23 de dezembro de 2021

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Hawkeye

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Quarta série live-action da Marvel em 2021, Hawkeye chegou às telinhas com o intuito de encerrar o ano com chave de ouro. Mais modesto que seus antecessores, como WandaVision e Loki, o programa aposta na ludicidade da trama e na energia de seus personagens para engendrar uma estória cativante.
De início, convém dizer que Hawkeye é, sobretudo, uma série natalina. Além do design de produção característico e as várias menções ao feriado, o espírito da comemoração é o que rege o tom da obra, sendo encontrado na química entre os semblantes em tela, na concepção de novos rostos inoculados ao Universo Marvel e até na construção de sequências inteiras, como quando Clint participa de uma sessão de LARP. Atinente ao que foi mencionado, Jack é o principal exemplo de descontração e bom-humor, visto que as suas cenas são hilárias e a performance cômoda do ator corrobora o efeito desejado. Contudo, essa jocosidade não funciona quando aplicada aos membros da Gangue do Agasalho, considerando que eles são criminosos e as tentativas de torná-los cômicos os faz caricatos. É a partir dessa brecha narrativa que o enredo não consegue imprimir tensão quando deveria, pois a idiotização dos inimigos impede a existência de um perigo real aos protagonistas.
A respeito do laço que une a Kate e o Clint, o roteiro estabelece de forma progressiva o relacionamento entre os dois. Isto é, trata-se de uma amizade que começa pontuada por sentimentos adversos, com uma forte admiração sendo contraposta por sarcasmo e rabugem, mas que logo ganha contornos afetivos e origina uma sintonia refletida nas habilidades conjuntas durante os blocos de combate e nos pensamentos em comum. Essa dinâmica cresce naturalmente ao longo dos episódios e serve para respaldar o contraste que há entre as perspectivas de ambos sobre o que é ser herói, tendo em vista que esse ofício excede o entretenimento e carrega consigo perigos e responsabilidades, como é frisado pelo texto. Vale ressaltar que as atuações de Hailee Steinfeld e Jeremy Renner permitem que a relação da dupla flua de maneira autêntica, com destaque para a jovem atriz que esbanja carisma e está super confortável no papel.
No que concerne ao Gavião em si, o script é bastante atencioso ao conceber um personagem conflituoso sem menosprezar os eventos passados de sua jornada. Desde aspectos físicos - como o problema auditivo proveniente das inúmeras explosões e pancadas - até questões emocionais, a série explora sentimentos como luto, para salientar o elo que havia entre ele e Natasha, e culpa, para investigar as ações efetuadas pelo herói sob o manto de Ronin. (SPOILERS A SEGUIR) Nesse sentido, a inserção de Eco no entrecho tem como intuito apresentar os impactos que as atitudes de Clint como Ronin tiveram sobre a vida de terceiros, sendo este um modo orgânico e plausível de introduzir uma nova figura ao escopo de perfis da Marvel. Outrossim, a inclusão de Yelena condiz com o desfecho de Viúva Negra, porém a conclusão de seu arco com Clint acontece por meio de uma facilitação narrativa que desconstrói as suas motivações; em resumo, é pouquíssimo convincente.
Ainda pertinente aos novos semblantes em tela, o Rei do Crime, para quem não está familiarizado com o personagem, não desperta temor e não justifica o receio que Clint teve ao correr de todo o programa em se manter distante de sua atenção. Dito isso, a aparição do mafioso se alicerça na reputação que ele construiu na série do Demolidor, mas que não repete o efeito aqui, terminando por ser um mero fan-service que irá agradar somente quem assistiu a produção da Netflix. (FIM DOS SPOILERS) Outro rosto a fazer sua primeira participação no UCM é Eleanor, a mãe de Kate que, embora interpretada pela renomada Vera Farmiga, tem um plot pouco engajante e preguiçosamente expositivo.
Por fim, a direção também demonstra a sua parcela de talento. Começando pela sequência inicial do episódio 1, o espectador é convidado a revisitar um dos momentos de Vingadores (2012) sob outro ponto de vista, o que denota um cuidado por parte dos criadores na reconstrução exata da situação. A habilidade dos diretores é igualmente exaltada durante as cenas de luta, estas inteligíveis e incrementadas com elementos que atribuem um charme adicional, como a execução de planos-sequência, uso de slow-motion - tanto em prol de segmentos mais ágeis quanto para efeito cômico -, rimas visuais e movimentos de câmera que revigoram as passagens em questão.
Hawkeye, em suma, é uma série leve e divertida, tem um ótimo elenco e, apesar das muitas piadas fora de tempo e dos deslizes narrativos, consegue fechar o ano deixando os fãs com um sorriso na boca.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 24 de novembro de 2021
Criada por: Jonathan Igla
Com: Jeremy Renner, Hailee Steinfeld, Alaqua Cox…
País: EUA
Gênero: Ação
Status: Indefinido
Duração: 40 - 62 minutos

Sinopse (Adoro Cinema):
Após anos dedicados ao seu alter ego de Gavião Arqueiro, Clint Barton (Jeremy Renner) agora precisa passar a tocha adiante. A escolhida para ocupar o posto de heroína é Kate Bishop (Hailee Steinfeld), uma arqueira de apenas 22 anos. Quando uma imponente presença do passado de Barton ameaça acabar com sua família, os dois arqueiros são forçados a trabalhar juntos.
 
Avaliação (1ª Temporada):
IMDb (2021- ): 8,1
Rotten: 91%
Metacritic: 66%
Filmow (média geral): 3,6
Adoro Cinema (usuários): 3,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
Avaliação


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