Desde já considerado um dos favoritos à cotação do Oscar, Belfast é o
mais novo filme dirigido por Kenneth Branagh. Com estreia prevista para
fevereiro de 2022 no Brasil, o longa já angariou suas primeiras críticas
positivas, mas será que o hype é justificado?
Em primeira análise, a película tem início com uma visão panorâmica da
capital que dá nome ao filme, o que serve como introdução ao palco narrativo
posteriormente desenvolvido. Nesse sentido, a cidade se manifesta como um
organismo vivo que participa ativamente da estória, servindo quase como um ente
querido que abraça os personagens e os assiste em sua jornada. Desse modo, o
espectador pode facilmente se familiarizar com o cenário e os indivíduos ali
envolvidos, haja visto que todo o desenrolar do longa acontece naquele ambiente
propiciando uma maior intimidade entre o público e as figuras em tela.
Outro aspecto de suma importância diz respeito ao contexto histórico sob
o qual a película ocorre. Dito isso, desde os seus primórdios o enredo apregoa
o confronto entre católicos e protestantes que rege o convívio entre os
principais semblantes do entrecho. Entretanto, apesar do tom beligerante, o
roteiro opta por uma abordagem mais branda que respalda o olhar pueril do
protagonista mirim Buddy, considerando que até a trilha se manifesta como reforço
dessa ótica ao demonstrar preferência por faixas mais alegres que contrastam
com os eventos belicosos vigentes. Por outro lado, a predileção por uma
acometida mais tênue impossibilita que o texto se aprofunde em suas principais
pautas ou estimule os assistentes a querer saber mais acerca dos fatos que
influenciaram a trama.
No que concerne a Buddy, todo o filme gira em torno de sua pessoa. Posto
isto, a personalidade infantil do menino reveste o enredo com uma sutileza que
enseja uma experiência fílmica leve e gostosa de se assistir, apesar dos
contrapontos já realçados. Esses traços idiossincráticos se mesclam para formar
um protagonista carismático, astuto e inteligente que contagia os personagens
ao seu redor e constrói uma dinâmica fluida com eles. Destarte, algumas
subtramas abrangendo o núcleo familiar de Buddy são traçadas a partir de sua
perspectiva, não de forma densa, mas suficientemente madura para o público
compreender o peso de tais conflitos.
Outrossim, os rostos periféricos contribuem organicamente para o
caminhar do script. Dentre estes, destacam-se os avós Granny e Pop, que
apresentam bastante química em tela e dão vida a um dos momentos mais ternos do
longa, e os pais de Buddy, que impactam diretamente a trama. Em face disso, o
roteiro demonstra proficiência ao equilibrar a importância e o tempo em cena de
cada um dos personagens. A única exceção se refere ao protestante Billy,
sujeito pintado como vilão, porém que representa uma ameaça meramente momentânea,
seja por conta de suas participações avulsas, seja por jamais afetar
drasticamente a progressão do entrecho. Vale ressaltar que a montagem é conturbada
em determinados segmentos, o que corrobora a prostração narrativa do indivíduo
supracitado.
Em linhas gerais, Belfast é uma produção simples, gostosa e envolvente,
mas que não consegue maturar os seus principais debates ou instigar os
espectadores a buscarem respostas após o fim da sessão.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 24 de fevereiro de
2022
Direção: Kenneth Branagh
Elenco: Caitriona Balfe, Judi Dench, Jamie
Dornan...
Gênero: Drama
Nacionalidade: Reino Unido
Sinopse
(Adoro Cinema):
Em Belfast, no final dos
tumultuosos anos de 1960 na Irlanda do Norte, o jovem Buddy (Jude Hill)
percorre a paisagem das lutas da classe trabalhadora, em meio de mudanças
culturais e violência extrema.
Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 86%
Metacritic: 77%
Filmow (média geral):
3,7
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7,5
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