27 de dezembro de 2021

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Duna

Pôster

Após o lançamento de sucessos como A Chegada e Blade Runner 2049, Dennis Villeneuve decidiu se aventurar novamente dentro do gênero sci-fi com a adaptação do livro Duna. Segunda versão cinematográfica da obra de Frank Herbert, o romance é considerado inadaptável por muitos leitores, com a alegação de que a grandiosidade da mitologia elaborada pelo escritor seria impossível de ser transmitida às telonas. Entretanto, Villeneuve apresentou um resultado que, ao menos em nível estético, não frustrará os fãs da franquia.
Introdutoriamente, a concepção do universo de Duna é magnificente. Cada equipamento inoculado, máquina, aparelho, lugar e até seres de raças diversas possuem suas particularidades, o que denota a imane atenciosidade do filme com o design de produção e o figurino. Nesse sentido, o contraste existente entre as gigantescas naves e os seus tripulantes é filmado sob panoramas amplos com o intuito de exaltar a opulente concepção cenográfica. Por sua vez, as distinções de coloração entre os planetas realçam a belíssima fotografia utilizada, ao passo que a recorrência de CGI não satura o visual. Ademais, vale mencionar que os efeitos sonoros são a principal ferramenta de imersão durante os momentos mais épicos.
Diferente de outros renomados sci-fi, tais como Star Wars e Star Trek, Duna pode ser considerado uma ficção mais "pé no chão". Isso porque os elementos fantásticos são pouco absurdos e não é difícil imaginar o nosso mundo com algumas mudanças como a própria realidade retratada. Essa familiaridade permite que os fatores menos comuns saltem aos olhos quando presentes, sendo este o caso do antagonista Vladimir, por exemplo. Em outras palavras, a sua caracterização ímpar enseja tanto perguntas quanto temor, fazendo com que o espectador se mantenha intrigado e apreensivo em sua presença.
Com relação aos demais semblantes, a grande quantidade de figuras entrando e saindo de tela impossibilita que o enredo tenha tempo suficiente para criar e desenvolver o elo entre público e personagens. Dito isso, a ausência de vínculo entre os interlocutores afeta o engajamento do assistente e inibe o impacto de determinadas mortes quando elas ocorrem. (SPOILERS A SEGUIR) Desse modo, apesar do carisma do ator, o falecimento do Duncan não enternece os espectadores, tanto pelo frágil relacionamento supracitado quanto pela cena clichê em que a circunstância se desenrola. (FIM DOS SPOILERS)
Sobretudo, alguns dos grandes problemas do longa são a dependência que a estória tem de uma continuação e a necessidade de um sólido background por parte do público. Ou seja, muitas coisas acontecem sem contextualização, o que pode deixar os assistentes confusos e ainda menos estimulados. Posto isto, a inserção de sequências oníricas, embora estilosas ao usufruírem com ludicidade do slow motion, são usadas à exaustão e trabalham em campo especulativo ao apenas semear detalhes que poderão ser destrinchados no futuro, mas nada fornecem agora. De maneira similar se destaca o segmento final que, além do desfecho óbvio, não possui relevância para a trama da película atual e existe somente para acrescentar emoção ao clímax e gerar potenciais consequências ao protagonista.
Outrossim, o roteiro sofre com o excesso de conveniências. (SPOILERS A SEGUIR) Quando Paul e sua mãe são sequestrados, o script não demonstra vergonha ao fazer com que apenas Jessica seja amordaçada, permitindo que o seu filho use a Voz para libertá-los. Outro exemplo de coincidência se passa durante o bloco em que a dupla está fugindo da estação de testes ecológicos e há uma nave com dois lugares esperando por eles, o que evidencia novamente a persistência do texto em usar facilitações narrativas para contornar os dilemas de seus personagens. (FIM DOS SPOILERS)
Em linhas gerais, Duna é um filme visualmente sofisticado, porém a demasia de coincidências, o elevado número de rostos mal desenvolvidos e a imposição de aspectos dependentes de um conteúdo auxiliar prejudicam a experiência como um todo.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 21 de outubro de 2021
Direção: Denis Villeneuve
Elenco: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac...
Gênero: Ficção científica
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Filmow):
A vida do jovem Paul Atreides (Timothée Chalamet) está prestes a mudar radicalmente. Após a visita de uma mulher misteriosa, ele é obrigado a deixar seu planeta natal para sobreviver ao ambiente árido e severo de Arrakis, o Planeta Deserto.

Avaliação:
IMDb: 8,2
Rotten: 83%
Metacritic: 74%
Filmow (média geral): 3,9
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,1/4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
Avaliação


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