25 de dezembro de 2021

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Tick, Tick... Boom!

Pôster

Musicais fazem parte de um gênero de filmes que costuma dividir os espectadores entre aqueles que amam, e os que odeiam. Contudo, Tick, Tick... Boom! chegou à Netflix mês passado com o intuito de quebrar esse estigma ao contar uma estória tão envolvente quanto cativante.
Em primeira análise, convém salientar que Tick, Tick... Boom!, como musical, funciona muito bem. As músicas são inoculadas desde o princípio e as letras abrangem desde temas aleatórios até mensagens catárticas que exprimem o conflito dos personagens. Nesse sentido, o roteiro demonstra sagacidade ao entreter o público com canções que nada têm a dizer, porém são suficientes para gerar diversão e expor a engenhosidade de Jonathan Larson como compositor. Vale ressaltar que as faixas do longa, respaldadas pela montagem, se aliam organicamente aos eventos em tela, originando uma incrível dinâmica que concilia todos os semblantes em cena até o cenário em si e os objetos que o compõem.
No entanto, para que tais blocos tenham eficiência é imprescindível que o elenco esteja tão afiado quanto os elementos supracitados. Felizmente, os atores apresentam uma sintonia vibrante que corrobora a energia das músicas e permite que cada rosto tenha o seu talento devidamente enaltecido. O destaque fica por conta de Andrew Garfield que transmite com veemência toda a paixão que a sua persona sente por aquele universo, dando vida à uma performance de muita entrega tanto nos palcos quanto no âmbito dramático. Em outras palavras, o ator transita por finas nuances que separam o comprometimento da obsessão e loucura, criando, portanto, um personagem complexo.
Dito isso, o carisma natural do ator e a familiaridade dos dilemas que ele enfrenta estabelecem de início um forte laço com os assistentes que os impulsiona a torcer e sofrer junto com o indivíduo em questão, sobretudo. Esse elo é fortificado a partir da utilização de voice over que possibilita que o interlocutor contextualize o espectador sobre o que está ocorrendo em tela e faça comentários adicionais acerca das circunstâncias vigentes. Ademais, tal afinidade semeia o terreno para que os debates propostos pelo texto sejam mais palatáveis ao público, tais como processo criativo, desafios de carreira, sonhos e envelhecimento.
Ambientado nos anos 90, o período retratado também serve como base para o script maturar questões relacionadas à explosão de casos de HIV que assombraram o mundo nos 80 e 90. É importante frisar que essa vertente narrativa sustenta o arco do Michael e fomenta os principais confrontos entre ele e o protagonista, o que auxilia, por conseguinte, o desenvolvimento até mesmo do núcleo do Jonathan. Por outro lado, o plot da Susan não é privilegiado da mesma forma, visto que a sua subtrama é explorada muito mais sob a perspectiva do personagem central do que pelos próprios olhos, como acontece com Michael, por exemplo. Deve-se enfatizar que o subnúcleo do amigo do Jonathan no hospital é pincelado aos primórdios da película e depois só retorna ao fim, o que denuncia a negligência do roteiro para com o respectivo arco.
Em linhas gerais, Tick, Tick... Boom! é um filme divertido, enérgico e tocante que consegue equilibrar com a mesma eficácia suas diferentes abordagens tonais.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 19 de novembro de 2021
Direção: Lin-Manuel Miranda
Elenco: Andrew Garfield, Vanessa Hudgens, Bradley Whitford...
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Netflix):
Prestes a completar 30 anos, um compositor promissor lida com o amor, a amizade e a pressão para criar algo incrível antes que o tempo acabe.
 
Avaliação:
IMDb: 7,6
Rotten: 88%
Metacritic: 74%
Filmow (média geral): 3,9
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,7/4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8,5
Avaliação


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