Edgar Wright sempre foi considerado um diretor proficiente no âmbito da
comédia. Com grandes obras em seu currículo, tais como Scott Pilgrim Contra o
Mundo e os filmes da Trilogia Cornetto, o cineasta, entretanto, parece não
estar nos seus melhores dias desde o lançamento de seu último trabalho: Baby Driver. Diante do exposto, Noite Passada em Soho é mais uma produção
decepcionante de um diretor renomado em 2021.
De início, Londres, mais que um simples palco narrativo, é um personagem
que se articula com assaz importância dentro da trama. A relevância da cidade
vai além do fascínio que a protagonista sente pelo ambiente londrino, se
revelando, sobretudo, o cenário sombrio onde os sonhos nascem e morrem. Posto
isto, o longa se dedica a destrinchar a localidade mencionada por meio dos
passeios realizados por sua personagem central, fazendo com que o espectador
seja imbuído pelo território assistido em tela. Para tal, a concepção
cenográfica é responsável por exercer o contraste entre uma Londres cercada por
luzes neons e pubs reluzentes com uma Londres repleta de vielas escuras e
domicílios escusos.
Nesse sentido, a dicotomia que rege o município supracitado serve para
expor a vida boêmia que mascara um mundo sujo, sendo, nesse caso, o mundo da
fama. Em face disso, a película tenta abordar a podridão da escalada do sucesso
e a exploração da mulher na respectiva indústria, porém a insensibilidade com
que os temas são tratados e a utilização de arquétipos e clichês dificultam o
aprofundamento das pautas, o que gera, em decorrência, a ineficácia da mensagem
final. Vale ressaltar que o enredo usa a figura masculina para representar a
perversidade e os abusos cometidos por esta classe, contudo a generalização de
todos os homens na estória cria uma narrativa unilateral que impossibilita um
maior engajamento do público.
Outrossim, com base no que foi afirmado anteriormente, a única exceção
diz respeito ao John. Dito isso, apesar de o rapaz não ser asqueroso como os
seus semelhantes, o seu envolvimento com Eloise tem um rumo óbvio no qual o
personagem é simplesmente relegado ao posto de interesse romântico. Por sua
vez, os demais coadjuvantes ocupam papeis estereotipados que nada agregam ao
entrecho. Ademais, convém frisar o desfecho do filme que, embora tente replicar
a tensão efetuada com êxito em outros momentos, é marcado por diálogos
expositivos e uma reviravolta insípida que corroboram o fracasso em busca do
efeito almejado.
Por fim, Noite Passada em Soho é uma produção pouco inspirada que, mesmo
com boas ideias, entrega um resultado medíocre.
Matheus J. S.
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 18 de novembro de 2021
Direção: Edgar Wright
Elenco: Thomasin McKenzie, Anya Taylor-Joy, Matt Smith (XI)...
Gênero: Suspense
Nacionalidade: Reino Unido
Sinopse (Filmow):
Uma jovem apaixonada por
moda (Thomasin McKenzie) misteriosamente ganha a chance de voltar aos anos 60 e
encontrar sua ídola, uma encantadora cantora aspirante (Anya Taylor-Joy). Mas a
Londres dessa década não é o que parece e logo o tempo começa a desmoronar com
perigosas consequências.
Avaliação:
IMDb: 7,2
Rotten: 75%
Metacritic: 65%
Filmow (média geral): 3,9
Adoro Cinema (usuários): 3,4
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
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