9 de janeiro de 2022

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Drive My Car

Pôster

Vencedor do prêmio de Melhor Filme de 2021 pela National Society of Film Critics, Drive My Car é o novo trabalho audiovisual do cineasta Ryusuke Hamaguchi. Elogiado por onde tem passado, o longa é indubitavelmente um dos nomes mais comentados da temporada.
Primariamente, vale dizer que Drive My Car é uma produção singela. A direção exerce poucas interferências ao correr do enredo, o que permite que os atores tenham espaço para atuar e elementos adjacentes se sobressaiam. Posto isto, Ryusuke gosta de estabelecer a câmera e alternar entre um rosto e outro e deixar os personagens falarem. No entanto, enquanto a concepção dialógica é, por um lado, responsável por desenvolver a intimidade entre as figuras em tela, por outro é demasiado expositiva. Em outras palavras, há diversas conversas que são praticamente monólogos, onde as falas são claramente ensaiadas e não fluem com naturalidade, além de muitas coisas serem verbalizadas sem necessidade ou se alongarem mais que o devido.
Em contraparte, o roteiro demonstra maior sensibilidade concernente ao crescimento do laço que molda o relacionamento entre seus personagens. Esse elo é trabalhado de modo paulatino, sendo este um dos fatores preponderantes para a extensa duração da película, afinal, construir e progredir uma relação demanda tempo. O vínculo entre Yusuke e Misaki é o principal expoente nesse contexto, visto que a quantidade de palavras trocadas entre eles cresce gradual e organicamente a cada encontro; uma nova informação é fortuitamente assimilada ou uma saudação diferente é proferida, mas, independentemente do que ocorre, a aliança se torna genuinamente mais pujante.
O cenário utilizado para explorar a conexão entre os semblantes supracitados é um Saab 900. A importância do carro é imposta desde o princípio e possui o intuito de servir como palco narrativo para o desenrolar de segmentos cruciais do entrecho. Sobretudo, é uma escolha bastante inteligente que possibilita que o forte senso de rotina da urdidura seja apregoado, bem como um pressuposto convincente para que Yusuke e Misaki estejam sempre em contato. É, também, sobre aquelas quatro rodas que o espectador pode conhecer melhor os protagonistas, ao passo que estórias sobre dor e sofrimento vão sendo contadas e o filme se estabelece como ele é, ou seja, um conto sobre os traços deixados por aqueles que partiram.
Vale ressaltar que, a despeito dos já mencionados diálogos expositivos, o longa apresenta uma postura contemplativa. Várias sequências são constituídas em função de trivialidades sob as quais poucas coisas significantes são ditas, mas olhares são trocados e expressam sentimentos que nenhuma palavra poderia expressar. Essas cenas fazem com que o assistente se questione a todo instante a respeito das motivações que levaram ao comportamento visto em tela, o que é efetuado por meio de um inquietante silêncio onde os pormenores das performances ditam a atmosfera e a direção se permite simplesmente observar.
Enfim, Drive My Car não é tão sutil nos momentos em que deveria ser e esporadicamente se alonga mais que o necessário nas palavras proferidas, demonstrando, por outro lado, muito mais eficiência quando decide apostar em um tom sereno e intimista.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (mundial): 20 de agosto de 2021
Direção: Ryusuke Hamaguchi
Elenco: Hidetoshi Nishijima, Toko Miura, Masaki Okada…
Gênero: Drama
Nacionalidade: Japão

Sinopse (Filmow):
Yusuke é ator e diretor de palco. Ele é casado com Fukaku, que trabalha como dramaturga. Eles têm um casamento feliz, mas Fukaku desaparece de repente e deixa um segredo. Dois anos depois, Yusuke assume o cargo de diretor em um festival de teatro. Então ele vai para Hiroshima, dirigindo seu carro. Lá, ele conhece sua motorista exclusiva, Misaki, que não fala muito.

Avaliação:
IMDb: 7,9
Rotten: 98%
Metacritic: 90%
Filmow (média geral): 4,1
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
Avaliação


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