Embora hoje a popularidade de faroestes não seja tão grande quanto há 70
anos, todo novo filme do gênero desperta curiosidades no espectador para saber
qual a novidade que o recém-chegado tem a oferecer. Nesse sentido, ainda que
Vingança e Castigo não seja original, o longa consegue chamar atenção pela
conservação das características clássicas do western e o fabuloso
elenco.
Em primeira análise, este é um longa que se realça mais pelo estilo do
que pelo roteiro, sobretudo comunicando-se por meio de imagens em vez de falas.
A sequência inicial reitera essa máxima ao apresentar o vilão somente de
costas, o que acentua um tom de mistério e apregoa a unicidade estética da película.
De modo similar, os segmentos introdutórios de cada personagem expõem as habilidades
e o caráter de cada um sem necessitar fazê-lo verbalmente. Outro exemplo se
aplica à forma com que o diretor encontra para engrandecer os semblantes em
cena e o poderio das equipes unidas, prezando sempre pela centralização das
figuras em tela e uma câmera ligeiramente inclinada para cima.
Outrossim, a recorrência de planos-detalhe é mais um artifício que
transmite mensagens apenas com o poder da insinuação, seja para estimular tensão
ou suscitar desejo e ternura. Posto isto, vale ressaltar que muitos dos
elementos de Vingança e Castigo são influenciados por clássicos do gênero e até
produções recentes, como Django Livre. Nesse contexto, traços tarantinescos são
encontrados no longa, como o zelo por diálogos robustos, uma trilha marcada por
faixas ecléticas, close-up's e o uso de contra-plongée. Ademais,
destacam-se cenas em slow motion que agregam vistosidade aos blocos mais
enérgicos da película.
No que concerne ao script, este segue os moldes tradicionais de
um faroeste comum, com poucas subversões de expectativas do público. Dito isso,
os antagonistas são puramente maus (com uma exceção que será debatida
posteriormente) e o texto não se esforça para humanizá-los, o que é bom, visto
que a premissa da obra não requer aprofundamentos e a abordagem escolhida pelo
diretor demonstra predileção pelo visual e pelo entretenimento. Por
conseguinte, o filme concilia com primazia momentos de apreensão ao frenesi
narrativo, cedendo espaço para a comicidade se sobressair com naturalidade e
eficiência durante os breves respiros que a trama executa.
Entretanto, o enredo começa a tropeçar a partir do segundo ato com
exposições cada vez mais frequentes e um clímax totalmente anticlimático. (SPOILERS A SEGUIR) Isto é, considerando que todo o
entrecho vinha preparando o terreno para o embate final, a revelação derradeira
de que Nat Love e Rufus Buck são irmãos impede a ocorrência do confronto
desejado, além de contradizer a proposta até então efetuada. (FIM DOS SPOILERS) Em síntese, é uma manobra que soa
forçada ao tentar promover justificativas para uma incógnita que perdurou até o
fim do longa, mas não soube ser ajambrada pelos roteiristas.
Destarte, Vingança e Castigo é uma produção lúdica e tecnicamente impecável
que calibra as convenções e clichês do gênero em prol de seu escopo narrativo,
ainda que sofra com exposições preguiçosas e um desfecho inconveniente.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
Comente,
Compartilhe e Siga Nosso Blog
Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 3 de novembro de
2021
Direção: Jeymes Samuel
Elenco: Jonathan Majors, Idris Elba, Zazie
Beetz...
Gênero: Ação
Nacionalidade: EUA
Sinopse
(Adoro Cinema):
Em Vingança & Castigo,
quando o fora da lei Nat Love (Jonathan Majors) descobre que seu maior inimigo,
Rufus Buck (Idris Elba), será libertado da prisão, ele reúne seu bando em uma
busca incessante por vingança.
Avaliação:
IMDb: 6,6
Rotten: 87%
Metacritic: 68%
Filmow (média geral):
3,5
Adoro Cinema
(usuários): 3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
Nenhum comentário:
Postar um comentário