26 de janeiro de 2022

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007: Sem Tempo Para Morrer

Pôster

Quinto filme da franquia estrelado por Daniel Craig, Sem Tempo Para Morrer tem a difícil tarefa de concluir um ciclo para o ator dentro da saga. Mais do que simplesmente o último longa de Craig no papel, a produção representa o término de uma fase que atravessa três décadas e já privilegiou os fãs com ótimos títulos, como Cassino Royale e Skyfall. Posto isto, é inevitável que as expectativas estivessem lá em cima, porém, a decepção não poderia ser maior.
Em primeiro lugar, o novo 007 tem todas os traços das películas anteriores. Carros luxuosos, mulheres sedutoras e uma trilha rebuscada (desta vez com destaque para No Time to Die, de Billie Eilish) são alguns dos elementos característicos da franquia que, aqui, repercutem novamente. Entretanto, mesmo que a fórmula usada replique os termos que foram bem-sucedidos no passado, a obra peca na concepção de itens básicos. Logo, o problema do filme não está relacionado à falta de ineditismo, mas sim vinculado à incapacidade de lidar com o substancial para trabalhar tópicos que antes cativavam o público.
Um dos principais expoentes, nesse quesito, é o vilão Safin. Dito isso, ainda que o longa se dedique a construir um prólogo a fim de desenvolver o personagem e o seu relacionamento com Madeleine, que é importante para o arco do antagonista, as motivações deste para salvar a garota jamais se revelam. A ausência de fatores elucidativos compromete o engajamento do espectador no respectivo plot, o que é acentuado pela confecção de seu plano maléfico que, de similar modo, jamais é totalmente explícito aos assistentes. Isso não seria ruim se a produção tivesse fornecido suficiente respaldo para o público divagar a respeito, porém, com base no que é exposto, o espectador só consegue imaginar que Safin está fazendo tudo aquilo por conta de uma mera justificativa diabólica; é pigérrimo e superficial. Vale frisar que a escalação de Rami Malek para incorporar o papel é um completo desperdício, pois, mesmo que ator se esforce para imprimir algum tipo de ameaça, o pouco tempo de tela que ele possui é determinado por falas filauciosas que buscam “discutir” sobre a natureza humana, e uma maquiagem que tenta visualmente causar a intimidação que o texto não consegue.
Outrossim, algumas das outras adições ao elenco também são problemáticas. O cientista Obruchev exerce a função de espairecer a trama e, apesar de funcionar na maioria das vezes devido aos personagens também carecerem de informações, este subestima a capacidade dos assistentes quando passa a verbalizar pontos já esclarecidos pelo entrecho. Por sua vez, a nova 007 existe somente para o roteiro efetuar uma disputa impertinente entre ela e Bond, enquanto Ash é inoculado apenas para o script engendrar uma reviravolta insossa. (SPOILERS A SEGUIR) Outro acréscimo questionável é a filha do protagonista, porque a sua inserção tem como único intuito servir de apelo emocional para James e Madeleine agirem conforme as convenientes instruções do texto. (FIM DOS SPOILERS) Em contraparte, Paloma, vivida por Ana de Armas, é um frescor mais do que bem-vindo ao dar vida a uma mistura doce de inocência, carisma e letalidade.
No que tange às cenas de ação, estas são majoritariamente inteligíveis. Isto é, a obra permite que os segmentos fluam sem a interferência de muitos cortes ou uma câmera trêmula, demonstrando eficiência especialmente nos trechos em que há apenas um combatente contra o outro. Dessa maneira, quando mais semblantes passam a integrar a contenda, a compreensão do que acontece diminui em função da utilização de vários ângulos e uma câmera que começa a se movimentar mais do que o ideal, contudo, nada que atrapalhe a experiência em sua plenitude. Sobretudo, os personagens são geograficamente bem situados e a coreografia dos atores apresenta equilíbrio e bastante treinamento. Convém salientar que tais blocos são responsáveis por sustentar o ritmo do enredo, embora o filme tenha quase 160 minutos e o terceiro ato seja inflado pelas questões envolvendo Safin, mesmo que não tenham resolução.
Em resumo, 007: Sem Tempo Para Morrer é a despedida insípida de Daniel Craig do papel.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 30 de setembro de 2021
Direção: Cary Joji Fukunaga
Elenco: Daniel Craig, Léa Seydoux, Rami Malek…
Gênero: Ação
Nacionalidade: EUA e Reino Unido

Sinopse (Filmow):
Depois de sair do serviço ativo da MI6, James Bond vive tranquilamente na Jamaica, mas como tudo dura pouco, a vida do espião 007 é agitada mais uma vez.

Avaliação:
IMDb: 7,4
Rotten: 83%
Metacritic: 68%
Filmow (média geral): 3,6
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,1/3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 3,5
Avaliação


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