1 de janeiro de 2022

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Annette

Pôster

Nove anos após o lançamento de seu último trabalho audiovisual, Leos Carax retorna aos holofotes da indústria cinematográfica com Annette. Ao lado de Tick, Tick... Boom! e Amor, Sublime Amor, o filme é mais um dos musicais que vem se destacando no ano e chega com força para a temporada de premiações.
Em primeira análise, os minutos incipientes de Annette são marcados por um fabuloso plano-sequência que desde o princípio atesta a presença ativa de seu diretor sobre a produção. Em outras palavras, o respectivo trecho realiza um passeio pelas ruas em que os personagens caminham enquanto novos semblantes são incluídos organicamente à performance. A coreografia dos atores é fascinante, e a capacidade que o cineasta apresenta ao filmar tudo sob uma única tomada evidencia o quão caprichoso o cineasta busca ser. A assinatura de Leos Carax também pode ser encontrada em outros aspectos singulares que o longa utiliza, tais como o uso de ângulos distorcidos e a sobreposição de imagens com o intuito de evocar uma estética autoral.
Outrossim, um dos principais elementos do enredo é o flerte com o absurdo. Essa predileção do roteiro se manifesta por meio da fotografia que atribui ênfase à cor verde e, sobretudo, por meio da construção de cenas surreais. Ou seja, a película se apropria da exoticidade de seus segmentos para desconstruir os moldes de um musical clássico e narrar de forma criativa a jornada de decadência de um artista famoso. Nesse sentido, ainda que muitas sequências não sejam tão satisfatórias de se acompanhar, o público se mantém atento à tela com o objetivo de tentar desvendar o que está nas entrelinhas de cada cena. Todavia, a inconsistência dos números musicais e a extensa duração da obra engendram um terceiro ato arrastado onde se torna progressivamente difícil manter o espectador envolvido.
Como qualquer musical, Annette está repleto de canções. No entanto, diferente de outros filmes do gênero, o longa praticamente não possui diálogos, o que faz com que a existência deles, quando utilizados, realmente possua relevância dentro da trama. Convém salientar que Adam Driver e Marion Cotillard concebem apresentações individuais com muita energia nos palcos, porém a ausência de um sólido suporte por parte do script enseja uma gritante falta de sintonia entre os atores; o assistente jamais compra a ideia de que eles são um casal apaixonado, e essa característica é fundamental para que o primeiro ato funcione. Ademais, a melhor atuação do elenco fica a cargo da atriz mirim Devyn McDowell que, mesmo com poucos minutos de tela, encanta a todos com sua belíssima voz e desenvoltura.
Por fim, Annette é uma produção ímpar que embasbaca a todo instante o seu público. Entretanto, a narrativa inconstante e o deslize em pontos cruciais do entrecho fomentam uma experiência morna com pouca influência mnemônica.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 30 de dezembro de 2021
Direção: Leos Carax
Elenco: Adam Driver, Marion Cotillard, Simon Helberg...
Gênero: Comédia
Nacionalidade: França, EUA, México, Suiça, Bélgica, Alemanha e Japão

Sinopse (Filmow):
Um casal aparentemente perfeito — um provocante comediante de stand-up e uma cantora de ópera de renome internacional — vivem vidas glamurosas na contemporânea Los Angeles. No entanto, com o nascimento de sua filha Annette, seus misteriosos dons mudarão suas vidas para sempre.

Avaliação:
IMDb: 6,4
Rotten: 71%
Metacritic: 67%
Filmow (média geral): 3,5
Adoro Cinema (usuários): 2,8
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
Avaliação


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