27 de dezembro de 2021

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The Matrix: Resurrections

Pôster

The Matrix é indubitavelmente um dos maiores clássicos da história do cinema. Mais de vinte anos após o lançamento do primeiro filme, Lana Wachowski retorna sozinha para o quarto capítulo com a promessa de revolucionar novamente a sétima-arte.
Introdutoriamente, The Matrix: Resurrections é um longa que depende intrinsecamente das obras que o precedem. Repleta de referências às produções canônicas, a película reconstrói muitas cenas com o intuito de servir os fãs, porém as tentativas fracassam quando esse recurso se torna uma ferramenta repetitiva que não agrega nada novo à estória e se alicerça na memória afetiva que os espectadores têm dos eventos originais. Em face disso, o filme usa trechos da trilogia para tecer paralelos com os eventos atuais do enredo, contudo a inserção destes ofusca os blocos em questão devido às sequências reutilizadas serem melhores que as do quarto longa.
Outrossim, a obra demonstra estar ciente com o fato de ser a continuação de uma franquia consolidada e até brinca com metalinguagem, mas essa autoconsciência não possui propósito dentro da trama e os elementos metalinguísticos são manipulativos, pois buscam cativar o público por meio de feitos do passado. Quanto ao retorno de Neo e Trinity, o roteiro fornece explicações permeadas por conveniências narrativas que coíbem o impacto do desfecho de The Matrix: Revolutions, sobretudo. Ademais, a volta de outros semblantes icônicos da saga desrespeita a lembrança que os assistentes guardam, pois eles estão completamente ridículos e discrepantes com relação ao que foi apresentado anteriormente.
No que concerne à introdução de novos rostos, nenhum dos personagens tem carisma, o que dificulta, em decorrência, a imersão do espectador naqueles que deveriam ser os segmentos mais emocionantes da película. Vale ressaltar que a inclusão de piadas bobas em momentos inoportunos afeta o desenvolvimento de laço entre o público e as figuras em tela. Nesse sentido, a encarnação de Morpheus e do Agente Smith por atores diferentes faz os assistentes clamarem pelo retorno dos intérpretes clássicos, considerando que o antigo mentor de Neo é caricato nesta versão, e o antagonista, vivido por Jonathan Groff, não desperta nem de longe a ameaça que Hugo Weaving representava. Desse modo, a presença de Neo é um alívio em comparação aos demais, apesar do ator estar canastrão no papel após anos desde que o incorporou pela última vez.
Atinente às sequências de combate, que sempre foram um marco da franquia, aqui são horríveis. Em outras palavras, tais passagens são demasiado picotadas e o elenco aparenta não ter coreografia, enquanto os trechos com vários indivíduos lutando juntos são praticamente ininteligíveis. Posto isto, já que nem a ação consegue entreter, a atenção do assistente se volta para o texto que, por sua vez, também falha. Os debates filosóficos, antes diretrizes do entrecho, não existem; a exposição de informações é preguiçosa e desinibida, ao passo que o script insiste em engendrar cenas óbvias que procuram instigar tensão, mesmo os espectadores sabendo o que vem a seguir.
Portanto, The Matrix: Resurrections erra em tudo aquilo que os três primeiros longas acertam, tal como estética, personagens, figurino e enredo, como se tudo feito após esse intervalo de mais de uma década se tornasse patético. Assim, a produção não funciona como tributo tampouco como sátira, sendo, por conseguinte, uma continuação hedionda que deturpa o legado da trilogia original e tem como fito apenas encher os cofres de seus criadores.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 22 de dezembro de 2021
Direção: Lana Wachowski
Elenco: Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Yahya Abdul-Mateen II...
Gênero: Ficção científica
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Se passando 20 anos após os acontecimentos de Matrix Revolutions, Neo vive uma vida aparentemente comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco, Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua mente.
 
Avaliação:
IMDb: 5,8
Rotten: 66%
Metacritic: 64%
Filmow (média geral): 2,9
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,5/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 0
Avaliação

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