clássico A Bela e a Fera, e o filme opera com maior eficiência exatamente a partir do ponto em que “A Besta” é inoculada ao entrecho, trazendo um dinamismo bem-vindo à narrativa e um mistério instigante a ser desvendado.
Por fim, alguns elementos do roteiro são tão patentes que fica difícil relevar. Os principais exemplos estão relacionados ao fato de todos os avatares de U detestarem Belle e, repentinamente, passarem a amá-la, assim como quando Shinobu subitamente descobre a verdadeira identidade de Suzu na realidade virtual. Desse modo, convém salientar que, enquanto o texto se mostra pouco inspirado na resolução de fatores simples, a direção é mais inventiva ao brincar com sua estrutura diegética para representar visualmente conceitos abstratos.
Em suma, Belle é uma produção pobre que manifesta mais uma tentativa falha da carreira de Mamoru Hosoda.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 27 de janeiro de 2022
Direção: Mamoru Hosoda
Elenco: Koji Yakusho, Ryô Narita, Shôta Sometani…
Gênero: Animação
Nacionalidade: Japão

Sinopse (Adoro Cinema):
Suzu é uma estudante tímida do ensino médio que vive em uma vila rural. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Mas quando ela entra em "U", um enorme mundo virtual, ela foge para sua persona online como Belle, uma cantora linda e globalmente amada.

Avaliação:
IMDb: 7,3
Rotten: 95%
Metacritic: 84%
Filmow (média geral): 3,8
Adoro Cinema (usuários): 3,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 2,5
Avaliação


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