The Matrix é indubitavelmente um dos maiores clássicos da história do
cinema. Mais de vinte anos após o lançamento do primeiro filme,
Lana Wachowski retorna sozinha para o quarto capítulo com a promessa de
revolucionar novamente a sétima-arte.
Introdutoriamente, The Matrix: Resurrections é um longa que depende
intrinsecamente das obras que o precedem. Repleta de referências às produções
canônicas, a película reconstrói muitas cenas com o intuito de servir os fãs,
porém as tentativas fracassam quando esse recurso se torna uma ferramenta
repetitiva que não agrega nada novo à estória e se alicerça na memória afetiva
que os espectadores têm dos eventos originais. Em face disso, o filme usa trechos
da trilogia para tecer paralelos com os eventos atuais do enredo, contudo a
inserção destes ofusca os blocos em questão devido às sequências reutilizadas
serem melhores que as do quarto longa.
Outrossim, a obra demonstra estar ciente com o fato de ser a continuação
de uma franquia consolidada e até brinca com metalinguagem, mas essa
autoconsciência não possui propósito dentro da trama e os elementos metalinguísticos
são manipulativos, pois buscam cativar o público por meio de feitos do passado.
Quanto ao retorno de Neo e Trinity, o roteiro fornece explicações permeadas por
conveniências narrativas que coíbem o impacto do desfecho de The Matrix:
Revolutions, sobretudo. Ademais, a volta de outros semblantes icônicos da saga
desrespeita a lembrança que os assistentes guardam, pois eles estão
completamente ridículos e discrepantes com relação ao que foi apresentado
anteriormente.
No que concerne à introdução de novos rostos, nenhum dos personagens tem
carisma, o que dificulta, em decorrência, a imersão do espectador naqueles que
deveriam ser os segmentos mais emocionantes da película. Vale ressaltar que a
inclusão de piadas bobas em momentos inoportunos afeta o desenvolvimento de laço
entre o público e as figuras em tela. Nesse sentido, a encarnação de Morpheus e
do Agente Smith por atores diferentes faz os assistentes clamarem pelo retorno dos
intérpretes clássicos, considerando que o antigo mentor de Neo é caricato nesta
versão, e o antagonista, vivido por Jonathan Groff, não desperta nem de longe a
ameaça que Hugo Weaving representava. Desse modo, a presença de Neo é um alívio
em comparação aos demais, apesar do ator estar canastrão no papel após anos
desde que o incorporou pela última vez.
Atinente às sequências de combate, que sempre foram um marco da
franquia, aqui são horríveis. Em outras palavras, tais passagens são demasiado
picotadas e o elenco aparenta não ter coreografia, enquanto os trechos com vários
indivíduos lutando juntos são praticamente ininteligíveis. Posto isto, já que
nem a ação consegue entreter, a atenção do assistente se volta para o texto
que, por sua vez, também falha. Os debates filosóficos, antes diretrizes do
entrecho, não existem; a exposição de informações é preguiçosa e desinibida, ao
passo que o script insiste em engendrar cenas óbvias que procuram
instigar tensão, mesmo os espectadores sabendo o que vem a seguir.
Portanto, The Matrix: Resurrections erra em tudo aquilo que os três
primeiros longas acertam, tal como estética, personagens, figurino e enredo,
como se tudo feito após esse intervalo de mais de uma década se tornasse patético.
Assim, a produção não funciona como tributo tampouco como sátira, sendo, por
conseguinte, uma continuação hedionda que deturpa o legado da trilogia original
e tem como fito apenas encher os cofres de seus criadores.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Leia Também:
Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 22 de dezembro de
2021
Direção: Lana Wachowski
Elenco: Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Yahya
Abdul-Mateen II...
Gênero: Ficção científica
Nacionalidade: EUA
Sinopse
(Adoro Cinema):
Se passando 20 anos após
os acontecimentos de Matrix Revolutions, Neo vive uma vida aparentemente
comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco,
Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar
as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua
mente.
Avaliação:
IMDb: 5,8
Rotten: 66%
Metacritic: 64%
Filmow (média geral):
2,9
Adoro Cinema
(usuários/adorocinema): 3,5/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 0
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