1 de janeiro de 2022

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A Crônica Francesa

Pôster

Considerado um dos diretores mais singulares de Hollywood, Wes Anderson é uma das poucas mentes autenticamente criativas da indústria cinematográfica. Responsável por um estilo insólito que é reconhecido a quilômetros de distância por qualquer cinéfilo de carteirinha, o cineasta chega em 2021 com sua mais nova obra: A Crônica Francesa.
Em face do exposto, todos os traços que assinam as produções do diretor estão presentes em seu mais recente trabalho. O apreço por enquadramentos simetricamente perfeitos, centralização dos personagens, câmera imóvel, tracking shots, fotografia 4:3 e a utilização de cores extravagantes são só alguns dos elementos que marcam o filme. Somados à quebra da quarta parede, uso do voice over, estética de animação, divisão da tela com várias cenas concomitantes e o "congelamento" dos atores a fim de emular uma sequência estática mesmo que os intérpretes estejam visivelmente se movendo, tais características dão vida a um universo visualmente autoral. Essas particularidades criam uma estória aprazível de se acompanhar que estimula o público a querer saber o que o cineasta irá apresentar de inusitado a seguir.
No entanto, Wes esporadicamente é autoindulgente ao permitir que as suas divagações estéticas alcancem um patamar onde a inserção destas acontece simplesmente por capricho. O principal exemplo diz respeito a constante transição do preto e branco para o colorido, o que é feito de forma avulsa, repentina e despropositada, além do recurso perder o seu valor artístico quando passa a afetar outras esferas do longa - como a paleta de cores saturada - e se torna incômodo aos olhos do espectador. De similar modo, as intromissões efetuadas pelo discurso da personagem da Tilda Swinton são invasivas e quebram o clima imposto, assim como a introdução de minis estórias dentro dos blocos principais faz.
Outrossim, o fato de os contos narrados não possuírem o grau entusiástico nivelado compromete a experiência como um todo. Nesse sentido, devido à primeira estória ser a mais engajante, o restante da película não consegue superar ou sequer se equiparar ao que foi apresentado anteriormente, fazendo com que os assistentes jamais tenham as expectativas correspondidas pelo próprio filme que as semeou. Convém ressaltar que, apesar do elenco soberbo, o roteiro em momento algum fornece texto suficiente para que os atores se destaquem, sendo que a simpatia que o público possa vir a sentir por algum dos semblantes é fruto de uma afeição que este já possuía mesmo antes da produção ter início. Isso provém, sobretudo, do péssimo timing cômico e da falta de carisma dos personagens, considerando que os poucos rostos cativantes estão apenas na primeira estória.
No mais, A Crônica Francesa é uma obra com bastante estilo e até certo ponto gostosa de se assistir, entretanto a inconsistência rítmica e a autocondescendência de seu criador propiciam um resultado de caráter marcescível.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 16 de novembro de 2021
Direção: Wes Anderson
Elenco: Timothée Chalamet, Léa Seydoux, Bill Murray...
Gênero: Comédia
Nacionalidade: EUA e Alemanha

Sinopse (Filmow):
Na França pós-Segunda Guerra Mundial, um jornal americano dá vida a uma coleção de histórias publicadas na revista "The French Dispatch".

Avaliação:
IMDb: 7,2
Rotten: 75%
Metacritic: 74%
Filmow (média geral): 3,6
Adoro Cinema (usuários): 3,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
Avaliação


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